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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A vida, por Woody Allen

*A minha próxima vida*

Na minha próxima vida, quero viver de trás pra frente. Começar morto, para despachar logo o assunto. Depois, acordar num lar de idosos e ir-me sentindo melhor a cada dia que passa. Ser expulso porque estou demasiado saudável, ir receber a reforma e começar a trabalhar, recebendo logo um relógio de ouro no primeiro dia. Trabalhar 40 anos, cada vez mais desenvolto e saudável, até ser jovem o suficiente para entrar na faculdade, embebedar-me diariamente e ser bastante promíscuo. E depois, estar pronto para o secundário e para o primário, antes de me tornar criança e só brincar, sem responsabilidades. Aí torno-me um bébé inocente até nascer. Por fim, passo nove meses flutuando num "spa" de luxo, com aquecimento central, serviço de quarto a disposiçao e com um espaço maior por cada dia que passa, e depois - "Voila!" - desapareço num orgasmo.

Woody Allen

A mentira‏


Tenho um amigo que gosta de contar vantagem.  Um autêntico contador de lorotas de fazer inveja aos novelistas e romancistas de plantão. Tomado pelo delicioso anestésico da mentira, ele está sempre se preparando e ensinando para sacar mais uma; se lançando totalmente à cena do escopo da mentira de ocasião – espécie de pecado capital.
            O ato mórbido da mentira, a chamada mitomania, é mais comum do que se pensa. Pelo menos, a margem que separa a mentirinha de todo dia do mentiroso convicto parece estar cada vez mais estreito. Muitas vezes, o vício é justificado por nenhum motivo, ao menos aparente. É cada vez mais comum indivíduos que mentem pelo simples prazer de fantasiar.
            Na história e na literatura, há muitos famosos com distúrbio de mitomania. Quem não se lembra da dupla João Grilo e Chicó, de o Auto da Compadecida, e do Barão de Münchhausen que se vangloriava de ter atravessado uma linha de inimigos montado em uma bala de canhão.
            Pensando bem, nem toda mentira tem perna curta (como se assevera). Em alguns casos, pode prevalecer o provérbio chinês “Um homem inventa uma mentira e dezenas de outros a propaga como verdade, às vezes, durante século”. Ressalta-se, ainda, a sua prática no desenvolvimento da criatividade: “Qualquer um sabe dizer a verdade, mas é preciso inteligência para mentir”.
            Vejam, só. Raramente as pessoas admitem ser mentirosos. O indefectível Tim Maia foi uma exceção, quando afirmou, fanfarronando: “Não fumo, não bebo, não jogo, não cheiro; só minto um pouquinho”.
            Alguém declarou que “Deus não é contra a mentira se a causa é nobre”. Graças a isso, estão perdoados: Advogado – Esse processo é rápido; Ambulante – Qualquer coisa volte aqui que eu troco; Anfitrião – Já vai? Ainda é cedo!;  Aniversariante – Presente? Sua presença é mais importante; Bêbado – Sei perfeitamente o que estou dizendo; Delegado – Tomaremos providências; Desiludida – Não quero mais saber de homem; Devedor – Amanhã, sem falta!; Encanador – É muita pressão que vem da rua; Ladrão – Isso aqui foi o homem que me deu; Mecânico – É o carburador; Muambeiro – Tem garantia de fábrica; Namorada – Pra dizer a verdade, nem beijar eu sei...; Namorado – Você realmente é a única mulher que eu amei; Orador – Apenas duas palavras; Sapateiro – Depois alarga no pé; Vagabundo – Há três anos que procuro trabalho e não encontro.
            Afinal de contas, tudo isso somado e misturado, o que é a mentira? Como diria Mário Quintana: “É só uma verdade que esqueceu de acontecer”.

                                                                  LINCOLN CARTAXO DE LIRA
                                                                   (lincolnconsultoria@hotmail.com)

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O maior satélite de espionagem do mundo

O exército norte-americano lançou o maior satélite de espionagem do mundo, o NROL-32, segundo informou a United Launch Alliance (ULA), em comunicado. O NROL-32 foi lançado com sucesso no domingo a partir da base aérea do Cabo Canaveral, num foguete Delta IV, referiu a ULA, uma empresa privada que colabora com o Departamento da Defesa norte-americano.

Foram revelados poucos detalhes, por se tratar de uma operação secreta, mas sabe-se que o NROL-32 é um satélite geostacionário cuja missão é dar apoio à defesa nacional. O satélite transporta uma grande antena colectiva útil para a espionagem electrónica, o que o transforma no maior satélite posto em órbita.
Trata-se do quarto lançamento de um Delta IV Heavy, o foguete com maior capacidade de carga útil actualmente ao serviço. Num discurso pronunciado em Setembro passado, o director da agência nacional de reconhecimento (NRO, na sigla em inglês), Bruce Carlson, tinha adiantado que o Delta IV lançaria este outono “o maior satélite do mundo”.

A NRO é uma das 16 agências de segurança dos Estados Unidos e a sua principal missão é manter-se a par das últimas tecnologias espaciais para
“vigiar a partir de cima”.

De acordo com o site deste organismo, a sua função é desenhar, construir e operar os satélites de reconhecimento norte-americanos para facilitar à CIA e ao Departamento da Defesa serviços de inteligência via satélite.


“Esta missão vai ajudar a garantir que os recursos vitais da NRO continuem a reforçar a nossa defesa nacional”
, afirmou o general da brigada Ed Wilson, responsável pelo lançamento.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Povoado romano encontrado na periferia de Londres

Em 2008, uma equipa de arqueólogos do Museu de Londres que realizava sondagens no espaço a ser ocupado por um hotel de luxo (em Syon Park, oeste de Londres) descobriu vestígios romanos século I d.C. Depois de dois anos de escavações, as descobertas são agora apresentadas ao grande público. Os vestígios incluem uma estrada, um povoado, locais de enterro e numerosos objectos.

A arqueóloga Jo Lyon, do Museu de Londres, afirma que foi “uma sorte encontrar tanto material perto da superfície. Este diz muito sobre como as pessoas daquele local viviam, trabalhavam e morriam”. Esta aldeia agrícola na periferia de Londinium (que deu origem a Londres actual) fazia parte de um importante caminho que ligava Londres a Silchester. Teria servido para fornecer bens àquela cidade e dar abrigo aos viajantes.

A descoberta ajuda a construir um retrato da paisagem romana e mostra como a agitada metrópole comunicava com o resto da Roma britânica. No sítio foram recuperados milhares de artefactos, incluindo duas braceletes de xisto, centenas de moedas, uma faca, louça romana e uma bracelete de ouro, esta do Bronze Final, anterior à ocupação romana.

Foram encontrados também esqueletos humanos que poderão ser de habitantes da povoação. Os arqueólogos admitem que a colocação destes esqueletos em valas e de lado é particularmente curioso, pois muito pouco comum.


