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quarta-feira, 4 de junho de 2008

NIETZSCHE – MOMENTO 2008-06-04

Tal como Nietzsche, também eu fui filólogo, e talvez ainda o seja, em muitos, e muitos momentos da minha vida. Sou, assumo que sou; um especialista em leituras lentas, e que acabo por também escrever lentamente. Não escrevo nada que não me deixe ter tempo de escrever, para assim me poder manter afastado, analisador, tomar tempo, tornar-me silencioso, uma arte que requer um trabalho subtil e delicado e que não se pode realizar com total exatidão, paixão, orgasmo prazeroso se não for feita com a necessária lentidão.

João Massapina

http://afilologia.blogspot.com/


DUVIDAR QUE SE DUVIDA

“Que travesseiro fofo é a duvida para uma cabeça bem feita!”
Estas palavras de Montaigne, (Michel Eyquem de Montaigne, (1533-1592), escritor e pensador francês, a citação é extraída de uma das suas obras – Ensaios III, XIII) sempre exasperaram Pascal, (Blaise Pascal, (1623-1662), matemático, físico e filosofo francês), pois ninguém como ele tinha exatamente tanta necessidade de um travesseiro fofo. A que se referia isso, pois?

‘Friedrich Nietzsche’

NUNCA A CERTEZA É ALGO CERTO...

Nunca a certeza que temos nisto, ou naquilo, pode ser considerado como algo certo, certíssimo, exato, pois que na última da hora tudo pode mudar, e aquilo que antes era certo vira incerto. A importância de um travesseiro fofo para repousar uma cabeça pensadora é algo determinante para amadurecer idéias, projetos, e até mesmo vinganças...
Bom! Neste último caso, mais do que amadurecer ou projetar, trata-se de esfriar, pois uma vingança serve-se sempre como prato requintado e frio, e no momento e hora certa!
Nunca se deve ter a certeza de nada, e deve-se duvidar sempre, até que tenhamos a certeza de que é exatamente aquilo que está correto, daí que no caso das vinganças, elas se devem servir frias, para não se cometer erros de juízo de valor, e muito menos, para o prato ser servido ainda a quente, o que normalmente provoca má digestão...
A história de um travesseiro fofo para uma duvida não é mais do que a possibilidade de se deixar dormir, e acabar por não pensar exatamente o que importava.
No entanto, eu que gosto de travesseiros grandes, duros e altos, discordo, pois que; nada existe de melhor do que uma boa noite de tranqüila meditação, sobre um travesseiro aconchegante, aos nossos gostos. É muitas vezes é ai que medito na resolução das questões, e que sem duvida arquiteto as vinganças que posso e devo levar a efeito.
Podem perguntar:
Mas afinal este gajo vive de vinganças?
Na verdade, todos nos vivemos um pouco disso mesmo. Observem:
O padeiro nos entrega o pão da manhã que é uma lastima. Nós vamos vingar-nos; e na manhã seguinte o dispensamos e mudamos de padaria fornecedora. Você acha mesmo que; alguém de bom senso vai andar toda uma vida a comer um pão que é uma lastima, podendo mudar e comer algo que se veja?
O almoço naquele restaurante, aonde ia á mais de 10 anos, cada dia estava a ficar mais mal confeccionado, e mais caro. Nada melhor do que mudar para aquele bar agradável que fica mesmo ao lado, e que serve uns almoços de se tirar o chapéu, mas o importante é passar mesmo na porta do antigo restaurante, e que o dono nos veja entrar no vizinho concorrente.
Então, você acha que é educado, manter a tradição só porque já estamos habituados aos bifes duros que nem cornos, e aos passeios das baratas nas montras?
O chefe lá no escritório é uma autentica ‘peçonha’, estamos a aturar o indigente é anos a fio, então nada melhor que mudar de empresa sem lhe passar cartucho. Ou, diria; melhor ainda; conseguir uma promoção, que nos coloque acima dele na hierarquia, ai sim, vai ser a vingança total, poder mandar o gajo apanhar betas na parada do elétrico da Graça para a Praça do Martim Moniz, lá bem no meio da malta que vem da China e dos Palops.
Nem acredito! Você vai suportar o ‘zé preguiça’ do seu chefe, só porque o tipo quando o Benfica ganha, aparece bem disposto no escritório á segunda-feira? Tenha dó, faça a sua vingança, e depois até tenha esperança que o “glorioso” perca muitas vezes, só para ver a “fucinheira” dele do tamanho da estatua do Marques de Pombal!
E a minha sogra. Há a ‘cobra’ anda a azucrinar-me a cabeça desde a véspera do casamento. Agora esta doente, e necessita de ser transportada para as consultas. Pois o carro passa a avariar sempre que é necessário, e que vá de táxi ou a pé, para ver se cura rápido a maleita, e a posso visitar no jardim do Alto de São João...
Tenha paciência, pois isto de ‘Sogra’ é algo do outro mundo. Entao você anda a aturar a sua á mais de 30 anos, e faz tudo o que ela manda, incluindo deixar de ver o futebol sempre que ela aparece para assistir á novela, e ainda por cima a leva a comer uns bolinhos á Havaneza da Graça. Eu nem acredito! Você não sabe mesmo que uma sogra boa, é aquela que podemos visitar só uma vez por ano, lá para as bandas do di de finados, para lhe levar umas flores?!
Mas vingança boa mesmo é poder evitar matar o vizinho do 16º - B, que estaciona o carro todos os dias, a bloquear o meu. A melhor forma de vingar essa obstrução auto é visitar a sua magnífica esposa, e dar-lhe uns conselhos de condução ao vivo, enquanto o “Fangio” anda a estacionar de propósito em cima dos passeios da Avenida 5 de Outubro, só para não pagar o parque subterrâneo, ou colocar a moedinha no papa ‘pilhas’ da EMEL. Enquanto ele brinca com os peões, fazendo quase o mesmo que faz comigo, e com a malta do prédio, eu aproveito para montar uns pneus novos na sua carroçaria caseira...
E no dia seguinte, até me posso dar ao luxo de pensar alto e bom som: “Vá ‘corno manso’ estaciona mal, vá estaciona mal... que ela já sabe estacionar bem o carro cá do vizinho na garagem...”
Agora é que eu fico mesmo a duvidar de si! Então o seu vizinho risca-lhe o carro; bloqueia todos os dias a sua saída da garagem, e você perde preciosos minutos a tentar resolver a situação, e ainda por cima ele tem uma esposa “boa como o milho” e que gosta de receber umas visitas da vizinhança, e você não aproveita para desfrutar um pouco? Eu nem acredito?! Das duas uma, ou você virou masoquista ou gay!
Vingança é algo que surge a cada minuto, e nem necessita de almofada para se meditar!
Eu, seja por causa do signo astrológico, seja pelo que for, adoro uma boa, e bem cozinhada vingança. E quanto mais elaborada e demorada no tempo, melhor, pois tal como as feijoadas fica sempre mais apurada...
Quanto a almofadas? Bom; eu cá prefiro mesmo as mais duras, e altas... Posso meditar melhor, e duvidar que se dúvida!...
Há! Já me esquecia, uma última recomendação:
Se decidir visitar a esposa do “Fangio” tente sempre bloquear a entrada do espaço de estacionamento dele, pois assim ele vai ficar tão irritado quando chegar, que você vai escutar no 16º – B o som da buzina do carro dele... pois é sempre bom duvidar!!!

‘João Massapina’

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