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segunda-feira, 31 de agosto de 2009

“Olha se não tem dado uma dor de barriga ao polícia!”

Tratou-se de uma notícia do “Correio da Manhã” sobre um Damásio, e logo eu, na imprecisão do meu saber, lembrei um nosso sábio português, neurologista, famoso.

Não tinha nada a ver. Este meu era António, o dela parece que se chamava Manuel, mas não tinha bem a certeza, e eu aproveitei para lembrar a necessidade de rigor nos dados.

- O gajo foi presidente do Benfica. É podre de rico. Tem uma casa à venda por quinze milhões de euros na Quinta da Marinha. Tem só nove quartos e doze casas de banho e duas piscinas. Podre de rico porquê? Há dez anos pôs o ordenado mínimo na declaração. Era um Zé Ninguém, não sei bem o quê. A não ser que o homem diga que lhe saiu o euromilhões.

Suspirei, na visão radiosa de uma perspectiva que tantos de nós – todos, com certeza - ambicionamos ingloriamente, prometendo semanalmente e suplicantemente a Deus que, se nos sair, faremos muita gente feliz. Baldadamente.

Mas a minha amiga não vai em rezas, sempre de má vontade contra os ricos que, sendo pobres antes – pés rapados, diz ela, ou mesmo com calçado da feira – de repente brotaram em finanças, implicados em maroscas, amigos de outros poderosos, todos se interapoiando e todos brotando e “rindo”, como os “espertos regatinhos” da Serra que Jacinto e Zé Fernandes subiram de regresso a Tormes. Só que estes riam “com os seixos”, ao passo que aqueles riem “dos seixos”, que somos todos nós. Mas a minha amiga continuou:

- “Tudo pode ser é ladrão, porque se não for ladrão não tem safa”.

E citou mais um caso, o de Dias Loureiro, que também leu no “Correio da Manhã”, mas todos os jornais publicitam:

- Descobriram-se documentos incriminatórios, de fraude, burla, branqueamento de capitais, sabe aonde?

Ainda não sabia, sempre confiada no saber dela.

- Num esconderijo, ao pé da casa de banho. Mas logo Loureiro afirmou a sua inocência: “Se tivessem importância já tinham sido destruídos”. Mas há alguém que tenha a consciência mais tranquila do que eles? Não há. Que grande pouca vergonha! Dá vontade de dizer assim: “Olha se não tem dado uma dor de barriga ao polícia!

- De facto, confirmo eu, já na mesma onda. Foi uma dor de barriga providencial!

- Qual quê! Vai ver o que agora se vai dizer cá para fora! Enxurrada ou não, fica tudo na mesma!

- Pois! O autoclismo tudo lava. Melhor dizendo, purifica.


"Berta Brás"

Portugal e os traidores de este

Portugal durante a época monárquica foi um País que via no engrandecimento da nação, quer em dimensão quer em riqueza, o que de melhor podia fazer, ter e ser com a finalidade da criação de um elevado nivel de satisfação da população em geral.

Os valores anteriormente mencionados foram-se perdendo, desde o derrube da monarquia em 1910 passando pelas sucessivas crises e convulsões originadas pelo mesmo, conseguindo o País chegar ao caos em que nos encontramos neste momento, a partir de meados do ano de 1974. Não nos devemos esquecer que, apesar dos politicos nos fazerem crer do contrário, a década dos 60 do século passado foi um periudo de franco crescimento económico, ao ritmo de ca. de 6% ao ano, assim como a de maior criação de industrias no País, industrias essas que se foram e vão fechando desde 1974 até à data com a respectiva perca de postos de trabalho e criação de focos de pobreza.

Igualmente ninguém se deve esquecer que em Abril de 1974 Portugal era dos Países com mais reservas de ouro e divisas, e agora onde estão esses valores que ficaram á guarda da democracia ?.

