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sábado, 31 de maio de 2008

A SINCERIDADE DA LOUCURA

Sequer havia necessidade de dizê-lo. Eu me revelo, como já se disse, com o meu rosto de meus olhos e, se alguém quisesse me tomar por Minerva ou pela Sabedoria, eu o haveria de desiludir sem palavras, por um só olhar que é o espelho menos mentiroso da alma. Não uso disfarce, não dissimulo no rosto o que não sinto no coração. Sou sempre igual a mim mesma. Não ponho a mascara, como aqueles que pretendem representar um papel de sábios e andam desfilando como macacos vestidos de púrpura e como asnos com pele de leão. Que se vistam com disfarces quando quiserem, que as suas orelhas sobressalentes revelarão sempre um Midas oculto.
Na realidade, é uma espécie ingrata de homens, conquanto pertencentes à minha clientela, espécie que se envergonha publicamente do meu nome, mas ousa aplicá-lo a outros como ofensa. Esses são os mais loucos, os morotatoi [arquiloucos, superloucos], que querem passar por sábios, como se fossem Tales (Tales de Mileto [636-546 a.c.], matemático e filosofo, um dos sete sábios da antiga Grécia). Não deveríamos portanto, chamá-los morosophoi, sábios loucos?

‘Erasmo de Rotterdam’


E SER LOUCO É...

Ser louco é ser São, e conseguir pensar livremente, sem que alguém nos possa materializar idéias, pré-concebidas, deturpando assim aquilo que realmente pensamos...
Sim, ao contrario do que muitos possam imaginar um verdadeiro “Louco” realmente pensa. Pensa até muito mais do que um cidadão dito normal. Um louco não mente, diz aquilo que realmente sente e pensa. Não vai dizer que está bom, quando lhe dói a cabeça, só para agradar a quem o está a escutar. Não vai deixar de gritar, apenas porque alguém quer silencio, não vai dizer que a Sogra é boa gente, quando ela não passa de uma “filha da puta”, não vai dizer quer a vizinha é bonita e simpática quando na realidade todos estão a ver que é feia como a noite dos trovoes e antipática como um fiscal das finanças....
Um louco, verdadeiramente louco, é aquilo que de mais verdadeiro se pode encontrar no planeta, e apenas lhe chamam louco, porque têm inveja de não conseguir ser como ele; verdadeiros, frontais, e então são dissimulados, escondem-se por detrás de capas ridículas, são os tais sábios que Erasmo tão bem retrata, e que não passam mesmo de uma imensa clientela de faz de contas... que se armam em Sãos...
Quando escutamos a seguinte frase
“O tipo diz tudo que nem um louco...”
... não estamos mais do que a ouvir a realidade, e ao invés do que se possa pensar, a escutar um elevado elogio, pois ser louco é ser eu próprio, sendo verdadeiro, e totalmente frontal... sendo louco (para os outros) obviamente.
Há como é bom ser louco!!!

‘João Massapina

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