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sexta-feira, 18 de março de 2011

Lágrimas de crocodilo não enganam a todos

Falso remorso
Pela primeira vez, um estudo científico dá pistas comportamentais para identificar um remorso verdadeiro de um "remorso fabricado".
Mas será que é fácil falsificar um remorso?
Pode não ser tão fácil assim se o seu público - aqueles que estão assistindo seu dramalhão - souber o que procurar. E as pistas estão logo atrás das suas falsas lágrimas.
É o que concluíram Leanne Brinke e seus colegas da Universidade Colúmbria Britânica, no Canadá.
Lágrimas de crocodilo
O estudo mostra que as pessoas que falsificam o remorso - choram lágrimas de crocodilo, segundo o ditado popular - apresentam uma gama maior de expressões emocionais.
O falsificador de emoções também oscila de uma emoção para outra muito rapidamente - um fenômeno conhecido como turbulência emocional - e também fala com mais hesitação.
Estes resultados têm implicações importantes para os juízes e membros dos conselhos de liberdade condicional, que procuram um remorso genuíno quando ditam suas sentenças e decidem liberar prisioneiros.
O logro, ou trapaça, é um aspecto comum da interação social humana, mas que pode ter implicações importantes se não for detectado - quando a credibilidade da emoção dos réus durante o seu depoimento fundamenta decisões sobre seu futuro, por exemplo.
Emoções universais
Os pesquisadores examinaram as linguagens facial, verbal e corporal associadas com emoções verdadeiras e com emoções falsamente demonstradas por um grupo de estudantes voluntários.
Eles analisaram as filmagens das declarações quadro a quadro para detectar as diferenças sutis em cada caso: ao todo foram analisadas mais de 300 mil imagens.
Os participantes que demonstraram remorsos falsos apresentaram as sete emoções universais (alegria, tristeza, medo, nojo, raiva, surpresa e desprezo) muito mais vezes do que aqueles que estavam falando a verdade.
Os autores agruparam as emoções apresentadas nas expressões faciais em três categorias: positiva (alegria), negativas (tristeza, medo, raiva, desprezo e nojo) e neutras (neutra, surpresa).
Detector de sinceridade
Eles descobriram que os participantes que estavam genuinamente arrependidos não costumavam oscilar diretamente de uma emoção positiva para uma emoção negativa - eles antes passavam por uma emoção neutra.
Por outro lado, aqueles que estavam enganando os pesquisadores fizeram transições diretas entre emoções positivas e negativas muito frequentemente, exibindo menos emoções neutras entre os dois outros tipos.
Além disso, durante o remorso falsificado, os alunos tiveram uma taxa significativamente maior de hesitações na fala do que durante o arrependimento verdadeiro.
Os autores concluem que as pessoas que estão tentando descobrir se alguém está chorando lágrimas sinceras ou lágrimas de crocodilo podem se basear na leitura dessas demonstrações faciais de emoção para fazer um juízo mais fiel da sinceridade do chorão.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Sexta extinção em massa


Estima-se que cerca de 4 bilhões de espécies tenham vivido na Terra. Desse total que evoluiu no planeta nos últimos 3,5 bilhões de anos, nada menos do que 99% deixaram de existir.
O número pode impressionar, mas não envolve nada anormal e demonstra como a extinção de espécies é algo comum e equilibrado pela própria especiação, o processo evolutivo pelo qual as espécies se formam. Eventualmente, esse balanço deixa de existir quando as taxas de extinção se elevam. Em alguns momentos, cinco para ser exato, as taxas são tão altas que o episódio se caracteriza como uma extinção em massa.
Após as extinções em massa nos períodos Ordoviciano, Devoniano, Permiano, Triássico e Cretáceo – quando os dinossauros, entre outros, foram extintos –, cientistas apontam que a Terra pode estar se aproximando de um novo episódio do tipo.
Em artigo publicado na edição da passada quinta-feira (3/3) da revista Nature, um grupo de cientistas de instituições dos Estados Unidos levanta a questão de uma eventual sexta extinção em massa. O artigo tem entre seus autores o brasileiro Tiago Quental, que durante a produção do estudo estava no Museu de Paleontologia da Universidade da Califórnia e desde fevereiro é professor doutor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo.
“Paleontólogos caracterizam como extinções em massa os episódios em que a Terra perde mais de três quartos de suas espécies em um intervalo geológico curto, como ocorreu apenas cinco vezes nos últimos 540 milhões de anos. Biólogos agora sugerem que uma sexta extinção em massa possa estar ocorrendo, por conta das perdas de espécies conhecidas nos últimos séculos e milênios”, disseram os autores.
O estudo analisou como as diferenças entre dados modernos e obtidos a partir de fósseis e a influência de novas informações paleontológicas influenciam o conhecimento a respeito da crise de extinção atual.
“Os resultados confirmam que as taxas de extinção atuais são mais elevadas do que se esperaria a partir [da análise] dos registros fósseis, destacando a importância de medidas efetivas de conservação”, afirmaram. Como exemplo, citam que, nos últimos 500 anos, das 5,5 mil espécies de mamíferos conhecidas pelo menos 80 deixaram de existir.
“Se olharmos para os animais em perigo crítico de extinção – aqueles em que o risco de extinção é de pelo menos 50% em três gerações ou menos – e assumirmos que seu tempo acabará e que eles sumirão em mil anos, por exemplo, isso nos coloca claramente fora do que poderíamos considerar como normal e nos alerta que estamos nos movendo para o domínio da extinção em massa”, disse Anthony Barnosky, curador do Museu de Paleontologia e professor da Universidade da Califórnia em Berkeley, principal autor do estudo.
“Se as espécies atualmente ameaçadas – aquelas classificadas oficialmente como em risco crítico, em risco ou vulneráveis – realmente se extinguirem, e se essa taxa de extinção continuar, a sexta extinção em massa poderá chegar tão cedo quanto de três a 22 séculos”, disse.
Entretanto, segundo os autores do estudo, não é tarde demais para salvar muitas das espécies em risco de modo a que o mundo não ultrapasse o ponto em retorno rumo à nova extinção em massa.
“Ainda temos muita biota da Terra para salvar. É muito importante que direcionemos recursos e legislação para a conservação de espécies se não quisermos nos tornar a espécie cuja atividade causou uma extinção em massa”, afirmou.
O artigo Has the Earth’s sixth mass extinction already arrived? (doi:10.1038/nature09678), de Anthony Barnosky e outros, pode ser lido na Nature em www.nature.com.

