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domingo, 30 de janeiro de 2011

Elogio ao amor (Miguel Esteves Cardoso - Expresso)"...impressionante a Verdade das pequenas coisas!

"Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo.
O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.
O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.
O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.”

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Curta e sábia!

Uma noite, um velho índio falou ao seu neto sobre o combate que acontece dentro das pessoas.
Ele disse: - Há uma batalha entre dois lobos que vivem dentro de todos nós.
Um é Mau - É a raiva, inveja, ciúme, tristeza, desgosto, cobiça, arrogância, pena de si mesmo, culpa, ressentimento, inferioridade, orgulho falso, superioridade e ego.
O outro é Bom - É alegria, fraternidade, paz, esperança, serenidade,
humildade, bondade, benevolência, empatia, generosidade, verdade, compaixão e fé.
O neto pensou nessa luta e perguntou ao avô: - Qual lobo vence?
O velho índio respondeu:

- "Aquele que você alimenta!
Pense nisso...

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Empatia depende do contexto social e cultural...

A empatia - capacidade de entender os sentimentos de terceiros - desenvolve-se consoante o contexto cultural e social, sugere uma investigação realizada na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.

Michael W. Kraus
, autor principal deste estudo, quis testar as percepções emocionais de dois grupos de pessoas (com e sem cursos superiores) a  partir da observação de expressões faciais exibidas em figuras.

Os resultados indicaram que as pessoas com mais formação não conseguiram identificar com tanta eficácia os sentimentos como aqueles que tinham menos estudos. De acordo com os psicólogos, tal aconteceu porque os primeiros são capazes de resolver os seus problemas com maior facilidade, sem dependerem daqueles que os rodeiam. 

Depois deste teste, os voluntários foram instruídos para sentirem que eram de uma classe social mais baixa e, nestas circunstâncias, mostraram-se mais sensíveis na leitura de emoções.

Michael W. Kraus acredita que destes resultados se pode concluir que a empatia
"não é algo natural do indivíduo", sendo que  "o contexto cultural leva a essas diferenças" na leitura de emoções.

Segundo o psicólogo, este trabalho ajuda a mostrar que os estereótipos sobre as classes estão errados.
"Se uma pessoa é de classe baixa, não significa que vá ser menos inteligente do que uma pessoa de classe alta. Tudo depende do contexto social em que se vive e dos desafios específicos que se enfrenta”, sugeriu, acrescentando que “se os contextos puderem ser alterados, mesmo que temporariamente, as diferenças de comportamento entre as classes sociais podem ser eliminadas".

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Primeira impressão fica e é persistente, concluem psicólogos

O velho ditado afirma que "você nunca terá uma segunda chance para causar uma primeira impressão".
E uma nova pesquisa, envolvendo psicólogos do Canadá, da Bélgica e dos Estados Unidos, demonstrou que há uma verdade científica por trás desse dito popular.
As descobertas sugerem que novas experiências que contradizem uma primeira impressão tornam-se ligadas ao contexto em que ocorreram.
Desta forma, as novas experiências influenciam as reações das pessoas somente nesse contexto particular, ao passo que as primeiras impressões mantêm seu domínio sobre todos os demais contextos.
Primeira impressão no trabalho
"Imagine que você receba um novo colega de trabalho e a sua impressão inicial daquela pessoa não seja muito favorável," explica Bertram Gawronski, da Universidade de Western Ontario.
"Algumas semanas depois, você encontra o seu colega em uma festa e percebe que ele é na verdade um cara muito legal. Embora você saiba que sua primeira impressão estava errada, sua reação ao novo colega será influenciada pela sua nova experiência apenas em contextos que sejam semelhantes aos da festa. No entanto, a sua primeira impressão continuará a dominar em todos os outros contextos," afirma o pesquisador.
Segundo a equipe, o nosso cérebro armazena experiências que contestam nossas expectativas como exceções à regra, de tal forma que a regra é considerada válida, exceto para o contexto específico em que ela foi violada.
Naquele exemplo, a regra subconsciente criada em seu cérebro pela primeira impressão é que o seu novo colega não é grande coisa. Depois da festa, é como se seu cérebro atualizasse a informação da seguinte forma: "O sujeito não é grande coisa, exceto em festas."
Como mudar as primeiras impressões
Por outro, embora os resultados dos experimentos feitos com estudantes apóiem a noção comum de que as primeiras impressões são notoriamente persistentes, Gawronski observa que às vezes elas podem ser alteradas.
"O que é necessário é que a primeira impressão seja questionada em vários contextos diferentes. Nesse caso, as novas experiências ficarão descontextualizadas e a primeira impressão lentamente irá perdendo sua força.
"Mas, enquanto uma primeira impressão só é contestada dentro do mesmo contexto, você pode fazer o que quiser, a primeira impressão vai dominar independentemente de quantas vezes ela seja contrariada por novas experiências," afirma o pesquisador.
De acordo com Gawronski, a pesquisa tem implicações importantes para o tratamento de distúrbios clínicos.
"Se alguém com reações de fobia a aranhas for procurar a ajuda de um psicólogo, a terapia terá muito mais sucesso se ela ocorrer em vários contextos diferentes, e não apenas no consultório do psicólogo," conclui.