O Duque de Northumberland, cuja família tem o seu Palácio em Syon Park há mais de 400 anos, já se pronunciou sobre o achado:
“Syon Park tem uma história rica e notável. Os achados romanos são um complemento incrível para este legado e dão ênfase a este local como um marco importante na história britânica. Estamos satisfeitos que a construção do novo hotel tenha revelado esses importantes artefactos que, sem dúvida, podem gerar muito interesse nos hóspedes e nos visitantes do parque”.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Infância mais demorada

As crianças parecem crescer muito rapidamente e com velocidade que dá a impressão de aumentar a cada geração. Mas, de acordo com a antropologia evolutiva, a infância humana é longa, mais do que a dos outros primatas.
E é uma infância também mais demorada do que a dos antepassados do homem moderno, segundo um estudo que será publicado esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
A pesquisa, feita a partir da análise de dentes de fósseis e da comparação com dados atuais, indica que o neandertal atingia a maturidade mais cedo do que o homem moderno. Essa lentidão não é ruim, muito pelo contrário. Segundo o estudo, o amadurecimento mais longo pode ter sido uma vantagem evolutiva em comparação com as espécies humanas extintas.
O estudo, feito por cientistas dos Estados Unidos e da Europa, indica que o desenvolvimento lento e a infância longa são recentes e únicos para o gênero humano.
“Dentes registram o tempo notavelmente, capturando cada momento do desenvolvimento tal qual anéis de crescimento das árvores. Ainda mais impressionante é o fato de que nossos primeiros molares contêm uma minúscula certidão de nascimento, uma linha que permite calcular exatamente a idade de um jovem ao morrer”, disse Tanya Smith, da Universidade Harvard, primeira autora do estudo.
Em comparação com o homem, os outros primatas têm gestação mais curta, amadurecimento mais rápido, chegam mais cedo à idade reprodutiva e vivem menos, em média. Não se sabe quando tal diferenciação ocorreu nos cerca de 6,5 milhões de anos da escala evolucionária desde que o homem se separou dos demais primatas.
A pesquisa envolveu alguns dos mais célebres fósseis de crianças neandertais já descobertos, como o primeiro deles, encontrado em 1829 na Bélgica. Até então, estimava-se que o fóssil fosse de uma criança de 4 ou 5 anos, mas a análise por meio de raios X com radiação síncrotron revelou que o indivíduo tinha apenas 3 anos quando morreu.
Segundo os autores, embora contar linhas nos dentes não seja um novo método, fazer isso “virtualmente”, por meio de tomografia computadorizada e radiação síncrotron, é novidade em tal tipo de estudo.
O artigo Dental evidence for ontogenetic differences between modern humans and NeanderthalsPNAS em (doi/10.1073/pnas.1000948107), de Tanya M. Smith e outros, poderá ser lido em breve na www.pnas.org/cgi/doi/10.1073/pnas.1010906107.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Foi descoberto o gene da generosidade

Gosta de fazer bem a outras pessoas? Nesse caso, o gene da generosidade pode ser o responsável por essa vontade. Um grupo de investigadores da Universidade de Bonn (Alemanha), dirigido pelo catedrático de psicologia Martin Reuter, acredita ter descoberto o gene da generosidade, após ter feito um estudo com cem estudantes – os resultados foram publicados no «Journal Social Cognitive & Affective Neuroscience».

Segundo o investigador, a prova consistiu numa experiência de retenção de dados na qual tinham que aprender uma série de dígitos e depois repeti-los de memória. Posteriormente, cada um dos participantes recebia cinco euros e tinha a possibilidade de doar parte dessa quantidade para um fim caridoso. As doações eram anónimas – apenas o grupo de investigação sabia a quantia dada.
Para o teste de DNA, os cientistas centraram-se no gene chamado COMT, que contém as informações para a criação de uma enzima que desactiva determinadas substâncias no cérebro, entre elas a dopamina. Há já 15 anos que se sabe que existem duas variantes distintas do gene COMT: o COMT val e o COMT met, que estão distribuídos de forma bastante equitativa entre a população humana.

Nas pessoas com a primeira variante, a enzima trabalha de forma quatro vezes mais efectiva, de modo que a dopamina é tornada inactiva de forma muito mais rápida. O estudo da Universidade de Bonn demonstrou que isto tem efeitos no comportamento e as pessoas que participaram no teste e que tinham a variante COMT val doaram o dobro da quantidade daqueles que tinham a variante met.


Ficou provado que esta mini-mutação afecta o comportamento. É a primeira vez que uma investigação empírica mostra que existe de facto uma ligação entre um factor genético determinado e atitudes altruístas, apesar de estudos com gémeos já terem demonstrado que os genes influenciam no comportamento.


O grupo de Bonn concentrou sua análise no gene COMT por saber que a dopamina influencia no comportamento social dos seres humanos. Em conjunto, com outras substâncias, como a vasopressina, tem influência, por exemplo, no comportamento sexual e a disposição para criar vínculos. Além disso, dopamina está positivamente associada às emoções e mesmo a motivação tem uma ligação directa com este neurotransmissor.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Estudo demonstra que o Gafanhoto é o «machão» entre todos os machos

A criatura que tem os maiores testículos em relação ao seu tamanho é um insecto, uma espécie comum do gafanhoto, revela um estudo hoje publicado no jornal da Royal Society.
O Platycleis affinis tem uns testículos que representam quase 14 por cento da sua massa corporal. Comparativamente, para um homem adulto, isto significaria pelo menos 10 quilos.
«Não queríamos acreditar no tamanho dos seus órgãos. Davam a impressão de ocupar todo o abdómen», disse Karim Vahed, especialista em ecologia comportamental da Universidade de Derby.
O Platycleis affinis ultrapassa, de longe, as outras 20 espécies de gafanhotos estudadas pelos investigadores britânicos.
Outra conclusão curiosa é que as dimensões fora do normal não permitem ao insecto produzir mais esperma quando fecunda uma fêmea, ao contrário do que geralmente se assume na evolução das espécies.
De facto, os testículos tendem a ser mais volumosos entre as espécies cujas fêmeas têm mais parceiros, o que permite ao macho que produz mais esperma ter uma vantagem em relação aos seus rivais, uma vez que têm mais possibilidades de fecundar a fêmea e reproduzir-se.


In: Lusa

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Acidente nas minas de Aljustrel‏

UM GRUPO DE 33 MINEIROS PORTUGUESES FICOU ENTERRADO, A 700 METROS DE PROFUNDIDADE, EM PLENA MINA DE ALJUSTREL.

1) Cria-se uma comissão para iniciar as tarefas de resgate, integrada por 20 membros do PS e 19 da oposição. Cada membro contará por sua vez com 5 assessores, dois secretários e um motorista. As tarefas demoram porque não se consegue quórum para reunir e logo não há acordo para designar o Presidente e os vogais da Comissão.

2) O Primeiro-Ministro inteira-se desde logo da situação, e fala ao País, na RTP, afirmando que o acidente foi provocado pela crise internacional e pelo nervosismo dos mercados. Ao mesmo tempo, pergunta se não teriam encontrado no fundo da mina o seu certificado de habilitações como Engº Civil, já que ninguém o conseguiu ver até hoje...

3) Uma Informação prestada pelo Ministro Jorge Lacão assegura que a profundidade não é tanta, trata-se da imaginação da oposição para criticar o governo, uma vez que pelos cálculos governamentais são no máximo 200m.

4) Não há fundos para as tarefas de resgate pelo que será criada uma taxa específica para esta operação. Suspeita-se que a taxa seja cobrada nos próximos quinze anos.


5) Para além desta taxa, solicita-se um fundo patriótico para o restante, proveniente do Fundo de Pensões das Companhias de Seguros. Para a boa gestão dos  fundos e como o túnel é uma Obra Pública é nomeado Mário Lino.

6) OS EUA emprestam a grua de resgate, que desembarca em Vigo, devido às suas dimensões, mas esta não chega a entrar em Portugal porque, na fronteira, a SCUT está com barreiras de utentes em protesto pelo pagamento de portagens.

7) Uma vez libertada a grua pelo Corpo de Intervenção da PSP, a alfândega dá logo ao fim de 120 dias a autorização para a importação da grua mediante o pagamento prévio de umas caixas de robalo ao Dr. Armando Vara, nomeado pelo Governo como Presidente da Fundação para o Auxílio aos Mineiros.

8) A grua não pode chegar à mina porque o condutor pertence ao sindicato dos operadores portuários e a grua tendo 4 rodas deve ser conduzida por um motorista de pesados e sob a supervisão dos inspectores do Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres (IMTT). No entanto, como este Instituto está em reestruturação, não pode nomear os inspectores pois ainda não fazem parte do seu quadro.

9) Entretanto, o Prós e Contras da RTP dá instruções para trazerem um mineiro para o programa, mas a TVI oferece mais para o ter na Casa dos Segredos. Em consequência, gera-se um grande problema entre a Prisa, o Governo e a PT.

