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terça-feira, 29 de abril de 2008

TUDO TEM O SEU TEMPO

Quando o homem atribuía um sexo a todas as coisas, não via nisso um jogo, mas acreditava ampliar o seu entendimento: só muito mais tarde descobriu, e nem mesmo inteiramente ainda hoje, a enormidade desse erro. De igual modo o homem atribuiu a tudo o que existe uma relação moral, jogando sobre os ombros do mundo o manto de uma significação ética. Um dia, tudo isso não terá nem mais nem menos valor do que possui hoje a crença no sexo masculino ou feminino do sol.

Friedrich Wilhelm Nietzsche


O tempo anda em círculos que se vão espalhando na eternidade, de tal forma o tempo é infindável que se mistura diretamente com o saber, e juntos transportam o homem para o irracional mundo de pensar que sabe alguma coisa, quando não sabe rigorosamente quase nada, do muito que poderia saber, caso não existisse a marcha do tempo. A marcha infindável do tempo misturada com os acontecimentos, descobertas, visões, palpações e outras múltiplas razões...
De tal forma o tempo nos confunde que até o sexo era visto de; um modo noutro tempo, pelos Gregos, por exemplo, como o chamado sexo, sem sexo, e hoje o sexo, já tem?? realmente definição de sexo, entre o masculino e o feminino. Mas uma pergunta fica no ar: será mesmo esta a definição correta para sexo? Então nós muitas vezes não dizemos: vamos fazer sexo! Como é possível fazer sexo, se ele já existe, e até o definem como masculino e feminino.
Será que existe o chamado sexo sem sexo?
Então será que um homossexual quando transa com outro homem faz: sexo masculino, e uma lésbica quando transa com outra mulher faz sexo feminino? E então quando um homem e uma mulher transam é só sexo, e se não existe transa, então é o tal sexo sem sexo? Alguém partindo então deste principio que parece aparentemente lógico, nos pode dizer o que definir em termos de sexo quando um homem transa com vários homens e mulheres ao mesmo tempo?
Porque vamos chamar a isso “Bacanal”?! Quando na verdade o que acontece é simplesmente a transa entre homens e mulheres, e a designação de “Bacanal” é a de uma festa em honra de Baco, deus da antiga Grécia que tinha como Sacerdotisa “Bacante”.
Por tudo isto, se pode entender que Sexo é muito mais do que simples transa, ou definição entre um determinado ser e outro ser.
Sexo pode ser; orgia, definição de varias e múltiplas outras coisas que podem ter as mais variadas leituras e interpretações.
Porque será que quando nos dias de hoje alguém profere a palavra SEXO, todo o mundo levanta imediatamente os olhos para observar de onde vem o som, dessa palavra tida como imoral, quando na verdade a palavra serve para tanta coisa e é tão natural como pé, mão, sol ou lua...
E você sabia que existem animais que não tem sexo?
E você sabia que existem animais que tem vários sexos?
Mas afinal o que é mesmo SEXO???


João Massapina

PRECONCEITO DOS SABIOS

Os sábios têm razão quando pensam que os homens de todas as épocas imaginavam saber o que era bom e mau. Mas é um preconceito dos sábios acreditarem que agora estamos mais bem informados a respeito do que em qualquer outra época.

Friedrich Wilhelm Nietzsche

Quanto mais se vai dando a evolução da humanidade, nos seus mais diversos ramos do saber, mais caminhos e atalhos são abertos, e dessa forma cada vez mais equações surgem para ser solucionadas. De tal forma que essa infinidade de possibilidades, cada vez nos torna mais ignorantes perante o saber.
Cada vez que pensamos que sabemos mais, acabamos por descobrir, que caminhamos no caminho inverso, aquele do desconhecimento da totalidade das razões e das soluções exatas.

João Massapina

RAZÃO ULTERIOR

Todas as coisas que duram muito tempo de tal modo se impregnam aos poucos da razão que a origem que tiram da desrazão se torna inverossímil. A história exata de uma origem não é quase sempre sentida como paradoxal e sacrílega? O bom historiador não está, no fundo, incessantemente em contradição com o seu meio?

Friedrich Wilhelm Nietzsche

Uma mentira de tantas vezes repetida, quantas e quantas vezes consegue aos olhos de quem a escuta, como que quase tornar-se uma realidade difícil de desmentir. Os boatos surgem precisamente deste principio de repetição continuada de um dado argumento descritivo, que por mais que se tente provar o contrario, acabara sempre por vingar aos olhos daqueles que nele entendem como fato real...
Mas será que a história, a nossa história real, não é construída de fatos reais? E o que mesmo afinal depois de tudo isto; um facto real? Será que só podemos acreditar naquilo que os nossos olhos vêem? Então para que serve realmente a historia se no fundo cada um acredita na sua versão de um mesmo acontecimento...

