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quarta-feira, 16 de junho de 2010

Homem moderno tem traços de DNA de neandertais

Evolução humana

Os neandertais (Homo neanderthalensis) desapareceram há mais de 30 mil anos, mas isso não impediu que tivessem seu genoma sequenciado. A novidade é o destaque da edição da revista Science.
O sequenciamento, feito por um grupo internacional de cientistas a partir de DNA extraído de ossos com cerca de 40 mil anos, permitirá entender melhor a evolução humana.

DNA de neandertais no homem moderno

Uma evidência importante resultante do trabalho já está no próprio artigo que descreve o sequenciamento: a de que os neandertais cruzaram com os primeiros representantes do homem moderno.
O resultado do cruzamento é que pedaços do genoma do neandertal estão presentes nos genomas de grande parte da população mundial atual.
"Agora podemos dizer que houve troca de genes entre os neandertais e os humanos modernos", disse o primeiro autor do artigo, Richard Green, professor de engenharia biomolecular da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, nos Estados Unidos.
"A sequência genômica do neandertal permite que comecemos a definir todas as características de nosso genoma que são diferentes de nosso parente evolutivo mais próximo", disse Svante Pääbo, que coordena o Projeto do Genoma do Neandertal, que envolve um consórcio de instituições de pesquisa em diversos países na Europa e nos Estados Unidos.

Chimpanzé e neandertal

A comparação com os genomas do chimpanzé e do neandertal permitiu que os autores do estudo identificassem uma série de características genéticas únicas e exclusivas do homem moderno.
Genes envolvidos no desenvolvimento cognitivo, na estrutura do crânio, no metabolismo energético e na morfologia da pele estão entre aqueles destacados no estudo como tendo passado por importantes mudanças na evolução humana recente.
"Apenas arranhamos a superfície. O genoma do neandertal é uma mina de ouro de informações a respeito da evolução humana recente e será muito usado por muitos anos", disse Green.

DNA dos neandertais

Os neandertais coexistiram com o homem moderno na Europa durante milhares de anos e evidências fósseis levaram alguns cientistas a especular que teria ocorrido o cruzamento entre as espécies.
Mas o sequenciamento mostrou que há sinais de DNA de neandertal não apenas no genoma de europeus atuais, mas também em habitantes do leste da Ásia e até de Papua-Nova Guiné, onde os neandertais nunca viveram.
"O cenário não é o que a maioria imaginou. Encontramos o sinal genético dos neandertais em todos os genomas de não-africanos, o que implica que a mistura ocorreu muito cedo, provavelmente no Oriente Médio, e é compartilhada com todos os descendentes dos primeiros humanos que deixaram a África", disse Green.

Herança perdida

Mas os pesquisadores não encontraram evidência de algo geneticamente importante que o homem moderno tenha herdado do neandertal. "O sinal está distribuído esparsamente pelo genoma, como migalhas de pão que sinalizam algo que ocorreu no passado", disse.
O esboço da sequência do genoma do neandertal agora divulgado é composto de mais de 3 bilhões de nucleotídeos. A sequência foi derivada do DNA extraído de ossos encontrados na caverna Vindiga, na Croácia, com idades entre 38 mil e 44 mil anos.

30 milênios

Sequenciar o genoma do neandertal foi um trabalho muito complexo, uma vez que os ossos não estavam bem preservados e mais de 95% do DNA extraído era de bactérias e de outros organismos que colonizaram as amostras.
Ao analisar o genoma, os pesquisadores estimam que as populações ancestrais do neandertal e do homem moderno tenham divergido entre 270 mil e 440 mil anos atrás. A estimativa é que os cruzamentos entre as espécies tenham ocorrido entre 50 mil e 80 mil anos atrás.

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