10) Finalmente consegue-se fazer chegar uma mini câmara de TV ao fundo da mina mas não se conseguem ver os mineiros. A Câmara só transmite Manuel Luís Goucha e Futebol.

11) A grua consegue chegar ao fim de mais dois meses à mina porque a IMTT teve de solicitar vários pareceres externos para definir o procedimento de atribuição da matrícula para a grua poder circular. A GNR-BT tinha-a apreendido por circular sem a documentação necessária, mas entretanto o Governo interpôs uma providência cautelar para libertar a grua em tempo útil.

12) Jerónimo de Sousa anuncia que os mineiros pertencem ao PCP e por isso o governo está a protelar o seu salvamento para não participarem nas eleições para a Presidência da República.

13) O Bloco de Esquerda repudia a grua por ser de fabrico americano, não se podendo tolerar a sua utilização enquanto continuar o massacre americano em Bagdad e Kabul.

14) Finalmente chega a Grua e começa a fazer descer a cápsula mas o cabo parte-se. O DIAP investiga irregularidades na compra do material mas não consegue ouvir os responsáveis. O Tribunal de Contas descobre que se comprou o cabo de pior qualidade mas que se pagou o preço dum modelo revestido a ouro. O dossier chega ao PGR que ordena o urgente arquivamento de todo o processo. O Conselho de Magistratura pede a revisão do arquivamento para o Supremo Tribunal solicitando a destituição do Ministro da Justiça.

15) Chega uma ordem para que se detenha o resgate até que cheguem ao local os gorros e casacos que os mineiros terão de vestir antes de chegar à superfície. Tem escrito a legenda: "Viva José Sócrates!".

16) Finalmente ao fim de dois anos e meio resgata-se o primeiro mineiro.


Surpresa mundial: era o único que ia trabalhar, os restantes 32 eram beneficiários do RSI e tinham ido à mina para justificar o seu recebimento.

17) O mineiro resgatado lê o jornal com as notícias sobre o OE e no final pede que o devolvam aos 700 metros de profundidade.

Afirma que a vida lá em baixo é bastante mais tranquila.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

SUBIR O IVA OU AJUDAR A ASCENDI?

Sabia que mais de metade das receitas projectadas com a subida do IVA vão "direitinhas" para os cofres de uma empresa privada? Sabia que as transferências dos dinheiros do Estado para esta empresa equivalem a mais de metade das poupanças arrecadadas com o corte de salários dos funcionários públicos? 
Pois é, é verdade. Pelo menos, é isso o que nos informa o Relatório do Orçamento de Estado para 2011. Como todos sabemos, o projecto de Orçamento de Estado do governo dá azo ao maior aumento da carga fiscal das últimas décadas. Sobe-se o IVA, o IRS, as contribuições sociais, bem como toda uma série de taxas que farão diminuir o rendimento disponível das famílias e aumentar os custos das empresas e dos consumidores. Cortaram-se ainda salários, prestações sociais, despesas com a Saúde e os gastos com a Educação. Tudo em prol do "interesse nacional". Porém, sabia que o mesmo governo que está a querer aumentar o IVA vai igualmente transferir 587,2 milhões de euros para a ASCENDI, com a desculpa de levar a cabo a "reposição da estabilidade financeira" da empresa? E que esse "reforço" equivale a um aumento de 289,6% das verbas pagas à ASCENDI em relação a 2010? (p. 212 do Relatório do OE 2011)

Quem é a ASCENDI? É uma das empresas/grupos económicos que tem ajudado o governo na sua cruzada de "modernização" do país através da construção de mais de 850 quilómetros de auto-estradas em diversos pontos do país. E quem são os principais accionistas da ASCENDI? Depende da concessão em causa, mas  são maioritariamente a Mota-Engil (entre 35% e 45% do total), a ES Concessões (detida pela Mota-Engil) e a OPway, entre outros.
Na sua mensagem de missão sobre a parceria da empresa com o nosso Estado, a ASCENDI revela bem o que lhe vai na alma: "Vemos o Estado Português como uma entidade que se confunde com o país, com o bem-estar e com o bem comum." 
Pois é. E é esta "entidade que se confunde com o país" que prefere subir o IVA, taxar os contribuintes e cortar nas despesas da Educação e das prestações para reforçar a estabilidade financeira de uma empresa privada. 
No entanto, se o Estado não estivesse interessado no "equilíbrio financeiro" da ASCENDI ou se, pelo menos, tivesse tentado renegociar contratos e prazos com esta empresa, talvez tivesse sido possível evitar parte do corte salarial dos funcionários públicos ou, pelo menos, evitar a subida do IVA em um ponto percentual.
Mas não. Afinal, por que é que haveríamos de nos preocupar com a descida do rendimento disponível dos portugueses ou com os efeitos recessivos que a subida do IVA provocará se o que está em causa é o "reforço da estabilidade financeira" da ASCENDI?
Publicada por Alvaro Santos Pereira

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Humanos fazem farinha e pão há 30 mil anos

Homens do Paleolítico
Humanos há cerca de 30 mil anos não comiam apenas carne e tinham uma dieta mais diversificada do que se estimava.
Um novo estudo descobriu um importante consumo de vegetais em indivíduos no Paleolítico europeu.
O trabalho foi publicado no site e na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
O Paleolítico é uma era pré-histórica que se estende da introdução de ferramentas de pedras por hominídeos como Homo habilis, há cerca de 2,5 milhões de anos, até o início da agricultura, há aproximadamente 12 mil anos.
Farinha pré-histórica
Até agora achava-se que a subsistência no Paleolítico europeu tivesse sido baseada em proteína e gordura animal, com raras evidências de consumo de plantas.
Mas em estudo feito a partir de sítios arqueológicos na Itália, Rússia e República Tcheca, um grupo de cientistas desses países descobriu grãos de amido em pedras de cerca de 30 mil anos.
Os padrões de desgaste nas amostras e a presença de amido, verificada a partir de análise com microscopia óptica e eletrônica, permitiram concluir que as pedras foram utilizadas para amassar raízes e grãos, de modo similar ao empregado em um pilão para fazer farinha.
Carboidrato e energia
Segundo o estudo, realizado pela equipe de Anna Revedin, do Istituto Italiano di Preistoria e Protostoria, na Itália os resíduos de vegetais nas pedras parecem ser principalmente de plantas ricas em carboidrato e energia.
A descoberta, de acordo com os autores, indica que o processamento de alimentos e a produção de farinhas eram comuns na Europa no período.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Carapaça de insectos e marisco como fonte de energia alternativa

Depois da biomassa, do etanol edo metano, uma nova enzima pode levar agora a biocombustível mais barato. No armazenamento de resíduos, até restos de cascas de camarão podem servir como matérias-primas para biocombustíveis mais baratos – graças a uma nova enzima que manipula biomassa mais rapidamente. Poderá mesmo reduzir a prática actual de usar plantas importantes para o consumo na produção de combustível. Uma equipa de investigadores noruegueses tem o crédito por estes promissores resultados recentemente publicados na «Science».
O etanol e o metano são fontes de energia alternativas que podem ser produzidas através da decomposição de biomassa rica em carbo-hidratos, seja de origem marinha ou terrestre. As possibilidades incluem determinados moluscos, dotados de quitina (polímero atóxico, biodegradável, biocompatível e produzido para fontes naturais renováveis) na sua carapaça, madeira e restos, desde que contenham celulose.

Contudo, encontrar uma forma de converter biomassa rica em quitina ou celulose em biocombustível não tem sido fácil, ou seja, a maior parte da produção deriva de plantas usadas como alimento, como cana-de-açúcar, milho e sementes de colza e que poderiam servir as pessoas.

“Em teoria, parece fácil converter carbo-hidratos em celulose, por exemplo, pequenas moléculas de açúcar que nutrem microrganismos que se tornam em metano e etanol. Mas na prática, é um desafio”, sustentou Gustav Vaaje-Kolstad, investigador da Universidade Norueguesa de Ciências da Vida (UMB) e um dos sete autores do artigo.

