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sábado, 29 de maio de 2010

Pipi e os gravadores‏

Professora mostra pipi e é suspensa.

Deputado furta gravadores e nada

Portugal hipócrita: o país em que mais vale furtar e ser apanhado em vídeo do que ser fotografada a mostrar o pipi numa revista.
A comparação não será a ideal, alguns dirão que é pura demagogia. E até pode ser, admito e dou de barato. Mas pelo menos é elucidativa do tratamento algo desfasado que as nossas autoridades dão a dois casos, um mais grave que mete electrónica e outro mais divertido que envolve nudez. Pipi e os gravadores poder-se-ia chamar este filme.

No mesmo país em que assistimos ao furto de dois gravadores por um deputado da Nação sem que o acto tenha consequências profissionais para o senhor vemos uma professora ser suspensa de imediato porque mostrou o pipi e as maminhas na revista Playboy.

O mais grave é que o furto parece ter sido efectuado no interior das instalações da AR e ao que consta a professora não terá realizado a sessão fotográfica na sala de aula ou no recreio com a pequenada toda a bater palmas enquanto jogava à macaca.

O deputado Ricardo diz ter praticado "acção directa" para defender a honra, já a professora Bruna perdeu a honra ao praticar a "acção directa" de despir a roupinha.

Temos por um lado uma professora que não pode continuar a lidar com crianças porque meia Mirandela e alguma malta de Valpaços a viu nua na revista Playboy e por outro um deputado que pode continuar sentado no quentinho da AR depois de todo o país o ter visto "abafar" dois gravadores da revista Sábado. É justo.

Com isto podemos deduzir que para vermos o deputado Ricardo Rodrigues ser suspenso de funções seria provavelmente necessário que este pousasse nu para uma revista feminina ou fizesse um strip-tease durante a comissão de inquérito PT/TVI. A mesma comissão onde vemos o Sr. deputado insistentemente apelar à moral e à legalidade.

Uma coisa é certa, se a "Stôra" Bruna fosse deputada tenho a certeza que não furtaria gravadores ou máquinas fotográficas a jornalistas, até porque provavelmente estaria nua e não teria bolsos para esconder o material. Já o Sr. Deputado, a menos que faça um Lap dance a Mota Amaral não vejo forma de ser admoestado.

Posto isto e fazendo o ponto final de situação: ser professora e cumulativamente mostrar o pipi numa revista: NÃO.

Ser deputado e furtar gravadores a jornalistas: SIM


Tiago Mesquita (www.expresso.pt)

terça-feira, 25 de maio de 2010

OS TRINTÕES

A juventude de hoje, na faixa que vai até aos 20 anos, está perdida.

E está perdida porque não conhece os grandes valores que orientaram os que hoje rondam os trinta.

O grande choque, entre outros nessa conversa, foi quando lhe falei no Tom Sawyer.

'Quem?', perguntou ele. Quem?! Ele não sabe quem é o Tom Sawyer! Meu Deus... Como é que ele consegue viver com ele mesmo?

A própria música: 'Tu que andas sempre descalço, Tom Sawyer, junto ao rio a passear, Tom Sawyer, mil amigos deixarás, aqui e além...' era para ele como o hino senegalês cantado em mandarim.

Claro que depois dessa surpresa, ocorreu-me que provavelmente ele não conhece outros ícones da juventude de outrora.

O D'Artacão, esse herói canídeo, que estava apaixonado por uma caniche; Sebastien et le Soleil, combatendo os terríveis Olmecs; Galáctica, que acalentava os sonhos dos jovens, com as suas naves triangulares; O Automan, com o seu Lamborghini que dava curvas a noventa graus; O mítico Homem da Atlântida, com o Patrick Duffy e as suas membranas no meio dos dedos; A Super Mulher, heroína que nos prendia à televisão só para a ver mudar de roupa (era às voltas,lembram-se?); O Barco do Amor, que apesar de agora reposto na Sic Radical, não é a mesma coisa. Naquela altura era actual...

E para acabar a lista, a mais clássica de todas as séries, e que marcou mais gente numa só geração: O Verão Azul.

Ora bem, quem não conhece o Verão Azul merece morrer. Quem não chorou com a morte do velho Shanquete, não merece o ar que respira. Quem, meu Deus, não sabe assobiar a música do genérico, não anda cá a fazer nada.

Depois há toda uma série de situações pelas quais estes jovens não passaram, o que os torna fracos:Ele nunca subiu a uma árvore!

E pior, nunca caiu de uma. É um mole.

Ele não viveu a sua infância a sonhar que um dia ia ser duplo de cinema.

Ele não se transformava num super-herói quando brincava com os amigos.

Ele não fazia guerras de cartuchos, com os canudos que roubávamos nas obras e que depois personalizávamos.

Aliás, para ele é inconcebível que se vá a uma obra.

Ele nunca roubou chocolates no Pingo-Doce. O Bate-pé para ele é marcar o ritmo de uma canção.

Confesso, senti-me velho...

Esta juventude de hoje está a crescer à frente de um computador.

Tudo bem, por mim estão na boa, mas é que se houver uma situação de perigo real, em que tenham de fugir de algum sítio ou de alguma catástrofe, eles vão ficar à toa, à procura do comando da Playstation e a gritar pela Lara Croft.

Óbvio, nunca caíram quando eram mais novos. Nunca fizeram feridas, nunca andaram a fazer corridas de bicicleta uns contra os outros.

Hoje, se um miúdo cai, está pelo menos dois dias no hospital, a levar pontos e fazer exames a possíveis infecções, e depois está dois meses em casa fazer tratamento a uma doença que lhe descobriram por ter caído.

Doenças com nomes tipo 'Moleculum infanticus', que não existiam antigamente.

No meu tempo, se um gajo dava um malho muitas vezes chamado de 'terno' nem via se havia sangue, e se houvesse, não era nada que um bocado de terra espalhada por cima não estancasse.

Eu hoje já nem vejo as mães virem à rua buscar os putos pelas orelhas, porque eles estavam a jogar à bola com os ténis novos.

Um gajo na altura aprendia a viver com o perigo.

Havia uma hipótese real de se entrar na droga, de se engravidar uma miúda com 14 anos, de apanharmos tétano num prego enferrujado, de se ser raptado quando se apanhava boleia para ir para a praia.

E sabíamos viver com isso. Não estamos cá? Não somos até a geração que possivelmente atinge objectivos maiores com menos idade?

E ainda nos chamavam geração 'rasca'... Nós éramos mais a geração 'à rasca', isso sim. Sempre à rasca de dinheiro,sempre à rasca para passar de ano, sempre à rasca para entrar na universidade, sempre à rasca para tirar a carta, para o pai emprestar o carro. Agora não falta nada aos putos.

Eu, para ter um mísero Spectrum 48K, tive que pedir à família toda para se juntar e para servir de presente de anos e Natal, tudo junto.

Hoje, ele é Playstation, PC, telemóvel, portátil, Gameboy, tudo.

Claro, pede-se a um chavalo de 14 anos para dar uma volta de bicicleta e ele pergunta onde é que se mete a moeda, ou quantos bytes de RAM tem aquela versão da bicicleta.

Com tanta protecção que se quis dar à juventude de hoje, só se conseguiu que 8 em cada dez putos sejam cromos.

Antes, só havia um cromo por turma. Era o totó de óculos, que levava porrada de todos, que não podia jogar à bola e que não tinha namoradas.

É certo que depois veio a ser líder de algum partido, ou gerente de alguma empresa de computadores, mas não curtiu nada.'

(Nota: ...os chocolates não eram gamados no 'Pingo Doce'... Ainda se chamava 'Pão de Açúcar'!!!)


"Nuno Markl"

Nota: A muito tempo que não lia algo tão bom relativamente ao tema. Reputo o texto de maravilhosamente escrito. Parabens ao Nuno!