João Massapina

AURORA

Aurora significa o despertar de uma nova moralidade. É a emancipação da razão diante da moral. Uma vez que a moralidade não é outra coisa que a obediência aos costumes, de qualquer natureza que estes sejam, Aurora quer romper essa maneira tradicional de agir e de se avaliar. Portanto, á medida que o sentido da casualidade aumenta, diminui a extensão do domínio da moralidade. De fato, a compreensão das ligações efetivas da casualidade destrói considerável número de causalidades imaginarias que foram sendo julgadas no decurso dos tempos como; fundamentos da moral. O poder libertador da razão tem em si a capacidade de desmistificar significados sociais instituídos pela tradição; o individuo, em sua atividade racional, se descobre como criador de novos valores. O individuo é capaz, portanto, de romper o elo histórico que une tradição e moralidade, opondo-lhe o binômio razão e afirmação de si. O mundo da tradição é essencialmente aquele em que os valores da autoridade são indiscutíveis. Para reverter essa situação, para conferir à humanidade um renovado status de independência e liberdade, nada mais decisivo que a loucura. Com efeito, num mundo submisso à tradição, idéias novas e divergentes, apreciações e juízos de valor contrário só puderam surgir e se enraizar apresentando-se sob a figura da loucura. “Quase em toda a parte, é a loucura que aplaina o caminho da idéia nova, que condena a imposição de um costume, de uma superstição venerada”, como diz o próprio Nietzsche.
Dentro dessa perspectiva, Aurora se configura realmente como um novo dealbar, como novos albores na história da individualidade num contexto social. Um novo ser se desenha. Uma nova forma de pensar, de agir e de se comportar. Um novo ideal de si diante do outro, um novo ideal de cada um diante da sociedade. Um novo tempo. Uma nova vida. É tudo o que o homem quer. Ser e ser ele próprio. Assumir o passado enquanto possa representar uma riqueza para o presente e uma projeção para um futuro livre, independente e dessacralizado das imposições, preconceitos e superstições do passado calcado na moralidade dos costumes. Isso significa também desmistificar a história, libertá-la do seu romantismo, de suas ilusões, das suas crenças e da sua submissão aos idéias impostos pela fé cega e pela religião. Isso significa ainda entrar em outro campo da ética e da estética. Ter outra visão do mundo e das suas antigas “conquistas”, como que mergulhar em nova perspectiva do possível real, do racional, derrotando o irracional, o irrazoável, tudo o que foi imposto pela ditadura do pensamento ultrapassado, da ideologia preconceituosa, da religião imposta, nova perspectiva que deveria levar a repensar a finitude humana fora de todo o enfoque teológico e; por conseguinte, levar a libertar toda a moralidade daquilo que ela representa, ou seja, o ônus dos costumes, de uma tradição milenar, de uma religião sufocante.
Com essas principais referencias, em Aurora, Nietzsche discute a historia dos costumes e da moralidade, a história do pensamento e do conhecimento, além de ressaltar os preconceitos cristãos que vararam a história da humanidade. A seguir, se concentra ema analisar a natureza e a história dos sentimentos morais, dos preconceitos filosóficos e dos preconceitos da moral altruísta. Continua depois estabelecendo o contraponto entre cultura e culturas ou civilização e civilizações, para ressaltar a intervenção do estado, da política e dos povos na história. Finalmente, parece divertir-se ao apresentar coisas essencialmente humanas e corriqueiras e pintar o universo do pensador. Como a aurora anuncia um novo dia, Aurora, para Nietzsche, é também um novo despertar para uma verdadeira vida – do homem e da humanidade inteira.


‘Ciro Mioranza’

NIETZSCHE – MOMENTO 2008-04-29

Tal como Nietzsche, também eu fui filólogo, e talvez ainda o seja, em muitos, e muitos momentos da minha vida. Sou, assumo que sou; um especialista em leituras lentas, e que acabo por também escrever lentamente. Não escrevo nada que não me deixe ter tempo de escrever, para assim me poder manter afastado, analisador, tomar tempo, tornar-me silencioso, uma arte que requer um trabalho subtil e delicado e que não se pode realizar com total exatidão, paixão, orgasmo prazeroso se não for feita com a necessária lentidão.

João Massapina