Até meados de 1974 havia restrições para quem falava demais e nada fazia, como são os casos de dois senhores. Um que apesar da familia ser abastada, mas sabendo esta o que ele era nada lhe davam, vivendo assim dos dinheiros recebidos do ex-bloco leste a troco do mesmo poder fazer a ponte entre dito bloco e os grupos terroristas das ex-colónias portuguesas, talvez com o intuito de naquele momento fornecerem apoio logistico e armamento para mais tarde receberem, com juros, as verbas investidas o que se tem verificado desde 1974 até à presente data. O segundo senhor, que sendo filho de um abastado proprietário de uma escola sediada em Lisboa, recebia bom dinheiro destes para poder em França ter uma vida rica com bons carros, casas, frequentando bons hoteis e passando a vida em grandes festas sem nada fazer, actividades que o mesmo que ainda hoje pratica, com a diferença de que a partir de 1974 passaram a ser pagas não pelos pais mas sim pelos contribuintes portugueses.

Estes são 2 dos muitos traidores da Pátria, que tal comos os Peres de Trava no ínicio da nacionalidade, os Andeiros a meio da mesma e os A. Santos nos ultimos anos, vivem com a desgraça alheia de um povo que foi construido com a heroicidade dos nossos antepassados ao longo dos séculos, para ser destruido em poucos anos por um grupo de traidores à mesma. A grande diferença entre os traidores do passado e os do presente é que os do passado eram ajustiçados, pois existia justiça, e os de hoje são louvados e passam a ser herois da Nação, uma vez que hoje nem justiça temos.

Segundo os dois senhores primeiramente mencionados os ex-territórios portugueses que faziam parte não de Portugal mas sim do Império Português, deviam ser entregues aos seus legitimos donos, pois bem fizeram-no, agora faço eu uma pergunta que creio pertinente, e o actual espaçozinho que agora possuimos na Europa, será que não os devemos entregar também aos espanhois e aos mouros, uma vez que estes eram pertença dos mesmos?.

Finalmente, estes senhores roubaram-nos tudo, desde o dinheiro, passando pelo território, até chegar finalmente à dignidade e vontade de ser portugueses, estes sim que fariam de imediato morrer os grandes portugueses como Viriato, D. Afonso Henriques, D. João I, D. João IV, D. Manuel II, Salazar entre muitos outros, se os mesmos um dia resssussitassem.


João Vitorino

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Até hoje não caiu

Tratou-se da questão da falésia que soterrou cinco pessoas em Albufeira. Está a ser destruída, agora que cumpriu o seu destino e das cinco pessoas que se abrigavam à sua sombra, não mais acolhedora. Tinha um aviso cimeiro, indicando “perigo”. Mas nós não estamos habituados a obedecer, que nos faltou a disciplina de deveres e direitos cívicos na escola. Esses terão que ser ministrados na família, mas com a desorganização dos lares, andamos todos à balda e, por vezes mesmo, vamos parar aos Manes, sem passar pelos Penates, à conta da desobediência.

Até contei à minha amiga que costumamos encontrar um pai e uma filhita no café, desde a cadeirinha de bebé. A mãe é alemã, às vezes também aparece, o pai talvez seja um inglês, que fala bem português mas tem uma postura diferente dos pais portugueses. A criança já anda e corre atrás do meu Fox, e há dias afastou-se demasiado. O pai não se mexeu, sombra protectora, de pé, velando. Disse apenas: “Para aí não”. A criança virou-se, olhou para ele, e voltou. Os nossos meninos teriam ouvido várias vezes chamar, as mães teriam corrido atrás, teriam gritado em alvoroço de pânico. E a criança mais correria, na desobediência da sua liberdade – nós dizemos personalidade, cedo ainda para lhe chamar democracia – até ser apanhada, às vezes com uns açoites inúteis, porque não educativos, fruto apenas do nosso transtorno nervoso. Não, não estamos habituados a uma obediência que respeite normas. Somos brandos, individualistas, sem educação. E gritamos demais, com a indiscrição do nosso atraso.

Tudo isto a propósito das pessoas que se sentaram, pela última vez na vida. À sombra de uma falésia com inútil aviso de perigo.

Mas a minha amiga estava indignada.

- “Nasce-se com o destino”, disse agnoniada, bem no rasto do nosso fado triste.

- “Destino marcado!”, acrescento, sorumbática.