A parte complicada é o facto de os carbo-hidratos de ambos os polímeros, quitina e celulose, serem formas densas e elásticas. A função biológica destes compostos é exactamente proporcionar ao organismo uma capacidade física dura e durável – diminuindo o índice de quebra das enzimas cuja função é decompor estes tipos de materiais.

Avanço há muito esperado

O artigo publicado descreve como é que esta “nova enzima” (descrita pelos autores como oxidohydrolases) ajuda a biodegradar polímeros de carbo-hidrato aparentemente insolúveis em celulose e quitina.

A constituição e estrutura da enzima é a chave para a solução. Para fazerem o seu trabalho, as enzimas primeiro devem ser projectadas e ligadas firmemente a cadeias de glicose cristalina e evitar que se rompam e permitir que dividam os açúcares repetidamente sem que se perca. A Oxidohydrolases pode produzir biocombustível de forma mais eficiente e barata.

Servem ainda para reduzir a prática controversa de usar plantas comestíveis para produzir biocombustível. A produção em larga escala de forma sustentável exigirá materiais que estão mais disponíveis – por isso, cientistas, políticos e ecologistas procuraram durante algum tempo um método eficiente para utilizar recursos biológicos menos-valiosos.

A descoberta dos investigadores noruegueses poderá representar um avanço já muito esperado e a equipa da UMB já solicitou uma patente e estão em conversações com o produtor internacional de enzimas – Novozyme

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Aviso na porta de um Consultório Médico!‏

Este alerta está colocado na porta de um espaço terapêutico.
Repasso por ter considerado muito interessante.


O resfriado escorre quando o corpo não chora.
A dor de garganta entope quando não é possível comunicar as aflições.
O estômago arde quando as raivas não conseguem sair.
O diabetes invade quando a solidão dói.
O corpo engorda quando a insatisfação aperta.
A dor de cabeça deprime quando as duvidas aumentam.
O coração desiste quando o sentido da vida parece terminar.
A alergia aparece quando o perfeccionismo fica intolerável.
As unhas quebram quando as defesas ficam ameaçadas.
O peito aperta quando o orgulho escraviza
O coração enfarta quando chega a ingratidão.
A pressão sobe quando o medo aprisiona.
As neuroses paralisam quando a"criança interna" tiraniza.
A febre esquenta quando as defesas detonam as fronteiras da imunidade.

Preste atenção!

O plantio é livre, a colheita, obrigatória... Preste atenção no que você esta plantando, pois será a mesma coisa que irá colher!!

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O fim último da vida não é a excelência!


O autor deste texto é João Pereira Coutinho, jornalista. Vale apena ler!

"Não tenho filhos e tremo só de pensar. Os exemplos que vejo em volta não aconselham temeridades.
Hordas de amigos constituem as respectivas proles e, apesar da
benesse, não levam vidas descansadas.
Pelo contrário: estão invariavelmente mergulhados numa angústia e
numa ansiedade de contornos particularmente patológicos.
Percebo porquê. Há cem ou duzentos anos, a vida dependia do berço,
da posição social e da fortuna familiar. Hoje, não.
A criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com  as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro,
lições de piano aos cinco, escola aos seis, e um exército de
professores, explicadores, educadores e psicólogos, como se a  criança fosse um potro de competição.
Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente nas sociedades modernas: a vida não é para ser vivida - mas construída
com sucessos pessoais e profissionais, uns atrás dos outros, em
progressão geométrica para o infinito.
É preciso o emprego de sonho, a casa de sonho, o maridinho de  sonho, os amigos de sonho, as férias de sonho, os restaurantes de
sonho. Não admira que, até 2020, um terço da população mundial esteja a  mamar forte no Prozac. É a velha história da cenoura e do burro: quanto mais temos, mais queremos.Quanto mais queremos, mais desesperamos.
A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que acabará por
arrasar o mais leve traço de humanidade.O que não deixa de ser uma
lástima.·
Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne,
saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a
felicidade!"
João Pereira Coutinho

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A caminho do Terceiro Mundo

Discute-se muito o país, perdem-se horas em debates televisivos estéreis, mas ainda ninguém constatou uma meridiana evidência: Portugal está a caminho do Terceiro Mundo.
Está a ‘terceiro-mundializar-se’.
Não temos muito que nos espantar: assim como há países do Terceiro Mundo que registam taxas altíssimas de crescimento e se preparam para aceder ao Segundo ou mesmo ao Primeiro Mundo, outros sofrerão a evolução oposta.
A roda do mundo é como os alcatrazes: se uns sobem, outros têm de descer.
É fácil constatar que Portugal está hoje muito pior do que estava há 30 anos: a indústria tradicional (vidro, têxteis, calçado, etc.) ficou obsoleta e não foi substituída por nada, a agricultura não resistiu às tropelias decorrentes da PAC, as pescas entraram em crise prolongada, a marinha mercante afundou-se, a construção naval fechou…
Faça-se o exercício contrário: o que estará melhor do que há 30 anos?
Talvez alguns serviços.
Mas aí, como se sabe, tudo é muito incerto porque a base é volátil.
Diz-se que as pessoas vivem melhor – e é verdade.
Mas isso à custa de quê?
De um brutal endividamento externo que não pode continuar e já vai condicionar as próximas gerações.
Mas o mais assustador – e me fez começar por dizer que estamos a caminho do Terceiro Mundo – é que esta decadência económica foi acompanhada por uma degradação generalizada das instituições.
Veja-se o que se passa na justiça, veja-se o que se passa na política, veja-se – até – o que se passa no desporto.
Na justiça a situação é mais do que calamitosa.
Não são só os casos Casa Pia, Apito Dourado, Operação Furacão, Freeport, Face Oculta – nenhum dos quais foi conduzido de forma célere, eficaz e que transmitisse a ideia de se ter feito justiça.
Não é só o facto de o PGR ser um homem que não se faz respeitar pelos subordinados e em cuja independência os portugueses deixaram de acreditar: cabe na cabeça de alguém, por exemplo, que não tenha sequer lido um processo tão relevante como o Freeport, que envolvia o nome do primeiro-ministro, e depois tenha anunciado um inquérito aos magistrados sob a sua dependência?
Parece mentira, mas não é só isto.
O problema mais grave da Justiça em Portugal é ter-se a sensação de que se instalou uma situação perversa e doentia: o PGR protege o primeiro-ministro, e o primeiro-ministro protege o PGR.
Porquê?
Porque a credibilidade de José Sócrates depende hoje em grande parte de Pinto Monteiro, e a continuidade de Pinto Monteiro depende hoje em grande parte de José Sócrates.
Se assim for – como parece – é de facto uma situação digna de uma república das bananas.
José Sócrates, com tantos casos em que está envolvido, também se assemelha cada vez mais a um chefe de Governo de um país do Terceiro Mundo – e o seu bom entendimento com Chávez não será puramente casual.
E que dizer de algumas figuras que circulam à volta do poder como Armando Vara, Rui Pedro Soares ou Paulo Penedos?
E que dizer de autarcas como Valentim Loureiro, Isaltino Morais, Avelino Ferreira Torres, Mesquita Machado ou Fátima Felgueiras?
Não os vemos sem dificuldade interpretando papéis em novelas mexicanas ou venezuelanas, no papel de personagens duvidosas?
De charuto na boca, usando métodos expeditos e mostrando pouco respeito pelas regras, alguns até são bons autarcas – mas têm indiscutivelmente mais a ver com figuras de certos estados sul-americanos do que com os países da União Europeia.
E que dizer do desporto?  Será compreensível uma Federação não conseguir desfazer-se de um seleccionador em que deixou de confiar?
E será normal um seleccionador receber com palavrões funcionários oficiais que estavam a cumprir a sua tarefa?
E será também normal que se ache este comportamento ‘normal’ – como vieram dizer o ex-primeiro-ministro Santana Lopes, e os presidentes dos dois maiores clubes portugueses, Pinto da Costa e Luís Filipe Vieira?
Já será tudo normal em Portugal?
É admissível que o seleccionador nacional, que devia constituir um exemplo para os jogadores e não só, se comporte de modo arruaceiro?
Achar-se isto ‘normal’ também é revelador sobre o estado do país.
Estamos a caminho do Terceiro Mundo.
A nossa economia está agonizante e não se vê maneira de inverter a situação; estamos a perder valores e referências; as nossas instituições estão em degradação acelerada e não se vê maneira de travar este processo.
A justiça mostra-se impotente e acolhe-se à sombra do poder político; o poder político protege a justiça e torna-a dependente do Governo; o desporto, para lá do que já se sabia, tem um seleccionador em que a Federação não confia, e que não respeita ninguém nem é respeitado; e pessoas responsáveis não vêem aqui nenhum problema.
Num país do Primeiro Mundo tudo isto provocaria um movimento de indignação.
Num país a caminho do Terceiro Mundo, as coisas nem estão tão más como isso.
Jose Antonio Saraiva

