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quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Corante de milho

Por Alex Sander Alcântara

Agência FAPESP – Uma nova pesquisa testou a extração de corantes de milho como alternativa aos corantes sintéticos. O motivo é que, além de não poluir, os corantes naturais podem trazer benefícios à saúde por apresentar pigmentos antioxidantes e anti-inflamatórios.
O estudo foi publicado na revista Ciência e Tecnologia de Alimentos. “O interesse em pesquisas por corantes naturais aumentou consideravelmente nas últimas décadas devido às severas críticas dos consumidores, às restrições impostas pela Organização Mundial da Saúde e outras instituições aos corantes sintéticos”, destacam os autores.
De acordo com Elias Basile Tambourgi, professsor da Faculdade de Engenharia Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e um dos autores do artigo, além do uso em corantes de alimentos e de tecidos, o milho é uma fonte de antocianinas, pigmentos pertencentes ao grupo dos polifenóis – compostos responsáveis por dar cores aos vegetais.
“As antocianinas atuam como agente antioxidante que age na inibição dos radicais livres, atuando na prevenção de doenças degenerativas como o câncer. Além disso, melhoram a adaptação à visão noturna, prevenindo a fadiga visual. São usadas como anti-inflamatório e também já foram aplicadas no tratamento contra obesidade e hiperglicemia”, disse Tambourgi à Agência FAPESP.
O pesquisador ressalta a necessidade de mais pesquisas a fim de destacar a importância das antocianinas na dieta humana. “Além disso, precisamos melhorar as metodologias de extração (quantificação e identificação), obter a composição e compreender a funcionalidade das fontes naturais”, disse.
No novo estudo, foram utilizadas duas variedades nativas de milho (Zea mays L.) peruano, roxa e vermelha, adquiridas em fazendas a cerca de 150 quilômetros ao sul de Lima. Segundo o estudo, o corante do milho roxo tem se mostrado estável.
“Chegamos a realizar testes de fixação em produtos têxteis, como algodão. O que mais chama a atenção é seu uso artesanal no Peru, na coloração de roupas. Podemos notar que esses produtos apresentam forte cor roxa, e não se deterioram ao longo do tempo, nem mesmo pela ação do calor”, disse.

Métodos de extração

Os autores destacam que as antocianinas do milho roxo foram usadas pelos incas na preparação de bebidas e no tingimento de fibras têxteis. “Eles obtinham os pigmentos de forma artesanal, utilizando processos mecânicos através de atrito e raspagem da semente”, apontam.
“Embora existam pesquisas indicando significativos avanços e benefícios das antocianinas extraídas do milho roxo, até o presente momento não conhecemos estudos sobre novas metodologias de extração desses pigmentos livres das substâncias químicas tóxicas”, ressaltou.
Nos testes foram utilizados três métodos de extração: por imersão, por lixiviação e por supercrítica, que consiste em explorar as propriedades críticas do dióxido de carbono (comportamento de fluido) como solvente e promover o seu contato com o soluto, utilizando-se uma forma estática de extração.
Nos dois primeiros processos foram utilizados água deionizada, etanol, metanol, éter de petróleo, ciclo hexano e isopropanol como solventes, todos de grau analítico. E tanto no primeiro como no segundo método, o etanol foi o solvente com maior rendimento de extração dos pigmentos.
Os resultados apontaram ainda que a lixiviação (com algumas modificações) foi o método mais eficiente nas extrações dos corantes, com aproximadamente 88% de antocianinas, assim como na recuperação dos solventes.
“Mas como os dois primeiros métodos são simples, baratos e fáceis de serem aplicados, também apresentaram bons resultados. A extração do pigmento roxo pode ser realizada de modo simples e com solvente (etanol) disponível no mercado”, disse o professor da Unicamp.
Tambourgi coordenou diversos projetos apoiados pela FAPESP, entre os quais “Purificação de amilases de Zea mays para a aplicação na hidrólise de amido para uso na indústria alcooleira”, na modalidade Auxílio a Pesquisa – Regular.
O novo estudo foi feito com Felix Martin Cabajal Gamarra, da Faculdade de Engenharia Química, e Edison Bittencourt, do Departamento de Tecnologia de Polímeros, amboa da Unicamp, e com Gisele Costa Leme, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).

Astrofísica e vida

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – Associados a explosões de energia extrema em galáxias distantes, os surtos de raios gama (GRB, na sigla em inglês) são os eventos eletromagnéticos mais luminosos do Universo desde o Big Bang.
Utilizando modelos matemáticos, um pesquisador do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP) avaliou como a ocorrência hipotética de um desses eventos superenergéticos nas proximidades de um planeta afetaria a vida que porventura ali existisse.
O trabalho teórico sugere que os GRB afetariam gravemente os organismos vivos de um planeta com atmosfera semelhante à da Terra ao destruírem boa parte da camada de ozônio.
O estudo de Douglas Galante resultou na primeira tese defendida no Brasil em astrobiologia – campo do conhecimento surgido recentemente, proveniente da necessidade da integração de conceitos de diferentes áreas para a compreensão da origem e evolução da vida na Terra e, eventualmente, em outros lugares do Universo. A pesquisa foi feita em doutorado realizado no IAG com bolsa da FAPESP, no âmbito do Projeto Temático "A matéria hadrônica e QCD em astrofísica: supernovas, GRBs e estrelas compactas", coordenado pelo professor Jorge Horvath, orientador de Galante.
De acordo com Galante, a astrobiologia – uma interface entre a astronomia e a biologia – aborda questões como a formação e detecção de moléculas pré-bióticas em planetas e no meio interestelar, a influência de eventos astrofísicos no surgimento e manutenção da vida na Terra e a análise das condições de viabilidade da vida em outros planetas ou satélites – em especial a vida microbiana.
“Poucos pesquisadores têm trabalhado com astrobiologia no Brasil, por isso a tese foi a primeira na área. Mas ela está ganhando espaço e estamos formalizando a criação de um grupo de estudos nessa área, envolvendo pesquisadores de várias instituições. No IAG, estamos criando também o primeiro laboratório dedicado à pesquisa em astrobiologia”, disse Galante à Agência FAPESP.
O pesquisador, que prepara seu pós-doutorado, explica que o grupo de pesquisas envolve pesquisadores do IAG, do Instituto de Biociências e do Instituto de Oceanografia da USP, além da Universidade Federal do Rio de Janeiro, do lnstituto Nacional de Pesquisas Espaciais e da Pontifícia Universidade Católica de Campinas.
“Meu pós-doutorado consiste na coordenação da construção do novo laboratório no IAG, que será voltado à simulação de ambientes planetários e espaciais e terá possibilidade de estudos com material geológico e biológico. O objetivo é estudar como os microrganismos terrestres sobreviveriam em condições diferentes das que estão acostumados – ou seja, em situações de alta radiação, vácuo, de variações bruscas de temperatura, ou grandes extremos de pressão”, disse.
A astrobiologia, surgida há cerca de 15 anos, tem diversas vertentes, como a busca de vida em outros planetas ou satélites. De caráter especulativo, já que nunca se confirmou a existência de vida extraterrestre, essa vertente se baseia em estudar as condições dos exoplanetas para abrigar vida.
“De forma pragmática, os cientistas procuram fora da Terra planetas com condições de conter material genético. A maneira mais simples para isso é buscar água em estado líquido, uma condição não-suficiente, mas necessária”, disse Galante.
“Mas não podemos garantir que toda vida possua DNA e mesmo as concepções sobre as formas de vida conhecidas atualmente estão mudando, com a descoberta de organismos extremófilos, que conseguem viver no fundo da Terra sem luz, sem água e sob pressões incríveis”, contou.