- “É muito perigoso, aqueles pedregulhos semeados em toda a costa algarvia. O que fazia aquele morro ali no meio? Aquele morro devia ter sido tirado. Até hoje não caiu. Chegou-se à conclusão de que não estão em condições. Vão deitar abaixo. Costumam cair mais no inverno, não no verão. Mas no inverno ninguém lhes procura a sombra.”

- “A ASAE devia tomar conta, que é mais eficiente no tratamento das falhas” digo eu no descontentamento sem tréguas contra tantos podres no nosso país.

- “Mas não as tectónicas. Eles têm uma coisa a que se agarrar: tiveram um sismo. Pobre gente! Nasce-se com o destino! Agora também compreendi porque é que não se alerta mais: porque não se pode estragar o turismo. Não se pode avisar que é perigoso. Desde Lagos, toda a Costa Azul é rocha e barro. Todas as praias têm aquilo. Mas não se pode avisar. Agora andam a ver se há mais falésias fósseis a ruir.

-“ Mas as pessoas voltam a sentar-se, não à sombra da bananeira ou da faia, que essas estão a arder, mas da rocha.”

-“ Pois! Elas pensam que não volta a acontecer. Não acontece no mesmo dia nem no mesmo ano! Não volta a acontecer é o que pensam. Por isso estar o aviso ou não estar é o mesmo. Só vedando: “Aqui não passas!”. Alguém sabia que estava a correr perigo de vida? E as pessoas brincam, e levam as crianças para as grutas, na aventura de entrar em castelos fictícios...”

-“ Mas há dias li um comentário sobre os tais avisos, informando que muitos há entre nós que não sabemos ler. Daí que sejam inúteis avisos destes. Mas o seu pessimismo foi porque não ouviu o nosso Primeiro Ministro, acho eu. Sobre o nosso actual sucesso escolar.”


"Berta Brás"

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Deslinguísticos

Mia Couto, um inteligente fabricador de mitos “deslinguísticos”


Ele um dia pensou:

“Vou desrevelar o meu povo, o povo a que eu despertenço, vou criar um universo de anedotário poético, vou desapontar sofrimento, e ansiedade e grotesco, vou destrancar malvadezas dos homens que pilharam as terras e as subjugaram com cruelvadez, vou mitificar um universo de risota e dor, vou mostrar toda a minha empatia, vou seguir na esteira de Gabriel Garcia Marquez na mitificação, Vergílio Ferreira e outros, talvez franceses, na desconstrução verbal do estilo “nouveau roman”, vou ser astuto e subtil e inteligente, como poeta, como prosador, como linguista. E serei célebre.”

E todos os que o leram e lêem, abrem os olhos de espanto, as bocas de riso, as almas de encanto.

Pela originalidade, sim, do discurso de alianças verbais e semânticas, ou de incorrecções gramaticais que, traduzindo influências lusófonas, insidiosamente pretende troçar dessa lusofonia que os portugueses não conseguiram promover totalmente nas terras que lhes pertenceram por direitos de descoberta e de conquista.

Como fizeram outrora, Fenícios, Gregos, Cartagineses, Romanos, Visigodos, Árabes, nas invasões progressivas aos solos distantes das suas pátrias, levando comércio e criando civilização nessa Península Ibérica que também o foi da gente lusa.

Mia Couto sabe que pode torpedear esses aventureiros lusos de outrora, pois encontrou campo aberto, no solo nacional dos lusos de agora, para o acolher com ternura, na concordância com os ódios anticolonialiatas, e com os afectos africanistas.

Sendo branco de coloração, a desempatia pelo branco da colonização é claramente sugerida na meigice arteira com que descobre a raça negra da sujeição, e da altivez também e da revolta. Também no grotesco da caricatura, e na poeticidade dos seus vários mitos.

E tudo isso lhe fornece prémios. E fama. Talvez merecidos.

Mas o encanto e a admiração que sinto, transforma-se em desprezo. Pelo simples facto da sua coloração exterior branca.

Fosse ela negra e admiraria as capacidades indiscutíveis da imaginação e do discurso, Viriato moderno no ataque ao intruso “Romano”.

Assim, sinto o desprezo pela traição aos da sua raça.

Berta Brás