«Da cidade, do campo, dos sorrisos» de Margarida Gama de Oliveira

«A poesia não tem presente; ou é esperança ou saudade». Estas palavras de Camilo Castelo Branco, que também foi poeta embora mais conhecido como polemista irascível e novelista apaixonado, aplicam-se ao livro de poemas que hoje nos cabe apresentar. Margarida Gama de Oliveira sabe que todo o poema digno desse nome aspira a ser a grande ponte entre dois mundos separados pelo tempo, pela distância e pela morte.
O poema, tal como a oração, liga de novo o que a erosão da vida se encarregou de separar. O poeta é o sacerdote desta estranha liturgia celebrada numa folha branca de papel (qual altar) com uma caneta, qual hissope com lágrimas no lugar da água benta.
O ponto de partida deste livro é a relação entre a Natureza e a Cultura. O seu primeiro poema é um programa: Naquele vale / a casa onde nasci / A casa onde senti / que havia sol / mãe / um mar de pão / um pai / a dor / leite e amor / água e mel / e uma caneta preta para escrever a vida. O poema olhou à sua volta e descobriu uma paisagem povoada pela chuva e pelos frutos silvestres: Gosto da chuva / sentada / na cadeira da varanda / a conversar comigo (…) Gosto de violetas roxas / perdidas nas levadas (…)
Ao lado da paisagem vegetal o poema registou, na sua particular cartografia, o povoamento humano, os ofícios a desaparecer, como o do cesteiro ou do moleiro:
E aquela mó / para quem a eira / as velas / o moleiro / e o trigo magoado / eram mesmo / só passado.
«Terra de Mel» é um poema que junta de modo hábil a Natureza e a Cultura. O motivo repetido deste poema é a ligação entre o mel (produto da terra) e o coração (produtor de sentimentos). Partindo de uma aldeia na moldura da serra (o casario, as ruas, o rio) o poema alcança a memória da Bíblia (a terra do leite o do mel) sem esquecer o Novo Testamento quando refere a triste traição de Judas.
No poema se registam duas geografias; uma geral (Senti a Primavera desde a primeira hora) e outra particular: Na minha pele / sinto o calor da eira / e a pereira / em flor.
Mas também se revelam viagens dentro dos livros como no poema «Na sala sem lareira» – a autora viveu em África como professora e regressou a África nas páginas de um livro. Não por acaso essa ligação surge a seguir no poema «Amo-te África»:
Canto as tuas / mansidões / teus jorros / de sangue quente / continente de poeiras / cor de nuvens. / Que o teu viço de palmeira / aqueça o rosto frio da Europa.
No contraponto do registo mais rural surge um poema citadino:
Tomo o tom rosa das casas / e caminho as praias de sol de Oeiras. / E as minhas beiras / brandos beirais de andorinhas / trocam os casais / e as madressilvas / pelos areais do mar / em que os olhos / mergulham confundidos / a chorar.
Na lucidez de quem descobre os erros de ortografia do mundo o poema invoca os poetas do passado numa espécie de memória justificativa do seu artesanato invisível:
Sem Catulo, sem Horácio, sem Camões / Só tu Cesário me vais acalentar / Naquele teu jeito caloroso de Verões / E em cidades, em ruas, em lugares / Eu vou de encontro a outros corações / Perfumo-me de cores e sei cantar.
Nunca se fechando no «eu» embora recorra ao «eu» como ponto de partida (mulher vivida, sofrida já de tanto amar) o poema procura sempre o «nós», o olhar colectivo como em «O meu país»: Capaz, capaz disso tudo és tu / que fazes do horizonte o teu sacrário / das tuas mãos em concha o teu baú / e até chamas destino ao teu calvário.
Só assim se justifica a revelação pública de um trabalho pessoal. Neste livro revejo a feliz definição de Maria Eulália de Macedo sobre o trabalho poético: «A poesia é estar atento e aberto ao que somos e nos ultrapassa. É uma espécie de fugidio sacramento, a exigente voz das coisas que são verdade – para além da verdade das coisas».
In Aspirina B

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Tsunami foi um golpe triplo

O grande terremoto que provocou um tsunami responsável pela morte de 192 pessoas em Samoa, em Setembro de 2009, não foi um, mas três.
Segundo pesquisa publicada na edição da revista Nature, as ilhas da Polinésia foram atingidas por um golpe triplo. O terremoto de magnitude 8,1 na escala Richter, que foi detectado, escondeu outros dois, quase tão fortes quanto o primeiro.
Os outros terremotos, de acordo com Keith Koper, da Universidade de Utah, e colegas, foram disparados pelo primeiro, tendo ocorrido dois minutos depois e atingido 7,8 graus na escala Richter.
“Achávamos que fosse apenas um terremoto. Mas, ao analisar os dados registrados do evento, verificamos que foram três grandes terremotos. Os dois que ficaram escondidos pelo primeiro foram responsáveis por parte dos danos e das gigantescas ondas”, disse Koper.
Em termos de liberação de energia, segundo o estudo, os dois terremotos de 7,8 graus somados representaram a energia liberada por um terremoto de 8 graus. Ou seja, estiveram longe de ser apenas os tradicionais choques posteriores a um grande evento sismológico.
O terremoto triplo gerou ondas com alturas variadas dependendo da área atingida, mas que em alguns pontos chegaram a quase 15 metros acima do nível do mar.
“Os três contribuíram para o tsunami, principalmente os dois seguintes”, disse Koper. Os terremotos tiveram origem entre 14 e 19 quilômetros de profundidade. O primeiro durou 80 segundos. O segundo começou entre 49 e 89 segundos e, o terceiro, de 90 a 130 segundos após o primeiro.
Os cientistas decidiram investigar o fenômeno que provocou o tsunami em Samoa após a identificação de inconsistências nos sismogramas. “Simplesmente não conseguimos entender como um terremoto poderia produzir tais leituras. Sabíamos que havia algo de estranho, mas levamos meses para descobrir o que era”, disse Koper.
O artigo The 2009 Samoa-Tonga great earthquake triggered doublet (doi:10.1038/nature09214), de Keith Koper e outros, pode ser lido na Nature em www.nature.com.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Faca de 3,4 milhões de anos

A mais antiga evidência do uso de ferramentas de pedra por hominídeos foi descoberta na Etiópia, na forma de dois ossos de ungulados (animais com casco). Também é a mais remota prova de consumo de carne por um ancestral do homem moderno.

A descoberta leva o uso de pedras como ferramentas a cerca de 3,4 milhões de anos atrás, ou mais de 800 mil anos antes do mais antigo exemplo de que se tinha notícia até agora.

O estudo, publicado na edição da revista Nature, foi feito por Shannon McPherron, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária, na Alemanha, e colegas de diversos países.

Os pesquisadores encontraram na região de Gona, no país africano, uma costela de um animal do tamanho de um boi e o fêmur de um pequeno antílope que tinha tamanho semelhante ao das atuais cabras. Os ossos estão marcados com cortes que sugerem o uso de ferramentas para a remoção da carne e do tutano dos ossos.