Início do Universo

No estudo, para quantificar os danos à biosfera, Galante utilizou dois microrganismos como parâmetro biológico: as bactérias Escherichia coli e Deinococcus radiodurans. A primeira extremamente sensível à radiação – em especial a ultravioleta – e a segunda altamente resistente a vários agentes deletérios, como radiação ultravioleta e ionizante, peróxidos orgânicos e dessecação.
“A ideia era descobrir quais seriam os efeitos biológicos de um evento astrofísico superenergético e avaliar como essa radiação iria interagir com a atmosfera e com a biosfera do planeta. O que aprendemos é que o efeito de maior importância não seria o impacto direto da radiação, mas sim a ação da radiação ultravioleta e a influência do vento solar decorrente da destruição da camada de ozônio causada pelos surtos de raios gama”, explicou.
Um evento desse tipo, na avaliação feita por Galante, poderia destruir boa parte da camada de ozônio do planeta se ocorresse em qualquer ponto da galáxia.
“No novo laboratório daremos continuidade a esses estudos, avaliando outras variáveis. Teremos uma grande câmara de vácuo para fazer simulações planetárias e espaciais, além de simuladores solares e várias fontes de radiação”, disse. As instalações do novo laboratório ficarão na sede do IAG em Valinhos (SP), no Observatório Abraão de Moraes.
Para realizar o estudo, foi preciso primeiro modelar a fonte do evento astrofísico e, em seguida, a interação da radiação com a atmosfera. Só depois se pôde entender como os GRB iriam interferir na biosfera. “Utilizamos modelos matemáticos com base em dados experimentais de biologia e dados químicos. O que queremos fazer de agora em diante é irradiar organismos vivos e ver como eles se comportam em diversas situações”, disse Galante.
Os GRB foram descobertos em 1967 por cientistas russos que procuravam detectar testes com armas nucleares. Embora não haja consenso sobre sua origem – especula-se que eles tenham surgido a partir de supernovas – esses eventos são úteis para o estudo da expansão do Universo.
“Eles têm grande importância cosmológica, pois são os eventos astrofísicos de mais alta energia. Servem para medir parâmetros cosmológicos com grande precisão a distâncias imensas, próximas do início do Universo”, disse.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Dinossauro venenoso

Agência FAPESP – Um grupo de cientistas chineses e norte-americanos descobriu um dinossauro venenoso, com aparência de ave, que viveu há cerca de 128 milhões de anos onde hoje está a China.
Trata-se da primeira descrição de veneno na linhagem que deu origem às aves modernas. O estudo será publicado no site e na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences
“Podemos dizer que esse animal era uma ave venenosa. É um achado que certamente terá um grande impacto”, afirmou Larry Martin, professor da Universidade do Kansas e curador do Museu de História Natural e Instituto de Biodiversidade, um dos autores da pesquisa.
O animal descrito, Sinornithosaurus (“ave-lagarto da China”), é um parente próximo do velocirraptor. Viveu em florestas no nordeste da China que continham grande variedade de animais, incluindo outros dinossauros e aves primitivas.
“Tinha o tamanho aproximado de um peru atual e, muito provavelmente, tinha penas. Foi um predador especializado de aves e dinossauros de pequeno tamanho. Era um parente muito próximo do microrraptor, que tinha asas e planava”, explicou Martin.
Segundo o cientista, o veneno não era letal, mas colocava rapidamente a vítima em choque, diminuindo as chances de retaliação ao ataque, de fuga ou de ser devorado por outros predadores. Em pouco tempo o Sinornithosaurus devorava sua presa.
“As vítimas eram atacadas de surpresa. Ele se escondia em uma árvore, por exemplo, e dava o bote por trás. O objetivo era posicionar as mandíbulas. Uma vez que os dentes estavam na pele da presa, o veneno penetrava na ferida, saindo de glândulas e escorrendo pelos dentes. A vítima entrava em choque e observava o predador em ação enquanto era devorada, sem poder reagir”, disse Martin.
O Sinornithosaurus tinha pelo menos duas espécies que, segundo o estudo, empregavam um sistema de veneno semelhante ao de alguns lagartos modernos, como os do gênero Heloderma. Mas tinha dentes mais longos, eficientes para passar pelas camadas de penas de suas vítimas, no caso das aves.
O artigo The birdlike raptor Sinornithosaurus was venomous, de Larry D. Martin e outros, poderá ser lido em www.pnas.org/cgi/doi/10.1073/pnas.0912360107.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Do que tu precisas é de um problema maior

Um dos principais, e primeiros, objectivos da psicoterapia é levar o paciente a relativizar o seu problema ou rede de problemas. Só dessa forma começa a transformação cognitiva que levará a encontrar soluções e a mudar comportamentos. Mostra-se que o problema, seja ele qual for, não é o pior que se pode ter, nem é tão mau como é sentido e imaginado. Ou que, ao invés, tem uma gravidade e consequências que o paciente desconhece. A intenção terapêutica é a de alcançar maior objectividade e menor distorção neurótica. Ora, por mais difíceis e dolorosos que nos pareçam os problemas pessoais, ou os sociais e políticos, nenhum se aproxima da magnitude deste: terá o Universo um sentido?
A melhor resposta, com o truque de ter um título contraditório com a mensagem, é a de Christian de Duve. Tão boa que fui à procura do corpo donde vinham as palavras, e encontrei esta deliciosa entrevista. Ao tempo, 2005, o senhor exibe 88 aninhos cheios de saber e sabedoria. Porque à sua actividade de cientista, no campo da biologia e da química, se juntou uma original visão filosófica da existência e da realidade.
A entrevista é um hino à inteligência, à curiosidade, à longevidade e à alegria — ou seja, é uma fonte de saúde. E posto que não faz sentido viver sem problemas, pois somente os mortos é que não têm com que se preocupar, ao menos que se escolham os melhores problemas. Aqueles que só por serem vislumbrados já nos fazem crescer e partir.