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Recomendações ao Amigo Pinto de Sousa

Meu Caro Pinto de Sousa

Fica sempre bem receber uma cartinha de quando em vez na nossa vida, e pensando precisamente nisso, e na grande alegria que sei sentires, sempre que te escrevem e como já a muito não te escrevo, resolvi hoje mesmo o fazer, antes que decidas cair fora de São Bento, sem deixar endereço, o que torna inviável conseguir te remeter mais alguma missiva.
Tinha em mente te perguntar uma boa serie de coisas acerca da vida que tu levas, e da vida que nos fazes levar, e já agora da vida que nos vais obrigar a ter num futuro não muito distante, mas talvez o questionamento mereça mais desdobramentos face as mais tristes realidades do momento. A crença de que vivemos numa democracia plena, permanece tão enraizada na maioria do pensamento nacional, que nem se apercebem das profundas desigualdades e muito menos constatam a falta de democracia, e os graves problemas sociais que por tão evidentes, até conseguem demolir o melhor imaginário construído ao longo de anos e anos de lutas e sacrifícios.
Em 1931, um professor de economia da Universidade do Texas nos EUA resolveu fazer uma experiência muito parecida com a tua a nível educacional, ao não chumbar aluno algum, mas tal como tu acabou por chumbar uma classe inteira, pois jamais seria possível colocar a funcionar essa tua idéia peregrina de que o socialismo realmente funciona, e de que ninguém seria mais pobre, e também de que ninguém seria mais rico, e tudo deveria ser igualitário e dizes tu; “justo”!
Pois meu Caro Pinto de Sousa, tu o dizes, mas o mesmo tempo tu próprio não o fazes...
Buscar ‘justiça’ com ‘injustiça’, só pode acabar por gerar ainda mais reclamações, inimizades e alargar o senso de injustiça de toda uma nação, dividindo os portugueses em castas.
Criar um país artificial, baseado no menor esforço possível ao nível educacional, com os seus alicerces baseados na preguiça conduz diretamente a magoas sem tamanho, e sempre conduzira todo um povo ao fracasso.
Pois é meu Caro
Quando o esforço é grande a recompensa deve ser proporcionalmente grande, mas quando tu fazes questão de eliminar todas as possíveis recompensas e exiges ainda mais sacrifícios, retirando ainda mais dos outros, para governo próprio, ai é que a ‘burra torce o rabo’.
Sabes muito bem que é impossível levar um pobre a prosperidade através de legislação que pune os ricos, os remediados e todas as classes que trabalham, porque isso conduz a que por cada pessoa que recebe sem trabalhar uma outra deve trabalhar que nem um burro para não receber, e vai daí, em pouco tempo temos um País de ‘polidores de esquinas’, e de ‘arrebentadores de caixotes de robalinhos’.
Não podes teimar em dar a alguém aquilo que forçosamente tens que tirar a outros. E quando metade dos portugueses entende a idéia peregrina de que não necessita de trabalhar, pois a outra metade ira sustentar os seus melhores desígnios de vida, baseados em subsídios a preguiça. E quando essa outra metade que até então trabalhava, começa a entender a triste figura de pacóvio que andava a fazer e que não vale mais a pena continuar a trabalhar para alimentar a primeira metade, é então que chegamos a situação que temos hoje em Portugal, e que só tem um nome que lhe posso dar; é o principio do fim da própria pátria chamada Portugal.
Uma das normas mais básicas da economia, é que é impossível multiplicar lucros e riqueza, dividindo esses mesmos lucros, e essa mesma riqueza.
E aqui chegados meu Caro Pinto de Sousa, tenho que te dizer que a culpa não é tua, quero eu dizer; não é só tua, mas é muito por culpa tua, que Portugal enveredou por este caminho com destino ao abismo, ao penhasco que tem lá no seu fundo um ribeirinho manso para com as suas poluídas águas deixar os portugueses a boiar na ‘merda’ que tu mesmo tens andado a fazer sem interrupção desde que pela primeira vez, contrariado diga-se, foste morar em São Bento, pois o teu verdadeiro desígnio era continuar a assinar projetos de pocilgas e pardieiros lá nas brenhas da Serra da Estrela.
Li hoje uma trabalho realizado na Inglaterra, lá dos teus amigos reformistas, que dá conta que os homens mentem muito mais do que as mulheres. E não é que realmente esse trabalho tem toda a razão de se ter que levar muito a serio...
Tu mesmo és um dos maiores exemplos da veracidade do tal estudo, pois ainda não conseguiste parar de mentir, e tens uma tendência cada vez mais crescente para mentir até da própria mentira que já antes tinhas pregado cá ao pessoal.
Sei que existem crianças com um jeitinho grande para a ‘peta’ que é um caso serio, mas tu que até já és um homenzinho, que até já fuma a bordo dos vôos da TAP com autorização da mãezinha, devias ter um pouco mais de pudor quando mentes.
Ainda se fossem mentiras aceitáveis, poderíamos, mesmo não gostando, ter que aceitar que o fazias para evitar males maiores, mas o que acontece é que as tuas ‘petas’ estão a custar a todos nós, muito do capital que andamos a poupar anos e anos, e que essas mesmas mentiras vão custar o futuro de muitas gerações, que te vão recordar no futuro pelas piores razões.
Estas a Passar por Portugal como um autentico cometa destruidor, e catalisador de dividas. E olha que o Halley também passou, mas não deixou tamanha destruição e estropício a sua volta como tu estas a conseguir deixar e programar em termos de fecundação para um dia muito próximo surgir a aterrorizar as nobres gentes que um dia mandarm os mouros borda fora.
Olha bem para as taxas de inflação meu Caro.
Olha bem meu caro para o desemprego a galopar.
Olha bem para as taxas de exportação que desaparecem que nem banha de porco no azeite quente a fazer torresmos.
Olha para as muitas centenas de portugueses que voltaram a pegar na malinha de cartão, que nem Linda de Suza, e se fizeram a estrada, porque se esta a tornar impossível sobreviver, quanto mais viver, no raio do País que tu tens andado para ai a criar.
E meu Caro, o pior de tudo, é que tu continuas com esse teu sorriso de gay desavergonhado a tentar impingir a imagem de um Portugal de êxitos, de desenvolvimento que até vai ter que ter um TGV que vai partir de alhures para chegar a coisa nenhuma, e uma ponte que era de faixas quádruplas, passou a triplas, duplas e agora não vai ter ‘porra’ de ponte alguma para ligar a coisa nenhuma, quanto mais via rodoviária e ferroviária. O teu novo aeroporto é outro êxito da imaginação mais desenvolvida de um mentiroso compulsivo que tu realmente és.
Para além das tuas tiradas folclóricas, agora resolves te amancebar politicamente com o recém eleito líder da oposição, que entre abraços, apalpadelas na bunda, para cá e tapas e beijos para lá, lá te vai conduzindo que nem ‘boi manso’ para o matadouro, e ao mesmo tempo aproveita para que; leves atrás de ti toda a manada. Isso seria obviamente uma ótima opção, caso realmente ele te obrigasse a fazer as opções certas, só que ele próprio está também a cometer desde já os mesmo erros que tu, e até já iniciou também a cátedra da mentira, e da reunião da manada, só que de maneira mais refinada, que o leva a de cada vez que comete um lapso, ou manda uma ‘mentirola’ para o ar, se poste de joelhos no empedrado, mãos postas voltadas para Meca, suplicando o melhor entendimento daqueles que continuam a pagar para que o circo não desmonte a barraca prematuramente.
Meu Caro Sousa Pinto
Sousa Pinto... Sousa Pinto...!!!
Então tu que mentes tão descaradamente, não será que podia pelo menos uma vez na vida deixar de o fazer, e teres a coragem de falar verdade, ou tens medo que te caia o raio do nariz ou te cresçam as orelhas.
Por incrível que possa parecer, e apesar de todas as tuas mentiras, ainda tiveste a dias uma oportunidade rara e única de fazeres história na construção de uma hegemonia nacional, se tivesses tido a coragem de deixar de ser um fecundado em corno manso na teimosia, e tivesses fortalecido o estado, com nacionalização ou mesmo encerramento de empresas bancarias deficitárias, ao invés de andares a gastar o nosso dinheiro a tentar salvar esses bancos falidos, e ao mesmo tempo tivesses procedido a privatizações que pudessem trazer mais valias ao Estado, para além de cortares a fundo na despesa publica, e abaixares os impostos para que a economia pudesse voltar a respirar e a sair do sufoco em que a colocaste com as tuas idéias peregrinas.
Como nada disso fizeste, antes pelo contrário, ainda estas a enterrar mais a economia, vais deixar o trabalho mais sujo para os vindouros, e se anunciam momentos bem regressivos no ponto de vista social, com os portugueses a terem que comer o pão que o diabo um dia amassou, e que já está mais duro que pedra!
As tuas maiores preocupações se voltaram para a Comunicação Social, para a necessidade urgente de calar vozes incomodas e verdadeiras, e para colocares os teus amigos controleiros a vedar a saída das noticias que poderiam estragar a tua imagem de refinado pantomineiro.
Vais deixar um Portugal com níveis de desemprego e sub-emprego em escalada. Inflação galopante. Contestação de rua para vermos novamente as bandeiras negras da fome nas calçadas portuguesas, e como a economia já esta mais do que em coma, Portugal fica a beirinha do bojo do sanitário da maior recessão de que alguém possa ter memória, isto para não falar já na criminalidade que vai subir em flecha, pois se não existe trabalho, nem dinheiro para comprar o pão, ele de algum lado terá de vir.
Tu, meu caro Pinto de Sousa, seu mentiroso safado, ainda és bem capaz de vir dizer na praça publica que não tens culpa de nada, mas mesmo assim nem serás capaz de assumir que tens muitas culpas no cartório ao apoiar os maiores culpados conjuntamente contigo, e que são os que maiores ajudas receberam das tuas ‘ensebadas’ mãos de masturbador da causa publica. Esses mesmos a quem tu não te cansaste de fazer “felachios” de boca cheia, e que nunca pagaram impostos tal como todas as outras empresas e cidadãos tem penosamente andado a pagar. Sim mãos ensebadas de ajudas que deste sem olhar a despesas ou a buracos no OE.
E és precisamente tu, o mentiroso mais compulsivo de que temos memória em Portugal, só comparado ao Alves dos Reis, que nos vem atacar com mais pacotes de mentiras, e que se apóia nessa comandita para nos atacar com mais juros e ratings, logo agora que já nem temos as calças na mão e que só nos resta segurar os ‘tomates’ para que não nos caiam ao chão, ou tu aproveites para nos vir apalpar.
Quem será que teve sempre, antes, durante, e mesmo agora depois da crise iniciada, os maiores lucros possíveis e imaginários de centenas de milhares de milhões de euros de lucros... são precisamente aqueles que sempre pagaram menos 10% de IRC do que qualquer empresa, e que num momento em que tudo aumenta, e em que são reduzidos vencimentos, e cortadas algumas mordomias, continuam na mesma a ter um tratamento digno de princesas virgens, a quem importa colocar o cinto de castidade para não serem desfloradas por algum violador mais astuto.
Meu caro Pinto de Sousa
Pinto de Sousa... Pinto de Sousa...!!!
Não bastara todas as mentiras que nos contas desde a mais de 5 anos a esta parte, que agora ainda nos queres vir tu próprio impingir um novo contador de histórias aos quadradinhos.
Pois é meu Caro
Razão tem o estudo dos ingleses, que diz que tu pertences a estatística dos que % mais mentem.
Que pena não terem dado ouvidos a Ferreira Leite, que essa ao menos pode mentir alguma coisa, mas nem de perto nem de longe consegue ter a tua sem vergonhice e falta de caráter, e teria tido a coragem para governar que tu meu grande frouxo não tens.
O conselho de amigo que te deixo é que aproveites uma qual quer das tuas idas a ‘privada’ meu Caro, e salta a janela dos fundos, e te pira sem deixar rasto. Deixa ao menos um singelo bilhete, nem que seja no papel higiênico, dizendo que foste comprar tabaco e que já voltas...
Quem sabe, teimoso como um autentico “burro” como esta mais do que provado que és, e não aceitas este conselho de amigo, e terei ainda a rara oportunidade de te voltar a dedicar alguns dos meus preciosos tempos livres, para te dizer mais umas quantas cá da minha humilde lavra... e olha que não conclui curso algum ao domingo, e continuo até hoje a não ter capacidade para projetar pocilgas e pardieiros a que bem poderia chamar como tu de ‘vivendas a lá serrana’...
Saudações amigas meu Caro, e não te esqueças da minha recomendação, ou então olha; vai dando noticias...

