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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Misericórdiapara o frade em fraude

Dizem-me, agora, historiadores: Frei Miguel Contreiras nunca existiu. Era tido como fundador, em 1498, da Misericórdia, tendo influenciado a viúva de D. João II, a rainha D. Leonor de Lencastre, de quem era confessor. Pois confessor coisa nenhuma, não consta ninguém próximo da rainha com aquele nome. Nem, tão-pouco, houve um frade da Ordem da Santíssima Trindade assim chamado. O nome só aparece em 1574, quando a referida ordem estava em crise e lhe iam retirar conventos para os dar aos monges cartuxos. Numa tentativa de recuperar o prestígio, os trinitários inventaram o seu frade, dando como prova uma pintura com esta legenda: "FMI." Esse foi o fundo monetário dos trinitários, que diziam que aquilo significava "Frei Miguel Instituidor". Fundador (instituidor), pois, da Misericórdia. Ora, mais provavelmente, aquilo queria dizer tão-só "Fraternitatis Misericordiae Institutio" (Instituto da Irmandade da Misericórdia). E agora? Dizem- -me que o autocarro da Carris, carreira 727, que parte da Avenida das Descobertas, no Restelo, e atravessa Lisboa a caminho do Areeiro, pode cair num buraco negro: a penúltima paragem é lá, na Avenida Frei Miguel Contreiras. Pois eu digo: mantenham o nome. Chão mais português não pode haver.

“Ferreira Fernandes”

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