“In: Aspirina B”

Pterossauro que preferia andar

Agência FAPESP – Os pterossauros tinham asas, grandes asas, mas alguns deles preferiam andar a voar. A conclusão é de um novo estudo feito sobre os gigantescos répteis voadores que viveram ao lado dos dinossauros, de 230 milhões a 65 milhões de anos atrás.
A pesquisa contraria a idéia de que todos os pterossauros se alimentavam como as atuais gaivotas, com peixes apanhados em lagos ou mares durante vôos, e indica que alguns estavam altamente adaptados à vida em terra. Os resultados serão publicados em artigo na PLoS ONE.
Mark Witton e Darren Naish, da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido, estudaram um tipo particular de pterossauros, da família Azhdarchidae (que deriva do termo em uzbeque para dragão).
As análises anatômica, de fósseis e de pegadas preservadas indicam que tais animais estavam mais bem adaptados do que outros pterossauros para caminhar e caçar em terra por conta de pernas e crânios alongados, usados para capturar pequenos animais e outros tipos de alimentos no chão.
Os Azhdarchidae não tinham dentes e estavam entre os maiores pterossauros. Alguns tinham asas com envergadura superior a dez metros e eram tão altos como as atuais girafas.
"Os Azhdarchidae se tornaram conhecidos na década de 1970, mas seu modo de vida tem sido objeto de intenso debate. Originalmente foram descritos como comedores de carniça, como os atuais abutres. Depois, foi sugerido que eles enfiavam seus longos bicos na lama em busca de comida e, finalmente, que eles se mantinham ao voar sobre a água, apanhando peixes", disse Naish.
"Mas tudo isso difere radicalmente do que nosso estudo indicou: que se tratava de caçadores terrestres especializados. Todos os detalhes de sua anatomia, e do ambiente em que os fósseis foram encontrados, mostram que eles caminhavam para caçar e se abaixavam para capturar suas presas", afirmou. Ou seja, estariam mais próximos das atuais cegonhas do que das gaivotas.
Quanto ao que eles comiam, segundo os pesquisadores, estavam incluídos pequenos animais e frutas. "Com um crânio de dois metros de comprimento, o tamanho da bocada incluía qualquer coisa a partir de um dinossauro do tamanho de uma raposa", disse Witton.
O artigo A reappraisal of azhdarchid pterosaur functional morphology and paleoecology, de Mark Witton e Darren Naish, poderá ser lido em www.plosone.org.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Congresso Internacional da História

"Os portugueses foram expulsos de Angola, pelo exército português, comandado por Rosa Coutinho."

Infelizmente isto aconteceu em Portugal...!!!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Zidane eternamente cretino diz que está feliz com punição por cabeçada em final de Mundial

O ex-meio-campista francês Zinedine Zidane disse ter ficado satisfeito por ter sido expulso na final da Copa de 2006, depois de dar uma cabeçada no peito do italiano Marco Materazzi, pois assim não tem de conviver com a culpa pela impunidade.
Aquela partida, que a França perdeu por 5 x 3 nos pênaltis, após empate sem gols em 120 minutos, foi a última da carreira de Zidane.
Em entrevista publicada na terça-feira pela revista France Football, o ex-craque diz que aquele cartão vermelho "foi uma coisa boa". "Que bom que o (goleiro italiano Gianluigi) Buffon sinalizou o que eu fiz para o árbitro, porque não foi bonito. Não sei como eu poderia conviver com isso se a França fosse campeã mundial e eu tivesse ficado em campo".
Zidane, destaque na Copa vencida pela França em 1998, disse que na sua opinião houve exagero na reação ao toque de mão de Thierry Henry que foi decisivo para dar a vaga aos franceses na Copa, no último jogo das eliminatórias, contra a Irlanda.
– Muita gente de fora do futebol se envolveu, gente que lhe ama quando você levanta troféus e lhe derruba quando as coisas dão errado. Tenho certeza de que Henry não se orgulha do seu gesto – disse a publicação

“Reuters de Paris”

Um cretino é sempre um cretino!
O homem diz que está satisfeito pela punição que sofreu depois da vergonha da final do ultimo mundial, e até considera exagerada a polemica sobre a descarada mão de Henry que levou ao apuramento dos gauleses, deixando de fora a melhor equipa em campo, a Irlanda.
Na verdade um cretino é sempre um cretino – eternamente!!!

Aquecimento amplificado

Agência FAPESP – Mudanças lentas no cenário terrestre, como o derretimento de massas de gelo, ampliam o aquecimento promovido pela emissão de gases de efeito estufa. A conclusão é de uma pesquisa publicada na revista Nature Geoscience, logo após a 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP15).
O estudo investigou um outro período de aquecimento global, ocorrido há cerca de 4,5 milhões de anos. Segundo o trabalho, uma pequena elevação nos níveis de dióxido de carbono atmosférico esteve associada com um aquecimento global substancial durante o Plioceno Inferior.
O estudo destaca que a sensibilidade da temperatura da Terra a aumentos nos níveis de dióxido de carbono é maior do que as estimativas feitas por modelos climáticos que incluíam apenas mudanças mais rápidas.
O dióxido de carbono e outros gases estufa acumulam o calor na atmosfera, promovendo o aumento nas temperaturas atmosféricas e na superfície dos oceanos. Respostas relativamente rápidas ao processo incluem alterações nos níveis e no comportamento do vapor de água atmosférico, das nuvens e do gelo marinho.
Ana Christina Ravelo, professora de ciências oceânicas na Universidade da Califórnia em Santa Cruz, nos Estados Unidos, um dos autores do estudo, destaca que essas alterações de curto prazo provavelmente disparam mudanças de longo prazo em outros pontos, como na extensão dos mantos de gelo continentais, na cobertura vegetal e na circulação oceânica profunda, que levam a um aquecimento global adicional.
“A implicação é que esses componentes mais lentos no sistema terrestre, uma vez que têm tempo de se alterar e de se equilibrar, podem amplificar os efeitos de alterações pequenas na composição de gases estufa na atmosfera”, disse.
Os pesquisadores usaram amostras obtidas a partir de perfurações no fundo do mar em seis diferentes locais pelo mundo para reconstruir os níveis de dióxido de carbono nos últimos cinco milhões de anos no planeta.
Eles verificaram que durante o Plioceno Inferior e Médio (de 5 milhões a 3 milhões de anos atrás), quando as temperaturas médias globais estavam de 2º C a 3º C acima das atuais, a concentração de dióxido de carbono na atmosfera era semelhante aos níveis atuais, ou 30% maior do que os valores pré-industriais.
“Uma vez que não há indicação de que o futuro se comportará de modo diferente do passado, podemos esperar alguns graus a mais de aquecimento mesmo se mantivermos as concentrações de dióxido de carbono nos níveis atuais”, alertou Mark Pagani, professor de geologia e geofísica na Universidade Yale e outro autor do estudo.
O artigo High Earth-system climate sensitivity determined from Pliocene carbon dioxide concentrations, de Ana Christina Ravelo e outros, pode ser lido na Nature em www.nature.com/naturegeoscience