Atentamente ao dispor,

João Massapina

domingo, 23 de maio de 2010

Obscuridade da informação

Vamos encarar os fatos: atualmente, uma parte da mídia (sensacionalista) está sendo sufocada pela conversa fiada. Tenta-se impressionar ou confundir os leitores com informações de caráter inconveniente, presunçoso, exagerado e enganoso. Lero-lero que se tornou a linguagem corrente para o sucesso no mundo dos negócios editoriais.
Pois muito bem. No último fim de semana, como rotineiramente faço todos os domingos, visito uma das bancas de revista da praia de Tambaú para recolher as publicações que previamente eu as encomendo. Ao passar a vista noutras obras impressas, prendi atenção (em especial) naquela que se destacava com a seguinte manchete de capa: “Por que os Beatles acabaram?”.
Como aficionado pela música e pela história da maior banda de todos os tempos, não tive outra escolha, comprei a referida revista, diga-se de passagem, de grande circulação nacional e internacional. A alegria pela compra era como de um garoto que tivesse acabado de receber uma montanha de presentes na manhã de Natal.
Olha, serei breve no comentário da leitura dessa matéria. Não tão breve quanto Salvador Dali, que fez o discurso mais curto do mundo. Ele disse: “Serei breve, portanto, já encerrei”. Exageros à parte, concluí que nada de novo foi revelado, exceto aquilo que todos já sabem: as maquinações de Yoko Ono, lendária paixão de Jonh Lenon; a maléfica malícia de Allen Klei, então empresário do grupo; e outras expressões bombásticas coloridas e cheias de histórias mirabolantes.
Disse de mim para mim: Caramba, fui ludibriado! Nem com aura meio intelectualóide consegue convencer o dialético verborrágico do jargão da manchete. Você, caro leitor, deve estar pensando: por que diabo esse periódico assumiu tamanho risco? Se é que, tal editor, isto não seja dramático, enganador, besteira, sem importância...
Ora, dispensável dizer, se você deseja se conectar com o público, precisa ganhar honestamente a atenção das pessoas. Não deixe futilidades, floreios e palavreados invadirem a descrição das notícias. Torne-os verdadeiros. Se não encontrar um jeito de manter sua atenção, outra pessoa ou outra coisa irá fazê-lo. Para divertir e encantar o público ninguém precisa ser Steve Spielberg. Basta ser sincero!
Seja pelas vias retas e tortas, nós não podemos nos metamorfosear em armadilha da obscuridade que caem os idiotas (como eu) fruto de almas distraídas, consumistas ou embriagadas pela busca da boa informação midiática.
Sob a luz do dogma moral, ai está, em essência: a embromação corrói a credibilidade, enquanto o relato franco rende dividendo.