Segundo o estudo, os ossos podem ter sido manipulados por indivíduos da espécie extinta Australopithecus afarensis, à qual pertence a célebre Lucy, descoberta em 1974 também na Etiópia.

As marcas encontradas, de acordo com os pesquisadores, não deixam dúvidas sobre o que significam. Os sinais deixados demonstram o uso de pedra como ferramenta para retirar a carne e quebrar ossos para a extração do tutano.

“Essa descoberta muda dramaticamente o período que conhecemos de um comportamento decisivo de nossos ancestrais. O uso de ferramentas alterou a maneira como eles interagiram com a natureza, permitindo que consumissem novos tipos de alimentos e que explorassem novos territórios”, disse Zeresenay Alemseged, do Departamento de Antropologia da Academia de Ciências da Califórnia, um dos autores principais do estudo.

“Esse uso também levou à própria fabricação de ferramentas, um passo crítico no nosso caminho evolucionário que eventualmente deu origem a todas as tecnologias atuais, do avião ao telefone celular”, disse.

Segundo Alemseged, ao estender o uso de utensílios para auxiliar na alimentação em quase 1 milhão de anos, a descoberta deverá levar a uma revisão dos conhecimento sobre a evolução humana.

Até então, a mais antiga evidência de tal uso que se tinha notícia eram ossos com marcas de corte de 2,6 milhões de anos, encontrados na região de Bouri, também na Etiópia.

Os ossos encontrados agora forem escavados a apenas 200 metros de onde Alemseged e equipe encontraram o fóssil denominado Selam, ou “filho de Lucy”, em 2000. Selam, um exemplar de fêmea jovem de Australopithecus afarensis que viveu há cerca de 3,3 bilhões de anos, representa até hoje o mais completo esqueleto de um ancestral humano já descoberto.

“Após uma década estudando os vestígios de Selam e buscando novas pistas sobre sua vida, agora podemos adicionar um detalhe novo e significativo na sua história. À luz dessa descoberta, é muito provável que Selam carregasse pedras e ajudasse membros de sua família a desossar animais”, disse Alemseged.

O cientista destaca que, embora o uso de pedra como ferramenta seja inquestionável, não é possível saber se as marcas foram feitas com pedras pontiagudas encontradas pelos Australopithecus afarensis ou se elas foram quebradas com essa finalidade.

O artigo Evidence for stone-tool-assisted consumption of animal tissues before 3.39 million years ago at Dikika, Ethiopia (doi:10.1038/nature09248), de Zeresenay Alemseged e outros, pode ser lido na Nature em www.nature.com.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Por obsequio: Senhor PGR saia...


Por obsequio; tenha a dignidade Senhor Procurador Geral da Republica de sair pelos seus pezinhos, ou vamos ser obrigados a correr consigo...
Esta é a grande questão que esta neste momento em cima da mesa, e colocada perante todos os portugueses de boa índole, que pagam religiosamente os imposto, cumprem todas as suas obrigações perante a Justiça, a Lei e a Ordem Publica  e se querem sentir devidamente honrados, respeitados e defendidos enquanto cidadãos de bem.
A situação tornou-se insustentável, com atitudes dignas da mais requintada atuação de grupos estranhos a sociedade, a que delicadamente, e por uma questão de educação, temos que chamar de influencias estratégicas a moda do código de silencio.
Aquilo que aparentemente parecia um pouco de abuso de poder por parte do PGR, com a auto-assunção de poderes extra, que embora se verifique serem de todo inconstitucionais e; por isso mesmo, inéditos, ainda assim tiveram a luz verde de serem concedidos pela anterior maioria parlamentar, afeta ao Partido Socialista, a que não foi estranha a figura de faz de conta e deixa andar do Senhor Presidente da Republica, que a nada questionou, e acabou por virar uma autentica ditadura judicial, colocada nas mãos de um autentico soberano na arte de governar a maquina judicial.
Mas como não existem almoços grátis... o pagamento mais cedo ou mais tarde, teve que ser feito, mesmo que em fase de deliberado desespero político e pessoal de determinada personalidade...
È de todos conhecida a situação de manifesta podridão da sociedade portuguesa, que tem sido corroída por todo o gênero de parasitas a uma velocidade digna de formiga roedora de madeira, e que atingiu já um tal estádio em que o retrocesso se torna praticamente impossível, uma vez que já nem existem pontes devidamente erigidas com o passado de hierarquia, respeito e independência entre os diversos patamares do Estado.
Para se ter uma noção exata, basta perceber o quanto o Ministério Publico tem sido arrasado neste processo seletivo de descaracterização da maquina judiciária, onde nos dias de hoje desapareceu a escada hierárquica e organizativa, mercê de uma tal bagunça criada propositadamente para por um lado domesticar e por outro para desmotivar os mais variados sectores do Ministério Publico a levarem a cabo um trabalho de acordo com a sua historia de independência e perfeita lisura no cumprimentos das leis da Republica Portuguesa.
Não bastavam os podes que se auto-arrogou, e vem ainda e sempre o PGR reclamando mais e mais poderes que diz lhe estarem a  ser negados para poder exercer com toda a legitimidade a sua nobre missão.      
Curioso que sempre que surgem manifestos insucessos (e nos últimos tempos é coisa que não para de acontecer) na maquina judiciária por si comandada e manobrada a seu belo prazer, o senhor PGR nunca os assume como seus, e dos seus mais próximos colaboradores, uma gloriosa equipa de 4 ou 5 magníficos trapalhões, mas sempre os atribui ao Ministério Publico, num sacudir de água do capote, que faz chorar as pedras das calçadas... e envergonhar qualquer mero escrivão, conhecedor das realidades entre muros, e que entende muito bem onde esta o umbigo da questão.
Até agora os portugueses olhavam impávidos e serenos para o pingue-pingue, pongue-pongue, e não conseguiam decifrar a legitimidade das acusações de cada parte envolvida no processo, só que de á uns tempos para cá, todo o mundo se apercebeu afinal onde começava o ribeiro e terminava o rio.
A interferência direta nas esferas de investigação, adulterando com esta sua atitude as reais possibilidades de pleno êxito em investigações de processos, que são mais do que simples processos crime, uma vez que envolvem mais do que potenciais desconfianças sobre figuras como por exemplo o Primeiro Ministro da Republica Portuguesa, aliado ao facto de encurtar prazos, e chegar ao cumulo de destruir provas processuais, para dessa forma criar cortinas de nebelina de tal forma espessas que tornem os processos num imenso Alcacer Quibir, ajudaram a clarificar a aferição da opinião publica em relação a figura da criatura que temos como Procurador Geral da Republica.
Estranha democracia esta, a portuguesa, que tem um Governo eleito por 4 anos, um Presidente por 5 anos, e pode ter um Procurador Geral da Republica nomeado por 6 anos...
O Governo do Partido Socialista, liderado pelo Senhor Pinto de Sousa, tem sabido, como nenhum outro, retirar os devidos dividendos políticos da figura PGR ali colocada, que não tem desperdiçado meios para poder agradar a quem lhe agradou tanto. Por sua vez, o comportamento do Senhor Presidente da Republica é no mínimo nubloso e estranho, ao permitir todo o tipo de manigâncias aliado a um mutismo ensurdecedor que vai consentindo o avolumar de cada vez mais situações indignas para uma Republica que se diz democrática, mas que na verdade não passa de uma mera ditadura dita democrática.
Esta criatura, Pinto Monteiro, fará, se lá chegar, em Outubro próximo, 4 anos de permanência no cargo, e terá ainda pela frente mais 2 anos, mas perante os escandalosos factos, as inconstitucionalidades que o próprio Sindicato do Ministério Publico não se cansa de divulgar e repudiar, se nos afigura de todo improvável que seja possível manter em funções tamanha ‘alimária’ por muito mais tempo, e salvo melhor opinião; meu Caro Procurador Geral da Republica, ou Vossa Excelência por sua livre, e finalmente digna iniciativa, resolve dar corda aos sapatinhos e colocar o lugar a disposição de quem de direito, ou duvido muito que os cidadãos da Republica Portuguesa consigam por muito mais tempo gramar a sua deplorável presença num cargo que se requer seja ocupado por homem digno, impoluto, imparcial, e longe da esfera política, coisas que o cavalheiro andou longe de praticar nestes últimos 1385 dias, de já quase 4 anos de mandato.
Se quer realmente um conselho de amigo, acho que esta mais do que na hora de disfarçar que vai urinar ao Palácio de Belém, e aproveite para deixar lá o seu pedido de renuncia ao cargo, pois quanto mais tempo passa, mais o cheiro a podre saído da Procuradoria Geral da Republica esta a ser inalado por toda a Nação.
Se por obsequio não quer fazer esse grande serviço publico, então tenha como certo que os 720 dias que ainda lhe faltam no pleno uso do tacho, vão acabar por dar comida muito esturricada!
“João Massapina”                