sábado, 19 de dezembro de 2009

Meu querido Afonso‏

Meu querido Afonso,


Ou Afonsinho, como eu te chamava no tempo em que te educava junto às margens do rio Douro, quando foi do milagre. Eras tão pequenino e enfezadinho.
Afonsinho, em que estavas a pensar quando mais tarde te zangaste com o teu Tio e fundaste Portugal?
Olha só no que deu essa tua travessura:
· No exame final de 12º ano, és apanhado a copiar, chumbas o ano; o primeiro-ministro fez o exame de inglês técnico em casa, mandou por fax e é engenheiro.

· Uma adolescente de 16 anos pode fazer livremente um aborto, mas não pode pôr um 'piercing' (um prego nas trombas, mas em inglês diz-se assim) .
· Um jovem de 18 anos recebe 200 € do Estado para não trabalhar; um idoso recebe de reforma 236 € depois de toda uma vida de trabalho.
· Um marido oferece um anel à sua mulher e tem de declarar a doação ao fisco. O mesmo fisco penhora indevidamente o salário de um trabalhador e demora 3 anos a corrigir o erro.
· Nas zonas mais problemáticas das áreas urbanas existe 1 polícia para cada 2.000 habitantes; o Governo diz que não precisa de mais polícias.
· Um professor é sovado por um aluno e o Governo diz que a culpa é das causas sociais.
· O café da esquina fechou porque não tinha WC para homens, mulheres e empregados. No Forum Montijo, o WC da Pizza Hut fica a 100mts e não tem local para lavar as mãos.
· O governo incentiva as pessoas a procurarem energias alternativas ao petróleo e depois multa quem coloca óleo vegetal nos carros, porque não paga ISP (Imposto sobre produtos petrolíferos).
· Nas prisões, são distribuídas gratuitamente seringas por causa do HIV, mas é proibido consumir droga nas prisões!
· Um jovem de 14 anos mata um adulto, não tem idade para ir a tribunal. Um jovem de 15 leva um chapada do pai, por ter roubado dinheiro para droga, é violência doméstica!
· A uma família a quem a casa ruiu e não tem dinheiro para comprar outra, o estado não tem dinheiro para fazer uma nova, tem de viver conforme pode. 6 presos que mataram e violaram idosos vivem numa cela de 4 e sem wc privado, não estão a viver condignamente e aí a associação de direitos humanos faz queixa ao tribunal europeu.
· Aos militares que combateram em África, a mando do governo da época, na defesa do território nacional não lhes é reconhecido nenhuma causa nem direito de guerra, mas o primeiro-ministro elogia as tropas que estão em defesa das Pátrias do KOSOVO, AFEGANISTÃO E IRAQUE, não da Pátria que fundaste.
· Começas a descontar em Janeiro o IRS e só vais receber o excesso em Agosto do ano que vem; não pagas às finanças a tempo e horas, passado um dia, já estás a pagar juros.
· Fechas a janela da tua varanda e estás a fazer uma obra ilegal. Constrói-se um bairro de lata e ninguém vê.
· Se o teu filho não tem cabeça para a escola e com 14 anos o pões a trabalhar contigo num ofício respeitável, é exploração de trabalho infantil. Se és artista e o teu filho com 7 anos participa em gravações de telenovelas 8 horas por dia ou mais, a criança tem muito talento, sai ao pai ou à mãe!
· Numa farmácia pagas 0.50€ por uma seringa que se usa para dar um medicamento a uma criança. Se fosses drogado, não pagavas nada!
· Afonsinho, de novo te pergunto e por favor responde-me: em que estavas a pensar quando fundaste Portugal? Carago, foi uma diarreia mental que tiveste, confessa lá que foi! Agora todos estão desiludidos. Já te falarei um dia na corrupção. O Gonçalo Mendes da Maia que tu tanto criticavas por querer tudo, era um ingénuo, não era nada ao lado desta gangada, nossos descendentes.
Se vires a senhora tua Mãe, dá-lhe recados.
Um beijo do teu servidor sempre fiel,

Egas Moniz

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Redes sem vermes

Agência FAPESP – Um grupo de pesquisadores nos Estados Unidos desenvolveu uma nova estratégia para combater uma das piores pragas da internet, os worms (vermes, em inglês).
Esses são programas com a capacidade de se multiplicar sozinhos por redes de computadores, infectando um grande número de máquinas. Diferentemente dos vírus, os worms não precisam estar associados a um programa instalado no computador atacado. Eles vasculham a internet aleatoriamente, em busca de pontos frágeis para invadir.
Ness Shroff, professor da Universidade do Estado de Ohio, e colegas descrevem em artigo na edição atual da revista IEEE Transactions on Dependable and Secure Computing um método que, afirmam, ajudará os administradores de rede a identificar e isolar máquinas infectadas, mantendo-as em quarentena para reparos, sem que afetem outros terminais.
"Os worms se espalham muito rapidamente. Eles aumentam o tráfego da internet espalhando lixo ou sobrecarregam redes, fazendo com que elas caiam", disse Shroff.
Um dos mais nocivos worms foi o Code Red, que em 2001 causou prejuízos estimados em US$ 2,6 bilhões em perda de produtividade em empresas de todo o mundo. Foram infectados mais de 350 mil computadores em menos de 14 horas. Nos Estados Unidos, o programa também derrubou sistemas de controle de trânsito e até mesmo o call center 911, usado para emergência.
Em busca de maneiras de barrar a infecção digital ainda em seus estágios iniciais, antes que provoquem muitos danos, os pesquisadores desenvolveram um modelo matemático para avaliar a proliferação. O modelo calcula a probabilidade e a intensidade de um worm se espalhar, de acordo com o número máximo de varreduras (interações com a rede) que uma determinada máquina realizou antes de cair.
Em simulações computacionais contra o Code Red, os método foi capaz de fazer com que o worm se limitasse a atingir menos de 150 máquinas em toda a internet. O modelo também foi experimentado com sucesso contra o SQL Slammer, que surgiu em 2003.
O método inclui colocar em quarentena qualquer máquina que realizar mais de 10 mil varreduras em uma rede, número muito superior à média mensal de interação de um terminal com a rede na qual se encontra conectado.
"A questão é que uma máquina infectada atinge esse número muito rapidamente. Um worm precisa atingir muitos endereços IP [de cada máquina] para que possa se proliferar", disse Shroff.
Para utilizar o método, administradores de sistemas precisam instalar softwares que monitorem o número de varreduras efetuado em suas redes. Devem também prever eventuais queda na performance após colocarem terminais ou partes da rede em quarentena.
"É uma boa alternativa, mas, infelizmente, não se trata de uma solução completamente à prova de falhas. O ponto principal é que precisamos continuar a desenvolver constantemente técnicas que limitem a capacidade de danos de vírus, worms" ou outros programas maliciosos", disse Shroff.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Ossos bovinos na fabricação de cerâmica