LINCOLN CARTAXO DE LIRA

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Lei do Photoshop

A bem da verdade, ainda não é lei, mas já existe o Projeto tramitando em caráter conclusivo e não precisa ir a plenário para seguir para o Senado.
O pertinente Projeto de Lei propõe que se torne obrigatório o aviso da manipulação de imagens, através do processo photoshop. Vejam, pois, o alerta: “Atenção: imagem retocada para alterar a aparência física da pessoa retratada” (sic). A multa prevista é de R$ 50 mil.
Os exemplos abundam. É o caso da cantora Briteney Spear que veio a público divulgar uma foto bruta diferente daquela que havia sido publicada em que teve as coxas, manchas na pele, celulite, tatuagens e o quadril retocados.
Os resultados são impressionantes: bumbum empinado, abdome definido, pernas torneadas, seios esculpidos e outros fetiches mais. Como diz aquele colunista estonteado: “Uma loucuuuuura!”. E não adianta criticar as sortudas. E em tom pomposo e irônico, retrucam: “não é para quem quer, mas para quem pode”. E se persistir com a crítica, recorre àquela velha expressão folclórica: “vá queixar-se ao bispo!”.
O chato que essa prática não deixa de ser uma propaganda enganosa. A “photoshopada” (já virou verbo!) é, sim, enganação latente no processo de criação e veiculação de peças publicitárias. Típica zorra ideológica da modernidade do marketing visual.
Já para os profissionais que labutam no mundo publicitário: “É mais uma restrição exagerada que a publicidade vem sofrendo. Não é uma frase que vai mudar a manipulação das imagens. Qualquer obra é feita em cima da fantasias e da dramatização”. Como se vê: Tudo balela! Tudo conversa pra boi dormir.
Dias atrás, quando adentrei numa dessas lojas especializadas para revelar algumas fotos, presenciei um de seus empregados, diante do computador, segredando elogios (com voz de galã) no ouvido de uma jovem cliente: “Você é linda! Vou deixá-la ainda mais linda! Você vai ficar uma princesa!”. E ela toda sem jeito e envergonhada, leva mão ao rosto e responde: “Você tá falando sério?”. “Sim, tô”, diz ele. Mesmo sabendo que a figura não era lá uma “belezoca”.
Fiquei a monologar: Puxa vida! Com essa técnica de photoshop eu posso até me transformar num pop star hollywoodiano. Seus truques e seus efeitos especiais acabam sendo pródiga em vender “gato por lebre”, afirma o autor desse Projeto de Lei, o deputado Wlademir Costa (PMDB-PA), através do seu estilingue sarcástico.
Pois me parece, salvo melhor juízo didático, photoshop também é um mercado. Importante é que não seja prostituído.

LINCOLN CARTAXO DE LIRA

terça-feira, 11 de maio de 2010

Carta Aberta ao Senhor Manuel Alegre de Melo Duarte, Candidato a Presidente da Republica de Portugal, e dos Algarves, que não alarves

Carissimos (as) Leitores(as) e Seguidores(as) deste Espaço
Caros Amigos e Amigas

Desde já lhes peço as minhas mais encarecidas desculpas por extraordinariamente vir aqui a este blogue publicar fora do contexto temático, a Carta Aberta ao Candidato a Presidente da Republica de Portugal, Manuel Alegre de Melo Duarte, que se segue em anexo.
Mas como podem constatar perante a atitude da criatura em chamar de “COBARDES” os Portugueses que não comungam das suas idéias, e o desmascaram face ao seu passado, e colocado perante a minha postura pessoal em termos éticos e de moral, assim me obriga a divulgar a mesma Carta no maior numero de espaços possíveis, para que cumpra os seus determinados objetivos de desmascarar tamanha criatura.
Muito Obrigado pelo Vosso Entendimento, e quero que saibam que voltarei de novo as publicações temáticas, tão breve quanto a minha disponibilidade pessoal assim me permita.
Atentamente,
João Massapina

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Exmo Senhor
Manuel Alegre de Melo Duarte

Mais do que conhecida criatura portuguesa, designadamente por meio das designações como Manuel Alegre, Poeta, Radialista, Advogado, ex-Deputado, ex-Vice-Presidente da Assembléia da Republica, co-fundador do Partido Socialista, (novamente) Candidato a Presidente da Republica de Portugal, e tantas outras coisas mais, que não vem agora a importar muito para a lide em questão.

Apresentando desde já os meus respeitosos préstimos, que não cumprimentos a Vossa Senhoria, começo por desde já lhe dizer, meu Caro Senhor que jamais posso ser incluído no rol daqueles portugueses que descaradamente em jeito de arruaça propagandística eleitoreira desafia e apelida de ‘cobardes’ por se esconderem detrás do anonimato, porquanto eu sou um cidadão nascido em Lisboa no dia 17 de Janeiro de 1962, que tem documento de cidadania portuguesa com o numero de bilhete de identidade 6266610, emitido pelo arquivo de identificação de Lisboa, e fui registrado com o mesmo nome que até hoje ostento, e não o mudei nem mudei de sexo, aproveitando alguma das leis que Vossa Senhoria fez o grande favor de empenhadamente trabalhar na Assembléia da Republica, nas suas horas vagas em que por lá se passei, pago pelo dinheiro de todos nós que pagamos impostos, ou seja; quem lhe está a escrever esta missiva é nada mais nada menos que José João Massapina Antunes da Silva, um cidadão livre, como qualquer outro cidadão português, e com os seus deveres fiscais em dia.

Portanto; muito mal vai Vossa Senhoria no inicio da caminhada de uma candidatura presidencial, em que se apresenta mascarado de candidato supra partidário, embora o ar se sinta empestado com a sua conotação política, quando começa desde logo por atacar os portugueses que não confiam em si, e jamais gastariam um euro para o ajudar sequer a chegar a casa de transporte publico se lhe tivessem fanado a carteira nalguma reunião, ou esquina de boteco, ou nalgum descuido na pesca do robalo lá para as bandas do centro de Portugal, ou numa caçada aos ‘gambuzinos’ no Alentejo.

Cada um faz como melhor entende, mas ao caminhar esta estrada, não lhe vislumbro grandes êxitos no curto prazo da sua vida política, no entanto Vossa Senhoria melhor decidira, sem que no entanto não deixe de lhe deixar uma opinião, pela qual não paga nada, e que no meu modesto entendimento deveria começar por respeitar todos os portugueses por igual, tanto aqueles que em si confiam, como aqueles que de si só reservam muito más lembranças de um passado que deveria ser para esquecer, só que muitos daqueles que viveram esse passado jamais se vão libertar desses fatos tristes das suas vidas.

Fatos em que Vossa Senhoria, tem participação efetiva, e pelos piores motivos, que depois passarei a enumerar, e tal como já lhe referi, o vou fazer sem qualquer temor, pois ‘cobardolas’ deve ser Vossa Senhoria, que ataca sem ver a quem ataca, como se fora cego a disparar a esmo o seu desespero e angustia de ter atrás de si um passado que não pode renegar, e muito menos mudar, pois ele está indelevelmente escrito, vivido e guardado para toda a posteridade, quanto mais não seja nas memórias de muitos que infelizmente consigo conviveram.

Pauto a minha vida por olhar de frente para os homens, e nunca os medi aos palmos, por isso para mim, tanto valor tem um homem de 1,95 m, ou outro de 1,52, me dá igual a sua cor de pele, ou se os cabelos são loiros ou pretos ou se é careca, ou barbudo. Agora o que também faz parte da minha forma de ser, estar e viver, é: nunca, jamais deixar de responder a um desafio ou a uma ameaça, e desde já lhe posso dizer que NÃO TENHO MEDO DE NINGUÉM, E MUITO MENOS MEDO DE SI E DAS SUAS AMEAÇAS, pois um homem é um homem, e um bicho é um bicho, e estamos cá é para isto, para viver, e não para nos acobardar perante qualquer ‘pilantra’ que nos surja no caminho armado em pavão cheio de penas, mas com o rabo preso a um passado que tenta vir agora justificar...

E posto que me excedi, nesta minha explanação inicial, para que Vossa Senhoria não possa ter a mais insignificante duvida, que não o vou respeitar enquanto homem, porque entendo que Vossa Senhoria não merece qualquer respeito enquanto tal, e muito menos vou acatar a sua ameaça de que quem falar de si terá que se entender consigo, pois também desde já lhe digo que vou falar de si muito mais do que Vossa Senhoria desejaria, e que eu mesmo pensaria ter paciência de falar, atendendo a sua mais do que manifesta insignificância terrena.

Vamos lá então finalmente a ver, se o pessoal se entende cá com Vossa Senhoria, em todos os capítulos, para que fiquemos de uma vez por todas devidamente entendidos, pois se existe coisa que detesto na vida é mal entendidos. E quanto a heróis, como muito em sabe; os cemitérios estão pejados deles, e não o estou a ver como valendo grande coisa sequer para alimento das minhocas...

Eu, José João Massapina Antunes da Silva sou um dos que o tem atacado nos mais variados locais possíveis e imaginários, assinando sempre com o meu nome próprio, porque não utilizo em local algum pseudônimo para me esconder, porque nunca o fiz, nunca o faço e nunca o farei, uma vez que sempre assumi tudo aquilo que digo e escrevo, com total frontalidade.