"Diario da Saude"

domingo, 16 de janeiro de 2011

A Impermanência e os Ciclos da Vida

Existem ciclos de sucesso, como quando as coisas acontecem e dão
certo, e os ciclos de fracasso, quando elas não vão bem e se desintegram. Você
tem de permitir que elas terminem, dando espaço para que coisas novas
aconteçam ou se transformem.
Se nos apegamos às situações oferecemos uma resistência nesse estágio,
significa que estamos nos recusando a acompanhar o fluxo da vida e que
vamos sofrer. É necessário que as coisas acabem, para que coisas novas
aconteçam. Um ciclo não pode existir sem o outro.
O ciclo descendente é absolutamente essencial para uma realização
espiritual. Você tem de ter falhado gravemente de algum modo, ou passado
por alguma perda profunda, ou por algum sofrimento, para ser conduzido à
dimensão espiritual. Ou talvez o seu sucesso tenha se tornado vazio e sem
sentido e se trasformado em fracasso.
O fracasso está sempre embutido no sucesso, assim como o sucesso está
sempre encoberto pelo fracasso. No mundo da forma, todas as pessoas
“fracassam” mais cedo ou mais tarde, e toda conquista acaba em derrota.
Todas as formas são impermanentes....
Um ciclo pode durar de algumas horas a alguns anos, e dentro
dele pode haver ciclos longos ou curtos. Muitas doenças são provocadas pela
luta contra os ciclos de baixa energia, que são fundamentais para uma
renovação. Enquanto estivermos identificados com a mente, não podemos
evitar a compulsão de fazer e a tendência para extrair o nosso valor pessoal de
fatores externos, tais como as conquistas que alcançamos.
Isso torna difícil ou impossível para nós aceitarmos os ciclos de baixa e
permitirmos que eles aconteçam. Assim, a inteligência do organismo pode
assumir o controle, como uma medida autoprotetora, e criar uma doença com
o objetivo de nos forçar a parar, de modo a permitir que uma necessária
renovação possa acontecer.
Enquanto a mente julgar uma circunstância “ boa”, seja um
relacionamento, uma propriedade, um papel social, um lugar ou o nosso corpo
físico, ela se apega e se identifica com ela. Isso faz você se sentir bem em
relação a si mesmo e pode se tornar parte de quem você é ou pensa que é.
Mas nada dura muito nessa dimensão, onde as traças e a ferrugem
devoram tudo. Tudo acaba ou se transforma: a mesma condição que era boa
no passado, de repente, se torna ruim. A mesma condição que fez você feliz
agora faz você infeliz. A prosperidade de hoje se torna o consumismo vazio
de amanhã. O casamento feliz e a lua-de-mel se transformam no divórcio
infeliz ou em uma convivência infeliz.
A mente não consegue aceitar quando uma situação à qual ela tenha se
apegado muda ou desaparece. Ela vai resistir à mudança. É quase como se um
membro estivesse sendo arrancado do seu corpo.
Isso significa que a felicidade e a infelicidade são, na verdade, uma
coisa só. Somente a ilusão do tempo as separa.
Não oferecer resistência à vida é estar em estado de graça, de
descanso e de luz. Nesse estado, nada depende de as coisas serem boas ou
ruins....
Observe as plantas e os animais, aprenda com eles a aceitar aquilo que
é e a se entregar ao Agora.
Deixe que eles lhe ensinem o que é Ser.
Deixe que eles lhe ensinem o que é integridade – estar em unidade, ser você
mesmo, ser verdadeiro.
Aprenda como viver e como morrer, e como não fazer do viver e do morrer um problema.


Autor desconhecido