Por Fabio Reynol

Agência FAPESP – A utilização de ossos de boi como parte de matérias-primas de peças cerâmicas confere uma qualidade superior aos produtos acabados. Essa técnica de fabricação é dominada atualmente somente pela Inglaterra, mas o Brasil acaba de dar um importante passo para ingressar nesse mercado.
Douglas Gouvêa, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, vem, desde 2004, decifrando esse processo produtivo por meio do projeto “Desenvolvimento do processo nacional para a fabricação de porcelana de ossos – bone china”, que tem apoio da FAPESP por meio da modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular.
Diferentemente da técnica inglesa, que utiliza cerca de 50% de osso bovino calcinado na composição da peça, na versão brasileira o teor desse material ficou em torno de 2%.
“Utilizamos o osso como um ativador do fundente, no caso, o feldspato”, disse Gouvêa, esclarecendo que o osso proporciona uma queima mais rápida e ainda auxilia a formação de nanocristais, fazendo a peça ficar mais translúcida e, desse modo, mais valorizada comercialmente.
A pesquisa também obteve vantagens econômicas para a indústria de porcelana, com a diminuição na temperatura de sinterização (fusão das matérias-primas em pó) de 50º C a 70º C.
“Se imaginarmos um forno com seis toneladas de material, dez graus a menos representam uma economia considerável de tempo e de energia empregada”, explicou.
A qualidade da cerâmica adicionada de osso também é superior à das similares tradicionais. Além da aparência mais translúcida, a bone china é menos porosa e apresenta resistência maior à flexão e ao impacto.
A equipe de Gouvêa já fez ensaios de impacto registrando um considerável aumento na resistência mecânica. O grupo agora pretende efetuar testes de flexão e de alvura nas peças com adição de osso.
Matéria-prima abundante
O osso bovino é uma matéria-prima abundante no Brasil, que conta com um rebanho de cerca de 200 milhões de cabeças de gado. O professor da Escola Politécnica da USP explica que o material, subproduto da indústria de corte, passou a receber destinações menos nobres após a proibição internacional de utilizá-lo como aditivo de ração animal desde o advento da doença da vaca louca.
Por conta disso, o osso bovino tem servido basicamente para fabricar fertilizantes vegetais. Segundo o pesquisador, a utilização pela indústria cerâmica empregaria essa matéria-prima em produtos de maior valor agregado.
Diferentemente dos ossos de outros animais, o bovino confere um alto grau de alvura à cerâmica. Isso se deve ao fato de seu material agregado, como sangue e gordura, se desprender mais facilmente ao ser aquecido em autoclaves.
Resquícios desses materiais deixam na peça elementos indesejáveis como o ferro, por exemplo. “Ao oxidar, esse mineral deixa a cerâmica com aspecto acinzentado. Aliado ao processo de calcinação, o osso bovino torna-se quase isento de materiais orgânicos”, explicou Gouvêa.
A próxima etapa da pesquisa é desenvolver o processo de esmaltação, que será aplicado no revestimento das peças. “Como a bone china dilata mais do que a cerâmica comum, temos que encontrar um esmalte que se adapte a esse processo”, disse.

Dilemas do crescimento sustentável

Por Alex Sander Alcântara

Agência FAPESP – A continuidade do crescimento econômico é compatível com o que se convencionou chamar de sustentabilidade? O progresso social sempre dependerá do crescimento econômico? As análises usadas para se avaliar essa relação estão baseadas em convenções ultrapassadas, criadas quando nem se percebia a existência do aquecimento global?
Essas e outras questões estão no centro das discussões do livro Mundo em Transe: Do aquecimento global ao ecodesenvolvimento, do economista e especialista em desenvolvimento sustentável José Eli da Veiga.
O livro, que chega durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP15), que esta a decorrer em Copenhague, na Dinamarca, está centrado principalmente na discussão do aquecimento global, mas também discute a transição para a economia de baixo carbono e a questão do monitoramento do ecodesenvovimento.
Segundo o autor, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP), a transição para uma economia de baixo carbono já avançou mais do que se imagina.
“Esse processo começou há mais de 35 anos com a Dinamarca, que tomou a decisão política de reduzir a dependência do petróleo desde a primeira grande crise energética, na década de 1970, buscando alternativas que não comprometessem seu desenvolvimento”, disse à Agência FAPESP.
Mas, segundo Veiga, a questão é que, apesar de ter avançado muito também em outros países, a redução de emissão de carbono não resolve o problema, uma vez que “as emissões continuam aumentando”.
Na visão do autor, o que estimula as nações a se engajarem na transição ao baixo carbono é a visão de que o combate ao aquecimento global criará uma nova era de progresso e prosperidade.
“A descarbonização foi apenas relativa, pois, como se sabe, não resultou em movimento ao baixo carbono em termos absolutos. As emissões globais oriundas do uso de energias fósseis são cerca de 60% superiores às de 1980 e 80% acima das de 1970. Pior: são 40% superiores às de 1990, o ano base do Protocolo de Kyoto”, indicou.
O dilema, segundo Veiga, é que se de um lado houve redução do consumo de carbono por meio de inovações tecnológicas, de outro a escala da economia continua aumentando, anulando a redução que se obteve por meio do avanço tecnológico.