Obviamente que o tenho atacado verbalmente mas de modo leal e o mais frontal possível porque considero que Vossa Senhoria não é digno de ser algum dia o mais Alto Magistrado da Nação chamada de Portugal, e muito mal andariam os portugueses se assim o designassem, e mais lhe digo que penso pela minha cabeça, não sou influenciado nem por A ou por B, e até me dou ao luxo de ser irmão de um membro da sua Comissão de Honra, ou Comissão de Candidatura, ou lá ou o que lhe queira chamar, e não seria por isso, e muito menos seria por causa disso, que lhe deixaria de zurzir uma valentes pauladas verbais, para o colocar no seu devido lugar, que não deveria ser sequer como Deputado da Nação, mas sim como mero cidadão, obrigado a cumprir os seus deveres e direitos como qualquer outro português digno desse nome.

Deve ser realmente por causa da sua falta de dignidade e caráter que Vossa Senhoria tem sido um dos mais privilegiados desta Nação desde a épica Revolução de 1974.

Vossa Senhoria diz, e muito bem, que em Agosto de 1961 foi incorporado no serviço militar obrigatório. E eu lhe pergunto desde já, o por que de tamanha admiração, e justificação da sua parte para esse facto, pois quem seria Vossa Senhoria para se assumir como exceção a regra da época. Todos os jovens da sua geração o tiveram que fazer, e ninguém que eu tenha conhecimento até ao dia de hoje, questiona esse fato inquestionável das suas vidas.

Seguiu a sua vida militar, e daí também ninguém o questionou se foi soldado raso, ou se chegou a cadete, depois Aspirante, Oficial Miliciano e por ai afora, e até quem sabe podia ter chegado a Major ou até mesmo a General que nem o seu amigo, ex-chefe de rede bombista, e depois de limpa a sua ficha pelo seu outro grande amigo Mario Nobre Soares, transformado em Comendador Otelo Saraiva de Carvalho, e a que só já lhe falta ser colocado no dia do juízo final, no Panteão Nacional ao lado da Amália e dos reis, ou até quem sabe nos Jeronimos ao lado de Camões, Pessoa, e Vasco da Gama.

Seguiu viagem para cumprir os seus deveres militares para Angola, como poderia ter seguido para a Guiné-Bissau, Moçambique, ou outra qualquer das colônias onde existia palco de guerra e militares portugueses destacados, ou esperava que o tivesse colocado a guardar lapas na guerra das Berlengas, ou da Ilha do rato em frente ao Lavradio-Barreiro.

Diz que o seu pelotão recebeu missões para realizar escoltas e tudo o mais o que seria normal num palco de guerra, porque obviamente Vossa Senhoria não estaria a espera de se deslocar para a Guerra Colonial para ir banhar-se nas águas quentes da costa, ou comer camarão de papo para o ar nas avenidas de Luanda ou mascar tabaco no Nambuangongo.

Refere que estive debaixo de fogo algumas vezes, (felizmente nunca se queimou, estorricou, ou lhe colocaram nada dentro dos bolsos para o fazer andar aos pulinhos no meio da picada) pois tudo isso foi muito bom para que dessa forma Vossa Senhoria pudesse tomar consciência das condições em que tantos jovens da sua geração foram colocados, por si próprio, quando mais tarde, segundo as palavras de muitos deles, que estão dispostos a testemunhar, era Vossa Senhoria que via radio como que dava as coordenadas de onde os “turras” poderiam encontrar os destacamentos, colunas e aquartelamentos, bem como as rotas das escoltas.

Vossa Senhoria; não sei, não posso afirmar, nem o estou a fazer de modo algum, mas enquanto investido de militar, ainda por cima não um mero soldado raso, poderia ter acontecido dar esses mesmos dados, agora o que a história não consegue apagar é que isso aconteceu por via direta ou indireta quando já não estava a cumprir o serviço militar, e desde Argel, com a conivência direta de adversários de Portugal e dos Portugueses.

Obviamente que Vossa Senhoria pode optar por uma autentica “peixeirada”, como aliás é seu timbre, em local próprio, com o digo eu, diz você, dizem eles, eles os seus Companheiros, e olhe que tem dezenas, centenas deles com muita vontade de o desmascarar na praça publica, e para isso basta falar com os muitos que nas diversas Associações de antigos militares, e de estropiados, lhe tem uma amizade tão grande que se você algum dia se descuidar a passar fora de uma passadeira para peões em zona movimentada, lhe pode acontecer bem pior que o simples braço partido a quando da campanha eleitoral para o 1º mandato do seu amigo Mário Nobre Soares.

Está a ver como eu tenho uma memória de elefante, e como você conhece tanta gente que até já se esqueceu de um jovem e imberbe jornalista, de gravador em punho, em plena FIL, a poder ver e conhecer as imagens de momentos importantes para a história de Portugal. Já agora uma a parte, sem maldade, só por mais profunda amizade a pessoa em questão, ainda mais que até fomos Companheiros de Partido, e chegamos até a juntamente com outros Companheiros da época, lutar contra muitos daqueles que agora o estão a levar ao colinho na tentativa de o colocar como Magestade em Belém. Será que a sua amiga arquiteta esta boa, não a tenho visto, tirando o empenhamento com que defende os contentores para a zona ribeirinha, mas nessa altura ela já andava muito ao pé de si, pois se a vir, lhe transmita os meus mais afetuosos cumprimentos, vindos de um ex-dirigente da JSD e do PSD do Barreiro.

Mas voltemos ao importante desta missiva, deixando as familiaridades para outras oportunidades. Assim; a quando Vossa Senhoria foi parar ao aquartelamento de Quixico, perto da fronteira com o Congo, e acabou por dar tanto nas vistas da PIDE-DGS, que a coisa esquentou de tal forma que até lhe arranjaram, ou foi você mesmo quem arranjou uma oportuna doença para o tirarem de lá. Quero eu dizer, no meu entendimento, para que você obviamente se pudesse pirar de lá...

Com aquilo que lhe acabei de dizer, não lhe estou de forma alguma a chamar ‘cobarde’ antes pelo contrário, pois seguindo a velha máxima portuguesa, e que outros povos também usam; quem tem cu tem medo...

Pena que na época não existiam atestados médicos para justificar, e hoje você até pode dizer que estava com paludismo ou outro qualquer mal tropical, sei lá até mesmo uma mordidela de macaco... mas o que deve ter sido mesmo, e existe ainda vivo na mente de quem se recorda, foi uma doença chamada de investigação da PIDE-DGS que o vitimou, e o jogou para a enfermidade.

Foi mesmo a PIDE-DGS e não o paludismo que o atacou, confesse lá só cá para nós, que ninguém nos esta a escutar...

Pois foi... em 1963 você foi passar férias pagas, por amável convite da PIDE-DGS, e ainda bem que você nem esqueceu o dia, e até acho que nesse dia todos os anos você deve comemorar, pois passou a categoria de mártir político, posto tão ambicionado pelos camaradas da época, que chegavam a andar quase a porrada para serem detidos e considerados da pesada na oposição.

Engraçado como você só passa uma noite preso, e de imediato é passado a disponibilidade. Para logo depois a PIDE-DGS o alojar graciosamente nas suas instalações por mais 6 meses, e olhe que isso você nunca esclareceu lá muito bem, nem sequer em poesia.

Esta sua epopéia de mártir político até faz lembrar as prisões e os exílios do seu grande amigo Mario Soares, em que o colocavam numa estância voltada para os coqueirais e para o mar, a passar férias, e lhe possibilitavam salvos condutos para rumar a Paris. Você optou por Argel, pois lá tinha uma radio, onde poderia continuar o trabalho iniciado em Angola.

Conte lá, cá para a gente que ninguém nos esta a escutar, foi isso não foi... só que você não pode contar tudo. Como eu o entendo Vossa Senhoria, que ao contar uma história tantas vezes repetida, muitos acabaram por acreditar nela, e o consideram quase um igual ao General herói francês em plena Casablanca

Você sabe muito bem que atentou contra Portugal nos idos anos de 1960, e contra aquilo que era a lei no momento, e que por tanto, ao estar a fazer isso colocou as vidas dos seus Camaradas em sérios riscos de vida. Não se pode agora vir fazer de santo, não pode vir escudar-se em maniqueísmos revolucionários para justificar o injustificável, ou vir dizer na praça publica batendo no peito umas trezentas e setenta vezes que nada fez, que não contribuiu para que muitos militares tivessem tido um destino bem diferente daquele que lhes poderia estar reservado.

