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quarta-feira, 19 de maio de 2010

Lei do Photoshop

A bem da verdade, ainda não é lei, mas já existe o Projeto tramitando em caráter conclusivo e não precisa ir a plenário para seguir para o Senado.
O pertinente Projeto de Lei propõe que se torne obrigatório o aviso da manipulação de imagens, através do processo photoshop. Vejam, pois, o alerta: “Atenção: imagem retocada para alterar a aparência física da pessoa retratada” (sic). A multa prevista é de R$ 50 mil.
Os exemplos abundam. É o caso da cantora Briteney Spear que veio a público divulgar uma foto bruta diferente daquela que havia sido publicada em que teve as coxas, manchas na pele, celulite, tatuagens e o quadril retocados.
Os resultados são impressionantes: bumbum empinado, abdome definido, pernas torneadas, seios esculpidos e outros fetiches mais. Como diz aquele colunista estonteado: “Uma loucuuuuura!”. E não adianta criticar as sortudas. E em tom pomposo e irônico, retrucam: “não é para quem quer, mas para quem pode”. E se persistir com a crítica, recorre àquela velha expressão folclórica: “vá queixar-se ao bispo!”.
O chato que essa prática não deixa de ser uma propaganda enganosa. A “photoshopada” (já virou verbo!) é, sim, enganação latente no processo de criação e veiculação de peças publicitárias. Típica zorra ideológica da modernidade do marketing visual.
Já para os profissionais que labutam no mundo publicitário: “É mais uma restrição exagerada que a publicidade vem sofrendo. Não é uma frase que vai mudar a manipulação das imagens. Qualquer obra é feita em cima da fantasias e da dramatização”. Como se vê: Tudo balela! Tudo conversa pra boi dormir.
Dias atrás, quando adentrei numa dessas lojas especializadas para revelar algumas fotos, presenciei um de seus empregados, diante do computador, segredando elogios (com voz de galã) no ouvido de uma jovem cliente: “Você é linda! Vou deixá-la ainda mais linda! Você vai ficar uma princesa!”. E ela toda sem jeito e envergonhada, leva mão ao rosto e responde: “Você tá falando sério?”. “Sim, tô”, diz ele. Mesmo sabendo que a figura não era lá uma “belezoca”.
Fiquei a monologar: Puxa vida! Com essa técnica de photoshop eu posso até me transformar num pop star hollywoodiano. Seus truques e seus efeitos especiais acabam sendo pródiga em vender “gato por lebre”, afirma o autor desse Projeto de Lei, o deputado Wlademir Costa (PMDB-PA), através do seu estilingue sarcástico.
Pois me parece, salvo melhor juízo didático, photoshop também é um mercado. Importante é que não seja prostituído.

LINCOLN CARTAXO DE LIRA

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