Segurança energética
O livro está dividido em quatro capítulos que “podem ser lidos separadamente, como se fossem ensaios autossuficientes”, segundo Veiga, mas que envolvem um encadeamento lógico fundamental.
Além da transição para o baixo carbono e da relação entre crescimento e sustentabilidade, o autor avança na discussão sobre o conceito de “decrescimento versus condição estável”. De acordo com o docente da USP, por mais que possa ser reduzida a intensidade de carbono da economia global, isso não aliviará a já excessiva pressão humana sobre os ecossistemas.
“Outro ponto que discuto é que não é óbvia a possibilidade de compatibilizar essa exigência de sustentabilidade ambiental com o anseio por mais crescimento econômico. A necessidade de superar o crescimento se coloca de forma inteiramente diferente segundo o grau de desenvolvimento atingido”, analisou.
Segundo Veiga, o pano de fundo na discussão em torno do aquecimento global não pode se limitar à pauta “altruísta”, segundo a qual os países deveriam ter um “compromisso ético com as próximas gerações por um mundo melhor”.
“Isso é importante e legítimo, mas tento inverter essa lógica. Tento mostrar que conta mais o problema da segurança energética no mundo hoje. E, em segundo lugar, que essa questão da segurança energética exige uma transição para energias renováveis e que isso é uma mostra de novas oportunidades para outra etapa do capitalismo. Esses dois problemas eminentemente econômicos pesam mais”, afirmou.
No último capítulo, Como monitorar o ecodesenvolvimento, o autor mostra como se mensura o desempenho econômico, a qualidade de vida e de como “não se mede ainda a sustentabilidade ambiental”.
“Será necessário monitorar o desenvolvimento sustentável com indicadores menos toscos que o Produto Interno Bruto e o Índice de Desenvolvimento Humano”, destacou.


Mais informações: www.autoresassociados.com.br

sábado, 12 de dezembro de 2009

A CORAGEM MORAL E A AUTO-DISCIPLINA

A coragem é a manifestação silenciosa da disciplina interior que, com dignidade, tudo suporta, tudo sofre por lealdade, consciência da verdade e do dever.
A coragem moral realiza o ser humano plenamente, prontifica o espírito a indagar, a dizer a verdade, a ser justo, fraterno e honrado, a resistir à corrupção, cumprindo com alegria e otimismo o seu dever.
O ser humano que não alcançou o controle do seu interior, não consegue viver esta potencialidade que se chama coragem moral.
Cada ação da vida humana exige reflexão, consciência, coragem moral.
Sempre que o ser humano descobre e tenta expor a verdade, tem que lutar contra a detratação, a calúnia, a infâmia, a injúria e a perseguição.
Aquele que vive com coragem moral não se deixa abater, nem se intimidar com a difamação que possam lhe fazer às costas e às murmurações dos que se sentem incomodados pela verdade apresentada. Está disciplinado a suportar com visão crítica os conceitos emitidos em face de sua pessoa.
A coragem moral é a mais forte expressão do ser humano que se conhece.


“Leocádio José Correia”

Dinossauros surgiram na América do Sul

Agência FAPESP – Um fóssil descoberto no Novo México, nos Estados Unidos, que pertence ao grupo dos terópodes – do qual fazem parte o tiranossauro e o velocirraptor –, indica que os primeiros dinossauros surgiram na atual América do Sul, de onde se dispersaram pelo mundo.
Comparado com os registros fósseis do Jurássico e do Cretáceo, o retrato da vida dos dinossauros no Triássico Superior não traz a mesma clareza. Sabe-se que os dinossauros se dividiram, nesse último período, em três grupos principais – terópodes, sauropodomorfos e ornitisquia –, mas os fósseis são raros e, quando encontrados, incompletos.
Sterling Nesbitt, da Divisão de Paleontologia do Museu Americano de História Natural, em Nova York, e colegas descrevem em artigo publicado nesta sexta-feira (11/12), na revista Science, esqueletos quase completos de um dinossauro terópode do Triássico Superior.
Os cientistas deram à espécie, que viveu há cerca de 214 milhões de anos, o nome de Tawa hallae. O nome reúne a palavra em hopi (língua de povo indígena norte-americano) para o deus do sol (Tawa) com uma homenagem à paleontóloga amadora Ruth Hall, mulher de Jim Hall, fundador do Ghost Ranch, sítio em que os fósseis foram encontrados.
O dinossauro era carnívoro e media cerca de 2 metros de comprimento e 70 centímetros de altura. Tinha uma mistura de características de espécies que vieram tanto antes como depois. Com os predecessores, compartilhava o formato de sua pelve, por exemplo. Com seus sucessores, dividia características como vértebras com espaços cheios de ar.
A semelhança da pelve com o anterior herrerassauro, encontrado na Argentina, foi destacada pelos cientistas, uma vez que essa espécie tem sido muito discutida desde que foi encontrada, na década de 1960. O novo estudo afirma que as características que o herrerassauro compartilha com o Tawa hallae comprovam que o primeiro era também um terópode. O que reforça a teoria da origem sul-americana.
Mas o grupo também analisou as relações evolucionárias da nova espécie com dinossauros conhecidos do Triássico Superior. A partir da complexidade e da diversidades dessas relações, os pesquisadores concluíram que os terópodes então encontrados na América do Norte não eram endêmicos e que seus predecessores possivelmente se originaram na América do Sul.
Foi apenas após a divergência em terópodes, sauropodomorfos (como o apatossauro) e ornitisquia (como o tricerátops), ocorrida há mais de 220 milhões de anos, que os dinossauros se dispersaram por todo o mundo Triássico, em um momento em que os continentes ainda se encontravam reunidos na Pangeia.
O artigo A Complete Skeleton of a Late Triassic Saurischian and the Early Evolution of Dinosaurs, de Sterling Nesbitt e outros, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A NOVA LÍNGUA PORTUGUESA