Sabe Vossa Senhoria, o que eu realmente gostava era que se juntassem esses ex-jovens, e no local próprio fizessem um frente a frente consigo, para que de uma vez por todas Vossa Senhora não se queira fazer passar por aquilo que realmente não é.

Quanto ao resto...

Pois estaremos cá para que a história algum dia o possa julgar a si, e a mais uns quantos que se fazem passar por verdadeiros santinhos democráticos, quando não passam de hereges.

Fazer de democrata, aproveitando as circunstancias políticas, e as oportunidades é mesmo a imagem de marca de uma certa casta de políticos que foram paridos, para não dizer mesmo abortados, em 1974, e que tem conduzido tão bem Portugal para o abismo onde hoje se encontra.

Fico então a aguardar da parte de Vossa Senhoria que faça o que entender, pois pela minha parte não retiro uma virgula em tudo o que lhe escrevi, e em tudo o mais que lhe irei continuar a chamar, e a dizer de si.

Lhe desejo uma campanha eleitoral a medida dos seus desígnios, e da vontade que tenho de que ganhe estas eleições, ou seja nenhuma vontade, de querer, ou sequer gosto em o saber a candidatar-se perante os portugueses debaixo de uma mascara da maior das hipocrisias possíveis e imaginárias.

Faltou ainda dizer-lhe que vou publicar esta minha carta aberta, na grande maioria dos meus espaços na net, para que assim tenha as mais variadas oportunidades de a ler, e ao mesmo tempo de testar que me estou borrifando pura e simplesmente para as suas ameaças, e cá o estou a esperar para falarmos olhos nos olhos no local próprio se assim Vossa Senhoria na sua garbosa valentia de caçador, poeta e pescador o entender.

Atentamente, um cidadão português a quem comprovadamente Vossa Senhoria jamais pode chamar de cobarde, e que fica ao seu dispor para outros esclarecimentos que por bem entenda,

José João Massapina Antunes da Silva

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Neandertal tem genoma sequenciado

Agência FAPESP – Os neandertais (Homo neanderthalensis) desapareceram há mais de 30 mil anos, mas isso não impediu que tivessem seu genoma sequenciado. A novidade é o destaque da revista Science.
O sequenciamento, feito por um grupo internacional de cientistas a partir de DNA extraído de ossos com cerca de 40 mil anos, permitirá entender melhor a evolução humana.
Uma evidência importante resultante do trabalho já está no próprio artigo que descreve o sequenciamento: a de que os neandertais cruzaram com os primeiros representantes do homem moderno. O resultado do cruzamento é que pedaços do genoma do neandertal estão presentes nos genomas de grande parte da população mundial atual.
“Agora podemos dizer que houve troca de genes entre os neandertais e os humanos modernos”, disse o primeiro autor do artigo, Richard Green, professor de engenharia biomolecular da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, nos Estados Unidos.
Green começou a trabalhar no sequenciamento quando estava no Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária. O instituto é dirigido por Svante Pääbo, que também coordena o Projeto do Genoma Neandertal, que envolve um consórcio de instituições de pesquisa em diversos países na Europa e nos Estados Unidos.
“A sequência genômica do neandertal permite que comecemos a definir todas as características de nosso genoma que são diferentes de nosso parente evolutivo mais próximo”, disse Pääbo.
A comparação com os genomas do chimpanzé e do neandertal permitiu que os autores do estudo identificassem uma série de características genéticas únicas e exclusivas do homem moderno.
Genes envolvidos no desenvolvimento cognitivo, na estrutura do crânio, no metabolismo energético e na morfologia da pele estão entre aqueles destacados no estudo como tendo passado por importantes mudanças na evolução humana recente.
“Apenas arranhamos a superfície. O genoma do neandertal é uma mina de ouro de informações a respeito da evolução humana recente e será muito usado por muitos anos”, disse Green.
Os neandertais coexistiram com o homem moderno na Europa durante milhares de anos e evidências fósseis levaram alguns cientistas a especular que teria ocorrido o cruzamento entre as espécies. Mas o sequenciamento mostrou que há sinais de DNA de neandertal não apenas no genoma de europeus atuais, mas também em habitantes do leste da Ásia e até de Papua-Nova Guiné, onde os neandertais nunca viveram.
“O cenário não é o que a maioria imaginou. Encontramos o sinal genético dos neandertais em todos os genomas de não-africanos, o que implica que a mistura ocorreu muito cedo, provavelmente no Oriente Médio, e é compartilhada com todos os descendentes dos primeiros humanos que deixaram a África”, disse Green.
Mas os pesquisadores não encontraram evidência de algo geneticamente importante que o homem moderno tenha herdado do neandertal. “O sinal está distribuído esparsamente pelo genoma, como migalhas de pão que sinalizam algo que ocorreu no passado”, disse.
O esboço da sequência do genoma do neandertal agora divulgado é composto de mais de 3 bilhões de nucleotídeos. A sequência foi derivada do DNA extraído de ossos encontrados na caverna Vindiga, na Croácia, com idades entre 38 mil e 44 mil anos.
Sequenciar o genoma do neandertal foi um trabalho muito complexo, uma vez que os ossos não estavam bem preservados e mais de 95% do DNA extraído era de bactérias e de outros organismos que colonizaram as amostras.
Ao analisar o genoma, os pesquisadores estimam que as populações ancestrais do neandertal e do homem moderno tenham divergido entre 270 mil e 440 mil anos atrás. A estimativa é que os cruzamentos entre as espécies tenham ocorrido entre 50 mil e 80 mil anos atrás.
O artigo A Draft Sequence of the Neandertal Genome (10.1126/science.1188021), de Richard Green e outros, pode ser lido na Science em www.sciencemag.org.