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Máquinas científicas

Agência FAPESP – Há décadas os computadores eletrônicos têm ajudado os cientistas a armazenar, processar e analisar dados. Mas, à medida que uma explosão de novos conhecimentos tem mudado o panorama científico, a tecnologia também está ampliando o poder dos computadores.

Nesse novo contexto, as máquinas passam da simples análise para a formulação de hipóteses, entrando em uma área até então exclusiva aos humanos. De acordo com um artigo publicado na revista Science, em breve os computadores serão capazes de gerar hipóteses úteis sem ajuda dos humanos.

Segundo James Evans e Andrey Rzhetsky, da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, o fato é que os computadores estão se tornando cada vez menos dependentes de seus criadores.

“Com base em abordagens de inteligência artificial, programas de computadores estão se tornando cada vez mais capazes de integrar conhecimento publicado com dados experimentais, de buscar por padrões e relações lógicas e de permitir o surgimento de novas hipóteses com menos intervenção humana”, disseram.

Segundo eles, novas e poderosas ferramentas computacionais entrarão em cena na próxima década para conduzir experimentos maiores e mais complexos, permitindo um grande avanço em áreas como física, química, biomedicina e ciências sociais.

“No passado, abordagens computacionais foram mais bem-sucedidas em sistemas pequenos e bem definidos do que em maiores, menos conhecidos e mais complexos. A explosão de dados de experimentos de alto desempenho, entretanto, tem apresentado aos pesquisadores sistemas muito complexos”, disseram.

“Encarar esse volume de dados com questões tão grandes quanto em escala e complexidade será crítico porque, como disse Mark Twain, ‘você não pode depender de seus olhos quando sua imaginação está fora de foco’”, destacaram os autores.

O artigo Machine Science (doi: 10.1126/science.1189416), de James Evans e Andrey Rzhetsky, pode ser na Science em www.sciencemag.org.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A Canalha


QUE DIZ QUE QUEM GANHA 600 EUROS/MÊS TEM DE GANHAR MENOS AINDA.
PORQUE A PRESTIMOSA FATIMA CAMPOS FERREIRA NÃO FALA DISTO NO “P’RÓS E CONTRAS”?

Os novos pobres
A crise quando chega toca a todos, e eu já não sei se hei-de ter pena dos milhares de homens e mulheres que, por esse país, fora, todos os dias ficam sem emprego se dos infelizes gestores do BCP que, por iniciativa de alguns accionistas, poderão vir a ter o seu ganha-pão drasticamente reduzido em 50%, ou mesmo a ver extintos os por assim dizer postos de trabalho.
A triste notícia vem no DN: o presidente do Conselho Geral e de Supervisão daquele banco arrisca-se a deixar de cobrar 90 000 euros por cada reunião a que se digna estar presente e passar a receber só 45 000; por sua vez, o vice-presidente, que ganha 290 000 anuais, poderá ter que contentar-se com 145 000; e os nove vogais verão o seu salário de miséria (150 000 euros, fora as alcavalas) reduzido a 25% do do presidente. Ou seja, o BCP prepara-se para gerar 11 novos pobres, atirando ainda para o desemprego com um número indeterminado de membros do seu distinto Conselho Superior. Aconselha a prudência que o Banco Alimentar contra a Fome comece a reforçar os "stocks" de caviar e Veuve Clicquot, pois esta gente está habituada a comer bem.

domingo, 1 de agosto de 2010

FILOSOFIA INDÍGENA

UMA NOITE, UM VELHO ÍNDIO CONTOU AO NETO DELE SOBRE UMA BATALHA QUE ACONTECE DENTRO DAS PESSOAS.
ELE DISSE: - MEU QUERIDO, HÁ UMA BATALHA ENTRE DOIS LOBOS DENTRO DE TODOS NÓS:


UM É MAU:

É A RAIVA,  A INVEJA,  O CIÚME,  A TRISTEZA,  O DESGOSTO,  A COBIÇA,  A ARROGÂNCIA,  A PENA DE SI MESMO,  A CULPA,  O RESSENTIMENTO,  A INFERIORIDADE,  AS MENTIRAS,  O ORGULHO FALSO,  A SUPERIORIDADE  E  O  EGO..

O OUTRO É BOM:

É A ALEGRIA,  A PAZ,  A ESPERANÇA,  A SERENIDADE,  A HUMILDADE,  A BONDADE,  A BENEVOLÊNCIA,  A EMPATIA,  A GENEROSIDADE,  A VERDADE,  A COMPAIXÃO  E  A  FÉ.

O NETO PENSOU NAQUILO POR ALGUNS MINUTOS E PERGUNTOU:

- QUAL O LOBO QUE VENCE?

E O VELHO ÍNDIO SIMPLESMENTE RESPONDEU:
 

- O QUE VOCÊ ALIMENTA. 

sábado, 31 de julho de 2010

Gestos dos políticos podem revelar os seus pensamentos

De acordo com um estudo publicado na PloS ONE, os gestos dos políticos podem revelar os seus pensamentos.

“Em testes de laboratório, os destros e canhotos associavam as ideias positivas como a honestidade e a inteligência ao seu lado dominante e as ideias negativas ao lado não dominante”, afirma Daniel Casasanto do Instituto Max Planck de Psicolinguística em Nijmegen, na Holanda.


Para descobrir se as pessoas relacionam o “bem” com o lado dominante, Casasanto e o co-autor Kyle Jasmin examinaram os gestos espontâneos durante os discursos negativos e positivos nos debates das mais recentes eleições presidenciais norte-americanas.

As eleições de 2004 e de 2008 envolveram dois destros (Kerry e Bush) e dois canhotos (Obama e McCain). Casasanto e Jasmin descobriram que os candidatos destros fizeram uma maior proporção de gestos com a mão direita quando expressavam ideias positivas e usavam a esquerda para os pensamentos mais negativos. Foi ainda comprovado o oposto para os canhotos, que favoreciam a mão esquerda para os pensamentos positivos e a direita para os negativos.

Em muitas culturas, existem expressões que associam o bem à direita e o mal à esquerda, como por exemplo: “entrar com o pé direito”, para dar sorte ou “cruzes, canhoto”, associado ao diabo.

Convenções culturais

Do mesmo modo, é clássico os políticos serem aconselhados a utilizarem principalmente a mão direita. No entanto, estas convenções culturais em nada ajudam a explicar os gestos dos canhotos.

“Em geral, os dados suportam a ideia que as pessoas associam as coisas boas com o lado do seu corpo que podem usar mais fluentemente”, explica Casasanto.

A mão que os indivíduos usam para gesticular enquanto falam pode ser um sinal de como sentem o que estão a dizer.

Nos debates políticos, os gestos da mão não-dominante ocorrem mais frequentemente durante as afirmações negativas do que durante os discursos positivos, num rácio de 2 para 1 de Obama, 3 para 1 de Kerru, e 12 para 1 de McCain. Os autores explicam ainda que observar as mãos dos políticos podem ser uma ajuda para os eleitores perceberem a suas mentes.