Desde que os americanos se lembraram de começar a chamar aos pretos 'afro-americanos', com vista a acabar com as raças por via gramatical, isto tem sido um fartote pegado!
As criadas dos anos 70 passaram a 'empregadas domésticas' e preparam-se agora para receber a menção de 'auxiliares de apoio doméstico' .
De igual modo, extinguiram-se nas escolas os 'contínuos' que passaram todos a 'auxiliares da acção educativa'.
Os vendedores de medicamentos, com alguma prosápia, tratam-se por 'delegados de informação médica'.
E pelo mesmo processo transmudaram-se os caixeiros-viajantes em 'técnicos de vendas '.
O aborto eufemizou-se em 'interrupção voluntária da gravidez';
Os gangs étnicos são 'grupos de jovens'
Os operários fizeram-se de repente 'colaboradores';
As fábricas, essas, vistas de dentro são 'unidades produtivas'e vistas da estranja são 'centros de decisão nacionais'.
O analfabetismo desapareceu da crosta portuguesa, cedendo o passo à 'iliteracia' galopante.
Desapareceram dos comboios as 1.ª e 2.ª classes, para não ferir a susceptibilidade social das massas hierarquizadas, mas por imperscrutáveis necessidades de tesouraria continuam a cobrar-se preços distintos nas classes 'Conforto' e 'Turística'.
A Ágata, rainha do pimba, cantava chorosa: «Sou mãe solteira...» ; agora, se quiser acompanhar os novos tempos, deve alterar a letra da pungente melodia: «Tenho uma família monoparental...» - eis o novo verso da cançoneta, se quiser fazer jus à modernidade impante.
Aquietadas pela televisão, já se não vêem por aí aos pinotes crianças irrequietas e «terroristas»; diz-se modernamente que têm um 'comportamento disfuncional hiperactivo'
Do mesmo modo, e para felicidade dos 'encarregados de educação' , os brilhantes programas escolares extinguiram os alunos cábulas; tais estudantes serão, quando muito, 'crianças de desenvolvimento instável'.
Ainda há cegos, infelizmente. Mas como a palavra fosse considerada desagradável e até aviltante, quem não vê é considerado 'invisual'. (O termo é gramaticalmente impróprio, como impróprio seria chamar inauditivos aos surdos - mas o 'politicamente correcto' marimba-se para as regras gramaticais...)
As putas passaram a ser 'senhoras de alterne'.
Para compor o ramalhete e se darem ares, as gentes cultas da praça desbocam-se em 'implementações', 'posturas pró-activas', 'políticas fracturantes' e outros barbarismos da linguagem.
E assim linguajamos o Português, vagueando perdidos entre a «correcção política» e o novo-riquismo linguístico.
Estamos lixados com este 'novo português'; não admira que o pessoal tenha cada vez mais esgotamentos e stress. Já não se diz o que se pensa, tem de se pensar o que se diz de forma 'politicamente correcta'.


E falta ainda esclarecer que os tradicionais "anões" estão em vias de passar a "cidadãos verticalmente desfavorecidos"...
Os idiotas e imbecis passam a designar-se por "indivíduos com atitude não vinculativa"
Os pretos passaram a ser pessoas de cor.
O mongolismo passou a designar-se síndroma do cromossoma 21.
Os gordos e os magros passaram a ser pessoas com disfunção alimentar.
Os mentirosos passam a ser "pessoas com muita imaginação"
Os que fazem desfalques nas empresas e são descobertos são "pessoas com grande visão empresarial mas que estão rodeados de invejosos"
Para autarcas e políticos, afirmar que "eu tenho impunidade judicial", foi substituído por "estar de consciência tranquila".
O conceito de corrupção organizada foi substituído pela palavra "sistema".
Difícil, dramático, desastroso, congestionado, problemático, etc., passou a ser sinónimo de complicado.

O Exército devia servir para mais alguma coisa

O Chefe de Estado-Maior do Exército afirmou que quer ver os militares nas ruas a cooperar com as forças de segurança interna, mesmo que para o efeito seja necessário proceder a alterações na lei.
Mais do que apoiar esta interessante posição, importa dizer que Portugal já deveria a muito tempo ter passado a utilizar as forcas armadas, nomeadamente o exercito em tarefas publicas que lhe possam ser atribuídas.
Por exemplo; no Brasil: o exercito tem um contributo incrível na construção e apoio em de obras publicas nomeadamente construção de estradas, e outras tarefas, o que se traduz numa economia financeira e aproveitamento de meios.
Em Portugal, porque razão, nomeadamente o exercito, entre outras forcas militarizadas, não são utilizadas, por exemplo; na prevenção de fogos florestais, apoio na limpeza de matas, abertura de caminhos e trilhos, e outras tarefas que podem ser desempenhadas pelos militares, ainda mais que até existem, ou existiam; batalhões de engenharia, etc.
Sei que ainda existe hoje uma fronteira legal entre a segurança interna e externa, bem como a liberdade de utilização em termos constitucionais do exercito, mas isso deveria ser alterado a muito curto prazo, para possibilitar uma utilização funcional das forcas armadas, e nomeadamente a utilização do exercito.
A lei de Defesa Nacional tem que ser alterada a curto prazo, para tornar Portugal um País avançado nesta área, e não uma nação estática e que tem forcas armadas apenas para cumprir calendário.
Uma outra questão; mais do que importante de se analisar, é a que nos indica que oficialmente o exercito esta com falta de elementos, pois segundo dados oficiais deveria ter nas suas fileiras 25.701 elementos, quando na realidade tem somente 23.265 elementos.
Sendo eu um dos que se bateu politicamente nos locais próprios, pelo fim do SMO, também sou hoje um dos que acusa frontalmente o poder político de ser o responsável pelo fim do serviço militar obrigatório, sem uma continuada programação, tal como ficou estabelecido a quando da alteração, mas que foi sendo adulterado pelos sucessivos governos pós Ministro Fernando Nogueira.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Estamos com fome de amor...

O que temos visto por ai ???
Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micro e transparentes.

Com suas danças e poses em closes ginecológicos, cada vez mais siliconadas, corpos esculpidos por cirurgias plásticas, como se fossem ao supermercado e pedissem o corte como se quer... mas???
Chegam sozinhas e saem sozinhas...
Empresários, advogados, engenheiros, analistas, e outros mais que estudaram, estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos...

Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dancer", incrível.
E não é só sexo não!
Se fosse, era resolvido fácil, alguém dúvida?
Sexo se encontra nos classificados, nas esquinas, em qualquer lugar, mas apenas sexo!
Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho, sem necessariamente, ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico na cama ... sexo de academia . . .
Fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçadinhos, sem se preocuparem com as posições cabalísticas...