Luzes de alerta

Por Fábio Reynol

Agência FAPESP – Milhares de minúsculos pontos de luz brilhavam sobre dezenas de cupinzeiros que cobriam a pastagem, aparentando ser uma cidade à noite, em um espetáculo luminoso em meio à escuridão da noite do Cerrado.
Tais luzes, comuns há alguns anos no Planalto Central, desapareceram quase que totalmente. Plantações de soja tomaram conta dos pastos e eliminaram os cupinzeiros, que ficaram restritos às áreas de preservação do Parque Nacional das Emas, onde são mais raros e estão encobertos pela vegetação. Mas o mais grave é que a fonte das luzes, larvas de espécies de vaga-lumes, tem desaparecido ao longo dos anos, e tamanho dano se estende até o norte de Tocantins.
A constatação é do professor Vadim Viviani, coordenador do grupo de Bioluminescência e Biofotônica da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) no campus de Sorocaba, que há mais de 20 anos visita a região do Parque Nacional das Emas, no sudoeste do Estado de Goiás, para estudar os pirilampos.
“Visitamos regularmente a região na década de 1990. Depois, nas recentes expedições de 2008 e 2009, para nossa surpresa não encontramos mais várias espécies de vaga-lumes. De maneira geral, todas as populações desses insetos diminuíram drasticamente na região”, disse à Agência FAPESP.
Há pouco mais de uma década, era possível apreciar os cupinzeiros luminescentes na região do entorno do parque. O fenômeno tem como causa uma relação de mutualismo entre espécies específicas de cupins e de vaga-lumes da espécie Pyrearinus termitilluminans. As luzes são emitidas pelas larvas dos vaga-lumes em túneis na superfície do cupinzeiro.
“É um espetáculo único no mundo, só visto no Planalto Central e em algumas regiões da Amazônia, e possui um grande potencial turístico”, aponta Viviani. O pesquisador cita exemplos de faunas bioluminescentes que movimentam a indústria do turismo em outras regiões, como a Nova Zelândia, que promove excursões a grutas forradas de larvas que emitem uma luz azulada, ou o Caribe, cujas algas luminosas atraem mergulhadores.
“Os cupinzeiros luminescentes do Brasil são mais conhecidos no exterior. As emissoras BBC, do Reino Unido, e NHK, do Japão, por exemplo, já fizeram especiais sobre o assunto. Por aqui, a Rede Globo chegou a fazer também”, disse Viviani.
Além dos montes luminosos, o avanço das plantações sobre as pastagens também vitimou espécies raras de vaga-lumes, como as da família Phengodidae, conhecida popularmente como “trenzinhos”, por emitir luzes de cores diferentes ao longo do corpo, similarmente a um trem visto à noite.
“O professor Etelvino José Henriques Bechara [do Instituto de Química da Universidade de São Paulo] participou ativamente do esforço de alertar as autoridades sobre o assunto na década de 1980 e 1990, quando ainda existiam cupinzeiros fora da área do parque”, disse.
“A Mastinomorphus, uma das espécies mais raras dessa família, emite uma luz laranja no corpo inteiro, como uma verdadeira lagarta de fogo”, disse o pesquisador da UFSCar. Nenhum exemplar dessa família foi detectado nos dois últimos anos por seu grupo.
Perdas maiores
Viviani, que também é coordenador do projeto “Coleópteros bioluminescentes da Mata Atlântica: biodiversidade e uso como bioindicadores de impacto ambiental”, ligado ao programa Biota-FAPESP, afirma que o desaparecimento dos vaga-lumes é sintoma de uma degradação ambiental muito mais ampla.
“Também pudemos perceber que nascentes de rios importantes localizadas no Planalto Central não estão dentro de áreas de proteção. Muitas foram desmatadas e pelo menos em uma vimos que o solo erodiu”, disse. As nascentes deveriam estar em áreas de proteção ambiental.
Segundo o pesquisador, a redução da biodiversidade também traz prejuízos financeiros ao país, que perde um patrimônio importante composto por substâncias presentes em espécies animais e vegetais que podem ser úteis em várias aplicações.
Os vaga-lumes são responsáveis por patentes registradas no Brasil e no Japão de produtos desenvolvidos pelo grupo de Viviani a partir do estudo com os insetos bioluminescentes.
Um dos mais interessantes é o da utilização da enzima luciferase, responsável pela luz dos pirilampos, como biossensor para a detecção de agentes microbicidas e toxicidade. Esse projeto contou com apoio da FAPESP por meio do Programa de Apoio à Propriedade Intelectual (PAPI).
A luciferase é capaz de detectar substâncias tóxicas e apresentar uma resposta visual na análise feita. “Se a luciferase se apaga é sinal da presença de uma toxina”, disse Viviani, que ressaltou que a patente resultante desse projeto gerou o depósito de outras duas.
A aplicação mais promissora da enzima luminosa é o acompanhamento do crescimento celular e a detecção de metástases. Por ela também é possível o estudo de expressão dos genes no interior celular. “É possível ver quais genes estão ligados e quais estão desligados em funções ocorridas dentro da célula. Já existem kits que fazem uso das luciferases para essa finalidade”, disse.
Um dos objetivos atuais da equipe de Viviani é aperfeiçoar a luciferase tornando-a mais utilizável para fins biotecnológicos. O professor da UFSCar explica que nos insetos as enzimas trabalham em temperaturas em torno de 20º C, enquanto que as células de mamíferos atuam na faixa dos 37º C. Por conta disso, a enzima deve ser estabilizada e ter cores modificadas a fim de responder adequadamente dentro do novo organismo.
A redução das populações de vaga-lumes é um obstáculo a essas pesquisas e um empecilho a novas descobertas. Viviani lembra ainda que esses insetos têm sofrido os efeitos da iluminação artificial que vem se espalhando pelo planeta desde o século 19.
“O ambiente noturno iluminado artificialmente causa impactos ecológicos sutis e os vaga-lumes são os primeiros a senti-los”, disse, citando a contribuição para o tema do livro Antes que os vaga-lumes desapareçam – A influência da iluminação artificial sobre o ambiente, de Alessandro Barghini, pesquisador do Instituto de Eletrotécnica e Energia e do Laboratório de Estudos Evolutivos do Instituto de Biociências (IB) da Universidade de São Paulo (USP), lançado recentemente.
As pesquisas realizadas no entorno de cidades também indicam a redução das populações de vaga-lumes. De cerca de 20 espécies encontradas há poucos anos nas áreas de Campinas e Sorocaba, hoje os pesquisadores da UFSCar só identificam duas.
Com o crescimento das cidades, sobraram aos vaga-lumes as áreas rurais, que também vêm sendo degradadas. “Há anos estamos dizendo que a ocupação desorganizada do campo está afetando dramaticamente a natureza.”
“Se nenhuma atitude séria for tomada, ninguém conseguirá aproveitar mais esses recursos naturais importantes”, alertou o pesquisador. Viviani estima que existam mais de 2 mil espécies de vaga-lumes no Brasil, das quais somente cerca de 500 estão catalogadas e talvez muitas já tenham desaparecido.
“O mais grave é que o desaparecimento dessas espécies representa um desastre ambiental silencioso. Poucos sabem da importância das moléculas de vaga-lumes em biomedicina e em biotecnologia nos dias de hoje”, afirmou o pesquisador.

sábado, 8 de maio de 2010

Família

Só pelo significado da palavra Família em inglês (eu não sabia e achei muito interessante), já valia a divulgação.

Mas como ainda existe a possibilidade de haver um milagre (de quebra), aí vai.

O que significa a palavra 'Família' ?

Você tem consciência que, se morrêssemos amanhã, a empresa onde trabalhamos nos substituiria rapidamente?

Mas a família que deixamos para trás, sentirá a nossa falta para o resto das suas vidas.

Pensando nisto, já que perdemos mais tempo com o trabalho do que com a família, parece um investimento muito pouco sensato, não acha?

Afinal, qual a moral da história?

Você sabe o que significa a palavra Família em inglês?

'FAMILY' =

(F) ATHER ( A) ND ( M )OTHER ( I ) ( L ) OVE ( Y ) OU
Pai e Mãe Eu Amo Vocês .

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Sua Santidade

Há uma imagem, um momento, um instante decisivo na vida de Joseph Ratzinger, o Papa Bento XVI, que me marcou e que nunca esqueci: é o instante em que ele, acabado de ser eleito Papa da cristandade, faz a tradicional aparição à janela do Vaticano e saúda os fiéis reunidos na praça à espera do fumo branco e perante as televisões do mundo inteiro.

Como toda a gente, eu conhecia um pouco do percurso do cardeal Ratzinger: sabia que era tido como um eminente teólogo e tinha sido a face exposta da facção ultraconservadora e dogmática da Igreja Católica, à frente da Congregação para a Doutrina e a Fé, a sucedânea moderna da Santa Inquisição.

Pelo meu olhar alheio, Ratzinger tinha feito o "trabalho sujo" de João Paulo II, chamando a si o ónus das posições igualmente conservadoras do Papa Woytila, condenando ao silêncio os padres da Teologia da Libertação e os que representavam a Igreja herdeira do Vaticano II e, inversamente, protegendo os dissidentes da ultradireita católica - até se chegar à inimaginável canonização do fundador do Opus Dei, o espanhol Escrivá de Balaguer.

O mundo via Woytila como um santo e Ratzinger como o seu indispensável Rasputine. Concedo que a visão fosse redutora e simplista e que as coisas, necessariamente, fossem menos evidentes ou menos simples do que isso. Mas essa era a imagem que passava e nunca pensei que a escolha do sucessor do papa polaco (que, em minha alheia e indiferente opinião, fez a Igreja recuar cinquenta anos) pudesse vir a ser o homem que representava uma facção extremada da Igreja.