Com a devida venia a Ciencia Hoje

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Fitoplâncton em queda

Agência FAPESP – A quantidade de fitoplâncton nos mares tem caído no último século. A queda no conjunto de organismos aquáticos microscópicos com capacidade de fazer fotossíntese foi destacada na edição atual da revista Nature.

Segundo o estudo, a queda é global e ocorreu por todo o século 20. O fitoplâncton forma a base da cadeia alimentar marinha e sustenta diversos conjuntos de espécies, do minúsculo zooplâncton a peixes, aves e grandes mamíferos marinhos.

“O fitoplâncton é o combustível que move o ecossistema marinho e esse declínio afeta tudo o que está acima na cadeia alimentar, incluindo os humanos”, disse Daniel Boyce, da Universidade Dalhousie, no Canadá, principal autor do trabalho.

Boyce e colegas usaram um grande conjunto de dados oceanográficos históricos e atuais em análise que verificou um declínio médio de 1% na quantidade de fitoplâncton nos mares do mundo. A tendência, segundo eles, é particularmente bem documentada no hemisfério Norte, onde a queda foi de 40% com relação aos valores encontrados na década de 1950.

Segundo os pesquisadores, a queda de longo prazo estaria relacionada com as mudanças climáticas globais, incluindo o aumento nas temperaturas das superfícies oceânicas, especialmente nas áreas próximas ao Equador, e alterações nas condições oceanográficas.

O estudo de três anos analisou dados desde 1899. As maiores quedas nos níveis de fitoplâncton ocorreram nas regiões polares e tropicais e em oceanos abertos, onde ocorre a maioria da produção global desse tipo de biomassa.

O fitoplâncton precisa de luz solar e de nutrientes para crescer. E os oceanos, quando mais quentes, tornam-se mais estratificados, o que limita a quantidade de nutrientes que se deslocam das águas mais profundas para a superfície.

As temperaturas mais elevadas, de acordo com o estudo, poderiam estar contribuindo para tornar os oceanos tropicais ainda mais estratificados, levando a uma crescente limitação na disponibilidade de nutrientes e ao declínio do fitoplâncton.

O estudo também concluiu que variações climáticas de grande escala, como o fenômeno do El Niño, afetam a produção de fitoplâncton em uma base anual, ao mudar as condições oceanográficas de curto prazo.

Os resultados contribuem para o crescente aumento de evidências científicas que indicam que o aquecimento global está alterando os mecanismos básicos dos ecossistemas marinhos.

“O declínio do fitoplâncton pelas mudanças climáticas é outra dimensão importante das alterações globais observadas nos oceanos, que já estão estressados pelos efeitos da pesca e da poluição. Novas ferramentas observacionais e uma melhor compreensão científica são necessárias para permitir previsões acuradas da saúde futura dos oceanos”, disse Marlon Lewis, outro autor do estudo.

O artigo Global phytoplankton decline over the past century (doi:10.1038/nature09268), de Daniel Boyce e outros, pode ser lido na Nature em www.nature.com.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Em busca de diamantes

Agência FAPESP – A distribuição de diamantes no subsolo terrestre é controlada por plumas mantélicas, fenômeno geológico que consiste na ascensão de um grande volume de magma de regiões profundas. Essa distribuição tem sido feita dessa forma há pelo menos meio bilhão de anos.

A afirmação é de um estudo publicado na edição da revista Nature.

As plumas, originadas da fronteira entre o núcleo e o manto terrestre, são responsáveis pela distribuição dos kimberlitos, rochas vulcânicas raras das quais são retiradas os diamantes.

Diamantes são formados em condições de alta pressão a mais de 150 mil metros de profundidade no manto, a camada da estrutura terrestre que fica entre o núcleo e a crosta.

Os estudo, feito por um grupo internacional, conseguiu mapear milhares de kimberlitos, mas os esforços se concentraram em áreas mais antigas da crosta continental, uma faixa de pouco mais de 300 quilômetros de espessura e 2,5 bilhões de idade. O motivo é que estão ali os diamantes de extração mais economicamente viável.

Trond Torsvik, da Universidade de Oslo, e colegas reconstruíram posições das placas tectônicas nos últimos 540 milhões de anos de modo a localizar áreas da crosta continental relativas ao manto profundo nos períodos em que os kimberlitos ascenderam.

De acordo com os pesquisadores, esses kimberlitos, muitos dos quais trouxeram diamantes de mais de 150 quilômetros de profundidade, estiveram associados com extremidades de disparidades em grande escala no manto mais profundo.

Essas extremidades seriam zonas nas quais as plumas mantélicas se formaram. O estudo poderá ajudar na localização de áreas com maior probabilidade de se encontrar diamantes.

“Estabelecer a história da estrutura do manto profundo mostrou, inesperadamente, que dois grandes volumes posicionados logo acima da divisa entre o manto e o núcleo têm se mantido estáveis em suas posições atuais no último meio bilhão de anos”, disse Kevin Burke, professor de geologia na Universidade de Houston, nos Estados Unidos, um dos autores principais do estudo.

“O motivo para que esse resultado não tenha sido esperado é que nós, que estudamos o interior da Terra, assumimos que, embora o manto profundo seja sólido, o material que o compõe deveria estar em movimento todo o tempo, por causa de o manto profundo ser tão quente e se encontrar sob elevada pressão, promovida pelas rochas acima dele”, disse.

O artigo Diamonds sampled by plumes from the core–mantle boundary (doi:10.1038/nature09216), de Trond Torsvik e outros, pode ser lido na Nature em www.nature.com.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Primeiras estrelas

Agência FAPESP – Muitas das estrelas mais antigas da Via Láctea são remanescentes de outras galáxias menores que foram dilaceradas por colisões violentas há cerca de 5 bilhões de anos. A afirmação é de um grupo internacional de cientistas, em estudo publicado pelo periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
Essas estrelas anciãs são quase tão antigas como o próprio Universo. Os pesquisadores, de instituições da Alemanha, Holanda e Reino Unido, montaram simulações em computadores para tentar recriar cenários existentes na infância da Via Láctea.
O estudo concluiu que as estrelas mais antigas na galáxia, encontradas atualmente em um halo de detritos em torno dela, foram arrancadas de sistemas menores pela força gravitacional gerada pela colisão entre galáxias.
Os cientistas estimam que o Universo inicial era cheio de pequenas galáxias que tiveram existências curtas e violentas. Esses sistemas colidiram entre eles deixando detritos que eventualmente acabaram nas galáxias existentes atualmente.
Segundo os autores, o estudo apoia a teoria de que muitas das mais antigas estrelas da Via Láctea pertenceram originalmente a outras estruturas, não tendo sido as primeiras estrelas a nascer na galáxia da qual a Terra faz parte e que começou a se formar há cerca de 10 bilhões de anos.
“As simulações que fizemos mostram como diferentes relíquias observáveis na galáxia hoje, como essas estrelas anciãs, são relacionadas a eventos no passado distante”, disse Andrew Cooper, do Centro de Cosmologia Computacional da Universidade Durham, no Reino Unido, primeiro autor do estudo.
“Como as camadas antigas de rochas que revelam a história da Terra, o halo estelar preserva o registro do período inicial dramático na vida da Via Láctea, que terminou muito tempo antes de o Sol ser formado”, disse.
As simulações computacionais tomaram como início o Big Bang, há cerca de 13 bilhões de anos, e usaram as leis universais da física para traçar a evolução das estrelas e da matéria negra existente no Universo.
Uma em cada centena de estrelas na Via Láctea faz parte do halo estelar, que é muito mais extenso do que o mais familiar disco em espiral da galáxia.
O estudo é parte do Projeto Aquário, conduzido pelo consórcio Virgem, que tem como objetivo usar as mais complexas simulações feitas em computador para estudar a formação de galáxias.
Monthly Notices of the Royal Astronomical Society