Sabe essas coisas simples, que perdemos nessa marcha de uma evolução cega?
Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção...
Tornamo-nos máquinas, e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós...
Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada nos sites de relacionamentos "ORKUT", "PAR-PERFEITO" e tantos outros, veja o número de comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra viver sozinho!"
Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários, em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis. Se olharmos as fotos de antigamente, pode ter certeza de que não são as mesmas pessoas, mulheres lindas se plastificando, se mutilando em nome da tal "beleza"...
Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento, e percebemos a cada dia mulheres e homens com cara de bonecas, sem rugas, sorriso preso e cada vez mais sozinhos....
Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário...
Pra chegar a escrever essas bobagens? (mais que verdadeiras) É preciso ter a coragem de encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa...
Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia isso é julgado como feio, démodê, brega, famílias preconceituosas...
Alô gente!!! Felicidade, amor, todas essas emoções fazem-nos parecer ridículos, abobalhados...
Mas e daí? Seja ridículo, mas seja feliz e não seja frustrado...
"Pague mico", saia gritando e falando o que sente, demonstre amor...
Você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta mais...
Perceba aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, ou talvez a pessoa que nada tem a ver com o que imaginou mas que pode ser a mulher da sua vida... ou aquela que sempre esteve presente em sua vida e você não teve tempo para reparar...
E, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois e uma vida à dois...
Quem disse que ser adulto é ser ranzinza?
Um ditado tibetano diz: "Se um problema é grande demais, não pense nele... E, se é pequeno demais, pra quê pensar nele?"
Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo, assistir desenho animado, rir de bobagens ou ser um profissional de sucesso, que adora rir de si mesmo por ser estabanado...
O que realmente não dá é para continuarmos achando que viver é out... ou in...
Que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo, que temos que querer a nossa mulher 24 horas maquiada, e que ela tenha que ter o corpo das frutas tão em moda na TV, e também na playboy e nos banheiros. Eu duvido que nós homens queiramos uma mulher assim para viver ao nosso lado, para ser a mãe dos nossos filhos. Gostamos sim de olhar, e imaginar a gostosa, mas é só isso, as mulheres inteligentes entendem e compreendem isso.
Queira do seu lado a mulher inteligente: "Vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois, ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida"...
Por que ter medo de dizer isso, por que ter medo de dizer: "amo você", "fica comigo"?
Então, não se importe com a opinião dos outros. Seja feliz!
Antes ser idiota para as pessoas que infeliz para si mesmo!
Para ler, divulgar e . . . praticar !
“Arnaldo Jabor”

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Abrigo gelado

Agência FAPESP – O maior episódio de extinção em massa na história da Terra, ocorrido há cerca de 252 milhões de anos no fim do período Permiano, pode ter sido causado pelo aquecimento global.
E uma espécie fossilizada descoberta em nova pesquisa sugere que alguns animais terrestres podem ter sobrevivido à extinção por terem se refugiado em locais mais frios, como a Antártica.
Denominada Kombuisia antarctica, a espécie foi identificada por Jörg Fröbisch e Kenneth Angielczyk, do Museu Field, em Chicago, e Christian Sidor, da Universidade de Washington. A descoberta foi publicada nesta quinta-feira (3/12) na revista Naturwissenschaften.
A espécie pertence a um grande e extinto grupo de parentes distantes dos mamíferos, chamados anomodontes, que eram os herbívoros mais frequentes e dominantes no período.
“Havia membros desse grupo que cavavam a terra, andavam na superfície e viviam nas árvores. Entretanto, a Kombuisia antarctica, que tinha o tamanho de um gato doméstico atual, era consideravelmente diferente dos mamíferos atuais. Ela colocava ovos, não cuidava das crias pequenas e não tinha pelo. Talvez nem mesmo tivesse sangue quente”, disse Angielczyk.
A espécie não era ancestral direto dos mamíferos atuais, mas estava entre as poucas linhagens de animais que sobreviveram em um momento em que a maior parte das formas de vida simplesmente desapareceu.
Os cientistas ainda debatem o que teria causado a extinção do fim do Permiano. Mas estima-se que o fenômeno tenha sido associado com uma atividade vulcânica de grandes proporções na atual Sibéria que pode ter provocado o aquecimento global.
Quando a Antártica serviu de refúgio naquele momento de temperaturas que se elevavam, o continente estava ao norte de sua localização atual, era mais quente e não estava coberto permanentemente com um manto de gelo.
O refúgio da Kombuisia antarctica na Antártica, segundo os autores do estudo, provavelmente não foi resultado de uma migração sazonal mas de uma alteração que levou o hábitat do animal mais para o sul do planeta.
Evidências fósseis sugerem que animais de pequeno e médio porte foram mais bem-sucedidos na hora de escapar de uma extinção em massa do que os animais maiores. O motivo é que os menores podem ter adotado comportamentos como hibernação, torpor e encontrar abrigo sob a superfície.
“A nova descoberta preenche uma lacuna no registro fóssil e contribui para um melhor entendimento da sobrevivência dos vertebrados durante a extinção em massa do fim do Permiano tanto do ponto de vista geológico como ecológico”, disse Fröbisch.
Os pesquisadores encontraram os fósseis da nova espécie entre exemplares coletados há mais de três décadas na Antártica e que fazem parte de uma coleção do Museu Americano de História Natural, em Nova York.
“Na época em que esses fósseis foram coletados, paleontólogos trabalhando na Antártica procuravam evidências da existência do supercontinente Pangeia, que depois se dividiu em massas terrestres distintas”, disse Angielczyk.
Segundo ele, os fósseis encontrados forneceram algumas das primeiras evidências da existência de Pangeia e a continuação de sua análise poderá ampliar o conhecimento humano a respeito de eventos que ocorreram há 250 milhões de anos.
O artigo pode ser lido por assinantes da Naturwissenschaften em www.springerlink.com/content/100479.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Misericórdiapara o frade em fraude

Dizem-me, agora, historiadores: Frei Miguel Contreiras nunca existiu. Era tido como fundador, em 1498, da Misericórdia, tendo influenciado a viúva de D. João II, a rainha D. Leonor de Lencastre, de quem era confessor. Pois confessor coisa nenhuma, não consta ninguém próximo da rainha com aquele nome. Nem, tão-pouco, houve um frade da Ordem da Santíssima Trindade assim chamado. O nome só aparece em 1574, quando a referida ordem estava em crise e lhe iam retirar conventos para os dar aos monges cartuxos. Numa tentativa de recuperar o prestígio, os trinitários inventaram o seu frade, dando como prova uma pintura com esta legenda: "FMI." Esse foi o fundo monetário dos trinitários, que diziam que aquilo significava "Frei Miguel Instituidor". Fundador (instituidor), pois, da Misericórdia. Ora, mais provavelmente, aquilo queria dizer tão-só "Fraternitatis Misericordiae Institutio" (Instituto da Irmandade da Misericórdia). E agora? Dizem- -me que o autocarro da Carris, carreira 727, que parte da Avenida das Descobertas, no Restelo, e atravessa Lisboa a caminho do Areeiro, pode cair num buraco negro: a penúltima paragem é lá, na Avenida Frei Miguel Contreiras. Pois eu digo: mantenham o nome. Chão mais português não pode haver.

“Ferreira Fernandes”