Achei que, depois de Woytila - um produto dos tempos finais da Guerra Fria (e que alguns historiadores insinuam que foi levado ao poder por Reagan e pela CIA) - a Igreja Católica, dividida entre várias facções opostas e representando realidades diferentes, quereria alguém que fosse um conciliador, um unificador de divergências. Ou, então, alguém radicalmente diferente, mais novo, vindo de África ou da América Latina - onde a Igreja enfrenta os seus maiores desafios - e que fosse capaz de enfrentar questões novas e ter um discurso novo e mobilizador. Mas, não: a sábia escolha dos cardeais recaiu num alemão, representante do conservadorismo, da tradição e da intransigência. Que, uma vez ungido e sentado na cadeira de S. Pedro, passou logo, como é suposto, a emanar a bondade divina e a sabedoria etérea: esse é um dos tais "mistérios da fé", em que a doutrina católica é pródiga.

Então, Ratzinger - aliás, Bento XVI - assomou à janela do Vaticano e sorriu. E foi esse sorriso que eu não esquecerei nunca: era um sorriso de ambição cumprida, um sorriso de poder, não de humildade. Eu sei que às vezes nos enganamos a avaliar os outros pelas aparências, mas a vida ensinou-me que o primeiro olhar que temos de alguém é quase sempre revelador. Quase, mas nem sempre: há olhares que enganam - para pior, mas também para melhor. Sei é que desde então tenho lido várias entrevistas e depoimentos de quem conhece de perto o Papa e todos dizem que ele está longe da imagem de "pastor alemão" que ganhou a presidir à Congregação para a Doutrina e a Fé. Que, pelo contrário, é um pastor humilde, bondoso, compassivo - o mensageiro de Deus na terra. Ou, nas palavras do cardeal D. Saraiva Martins, "este é o Papa de que a Igreja precisava para o nosso tempo".

Talvez fosse, talvez não. Talvez tenha sido eleito pelos seus pares apenas para dar uma continuidade transitória ao pontificado do seu antecessor: progressista nas questões sociais, retrógrado em todas as outras. Isso lhe permitiria manter a posição mais dogmática da Igreja em relação a temas como o divórcio, o aborto, o celibato dos padres, a recusa do sacerdócio das mulheres.

Só que, entretanto, desabou um inferno em cima da cabeça de Bento XVI. Um gulag submerso durante décadas: a infame questão da pedofilia na Igreja. Vou repetir, porque, apesar das declarações do próprio Bento XVI, parece haver muita gente na Igreja que ainda se recusa a enfrentar a dimensão das coisas: a infame questão da pedofilia na Igreja.

A pedofilia é, para mim, o pior dos crimes. Não consigo imaginar outro mais abjecto, mais cobarde, mais intolerável. E imaginar que esse crime possa campear à vontade em instituições que têm por fim a guarda, a protecção e a educação de crianças, isso, então, é simplesmente repugnante. Se, ainda por cima, essas instituições tinham a chancela da Igreja, a garantia da excelência da sua tradição educativa e a absoluta confiança que ela inspirava, o crime torna-se até humanamente difícil de conceber. E o mais grave de tudo é ver altos responsáveis do clero a falarem quase como se isto fosse um mal imanente a toda a sociedade, e à Igreja não coubesse ser diferente. Como, por exemplo, o ex-bispo do Funchal, D. Teodoro Martins - o homem que protegeu e quis encobrir o pedófilo e assassino padre Frederico, chegando a compará-lo a Cristo - e que agora vem dizer que toda esta história "é um exagero, todas as classes têm defeitos deste género". Ou ler as inacreditáveis declarações do arcebispo de Beja, D. António Vitalino Dantas, dizendo que tudo faz parte de uma campanha de "lóbis anti-Igreja, com base em suspeições".

Suspeições? O relatório Ryan, publicado no ano passado na Irlanda e detalhando em 2600 páginas cinco décadas de abusos encobertos pela Igreja Católica irlandesa, foi classificado pelo cardeal Sean Brady (chefe da Igreja Irlandesa e ele próprio acusado de encobrimento) como "um catálogo vergonhoso de crueldade, abandono, abusos físicos, sexuais e emocionais" sobre milhares de crianças confiadas à guarda dos padres irlandeses. E o mesmo se revelou nos Estados Unidos, no Canadá, no México, na Itália, na Holanda, na Áustria ou na Alemanha (onde o próprio irmão do Papa, o cardeal Georg Ratzinger, também surge suspeito pelas autoridades alemãs de encobrimento de abusos sexuais). E vá lá saber-se onde mais, durante quanto tempo, envolvendo quantas dezenas de milhares de vítimas e quantos milhares de padres pedófilos (4000 apurados, só nos Estados Unidos). Suspeições? Não: factos - provados, documentados, confessados alguns. Terríveis, inomináveis, imperdoáveis. E, todavia, perdoados sistematicamente pelas autoridades da Igreja - e, designadamente, pela Congregação para a Doutrina e a Fé, ao tempo em que a ela presidia Bento XVI.

Não, não é lícito, todavia, generalizar a partir do que já se sabe. A Igreja Católica é muito mais e muito melhor do que as suas ovelhas negras. A questão principal nem sequer é a de aceitar a própria estimativa da Santa Sé, de que apenas 3% dos padres estiveram envolvidos em casos de pedofilia (o que eu já acho estarrecedor). A questão não é, ao contrário do que o inevitável João César das Neves acusa, a de generalizar a pedofilia a toda a instituição. É, sim, a de saber se não é legítimo, perante o que já se sabe, generalizar outra coisa: a política do encobrimento, seguida durante décadas e de acordo com instruções vindas do topo da hierarquia. Essa é a principal acusação que pende sobre a Igreja e relativamente à qual, à parte "a vergonha e o remorso", de que fala tardiamente Bento XVI, nada permite concluir que não foi o caminho escolhido. Pelo contrário: tudo o que já foi apurado (e contra a inércia da Santa Sé), aponta para uma atitude fria e ponderada de silenciar, ocultar, transferir padres expostos, pedir silêncio às vítimas ou negociar com elas e comprar-lhes o silêncio, exigir dos bispos locais o encobrimento e jamais denunciar os crimes perante a justiça comum. Em nome da "salvação da Santa Madre Igreja", como escreveu o então cardeal Joseph Ratzinger.

O Papa que agora vem a Portugal - onde será recebido com toda a honra e toda a hipocrisia de um poder político que adora encostar-se aos votos dos fiéis da Igreja - é, como se percebe friamente, alguém preso por um fio. Patsy McGarry, correspondente eclesiástico do "Irish Times", escreveu que "a Igreja, tal como a conhecemos, não volta mais. Está a afundar-se e a afundar-se rapidamente". Não estou tão certo disso: sempre são dois mil anos de resistência e de sabedoria. A questão está em saber se o preço a pagar pela sobrevivência não terá de ser a renúncia deste Papa. As coisas estão a chegar demasiadamente próximo dele: mais duas ou três revelações e ele desaba. Resta saber se lhe pouparão isso ou não. Aí entra a política - e banhos de multidão e de fé, como os que vai receber em Portugal, são uma dádiva dos céus.


Miguel Sousa Tavares

terça-feira, 4 de maio de 2010

Arqueólogo usa métodos de detecção de design

Existem centenas de pedras grandes na Costa Rica. Algumas chegam a ter quase 2 metros e meio de diâmetro e a pesar 16 toneladas. Não há registos escritos ou tradições tribais sobre elas.
John Hoopes, um antropólogo da Universidade de Kansas, tem vindo a estudar estas esferas há muito tempo. Segundo a PhysOrg, ele teve que rejeitar alguns mitos que circulavam em torno das pedras. Algumas pessoas diziam que elas estavam relacionadas com Stonehenge ou a Ilha da Páscoa, ou que elas vieram de extraterrestres.
No entanto ele julga que elas possuem algum valor especial para a humanidade, e como tal elas deveriam ser protegidas pela Nações Unidas.
Ele não sabe quando elas foram feitas nem quem as fez. Elas parecem estar associadas a cerâmica de tribos do período pré-Colombiano, mas ninguém sabe quem, quando, ou porquê elas foram feitas. Tribos a viver na área não possuem tradições orais acerca delas. O Professor Hoopes confessou que elas podem ter sido feitas muito antes dos artefactos à sua volta. Ele detectou marcas em algumas delas, e ele propõe que elas tenham sido pedras-martelo. Elas estão muito perto de serem esferas perfeitas, embora elas variem da perfeição na ordem dos 5 cm.