sábado, 12 de março de 2011

Gelo a partir de baixo

Imagine um bolo em que uma grossa camada de sorvete foi adicionada não em cima, na cobertura, mas na parte de baixo, após o bolo estar pronto e sem tirá-lo do lugar. Um cenário parecido foi descoberto por um grupo de cientistas em estudo com o gelo na Antártica.
Em artigo publicado nesta sexta-feira (4/3) na revista Science, Robin Bell, da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, e colegas descrevem que no fundo do manto de gelo no continente a água congelada é responsável por até metade da espessura do gelo.
A descoberta indica que a água que se desloca por vales de antigos rios, coberta por mais de 1 quilômetro de gelo, pode alterar a estrutura básica do manto. Mantos são estruturas de gelo que cobrem áreas de mais de 50 000 km². Além da Antártica, a Groenlândia tem um manto. Estruturas menores são chamadas de calotas.
Embora a água seja reconhecida há tempos como importante para a dinâmica de um manto de gelo – especialmente como lubrificante –, o novo estudo revela que a água basal pode modificar drasticamente essas estruturas.
Como se estima que as mudanças climáticas globais estejam afetando as estruturas geladas na Antártica, cientistas precisam entender como os mantos são formados de modo a poder avaliar com exatidão de que forma eles serão alterados.
O estudo é parte de um projeto conduzido por sete países com o objetivo de estudar uma das partes mais remotas na Antártica, conhecida como domo A.
Mantos de gelo crescem quando a neve que cai se acumula mais rapidamente do que desaparece, durante longos períodos de tempo, promovendo o engrossamento da estrutura e sua amplificação lateral. Mas, de acordo com o novo estudo, não é apenas assim.
Os cientistas verificaram que uma grande parte do gelo no domo A se acumulou pelo congelamento da água na parte de baixo do manto, em vez de por meio do acúmulo de neve na superfície. Ou seja, foi um crescimento de cima para baixo, diferentemente do que se acreditava.
Segundo a pesquisa, esse processo ocorre quando a água acumulada no fundo do manto é esfriada por convecção ou quando a água que passa por paredes de vales estreitos é superesfriada, alterando as estruturas térmicas e cristalizadas da coluna de gelo bem como a topografia da superfície do manto de gelo.
O artigo Widespread, Persistent Thickening of the East Antarctic Ice Sheet by Freezing from the BaseScience em (doi:10.1126/science.1200109), de Robin Bell e outros, pode ser lido na www.sciencemag.org.
Mais informações sobre o projeto de pesquisa: www.ldeo.columbia.edu/res/pi/gambit.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Kepler descobre planetas que partilham a mesma órbita

O telescópio Kepler descobriu um sistema planetário com características nunca antes observadas, visto que dois dos planetas parecem compartilhar a mesma órbita ao redor de uma estrela central, revela um artigo publicado na revista "Astrophysical Journal".

Caso esta descoberta seja confirmada, pode reforçar a teoria de que a Terra também já compartilhou a sua órbita com um corpo celeste das dimensões de Marte -Theia- , que mais tarde colidiu com o planeta e deu origem à Lua. 


Estes dois planetas, que fazem parte do sistema planetário  KOI-730, completam o seu movimento de translacção em 9,8 dias e mantêm constantemente a mesma distância orbital, sendo que o primeiro está 60 graus à frente do segundo. Os investigadores acreditam que durante a noite de cada um, o outro aparece no céu como uma luz constante cujo brilho não varia.

Embora ainda não esteja confirmado, os especialistas pensam que o fenómeno acontece graças à gravidade. Quando um corpo (como um planeta) orbita outro muito maior (como uma estrela), há dois pontos ao longo da sua órbita que permitem que um terceiro corpo acompanhe esse movimento de forma estável. Esses pontos são localizados 60 graus à frente ou atrás do corpo de menor tamanho, tal como acontece com os asteróides que permanecem nesses pontos da órbita de Júpiter.

"Sistemas como este não são comuns e este é o único que já identificamos"
, afirmou Jack Lissauer, investigador do Centro de Investigação de Mountain View, na Califórnia.

Quanto à possibilidade de os dois planetas do sistema KOI-730 colidirem e formem uma lua no futuro, os investigadores dizem que seria
"espectacular". Contudo, as simulações feitas sugerem  que ambos vão continuar a orbitar à mesma distância entre si por pelo menos mais 2,22 milhões de anos.