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terça-feira, 10 de junho de 2008

ELOGIO E RECRIMINAÇÃO

Se uma guerra tem um desenlace infeliz, pergunta-se de quem é a “culpa”; se termina numa vitória, elogia-se o autor. Em toda a parte onde houver fracasso procuramos a culpa, pois o insucesso traz consigo um descontentamento, contra o qual empregamos involuntariamente um único remédio: uma nova excitação do sentimento de poder – e esta se encontra na condenação do “culpado”. Este culpado não é como poderíamos crer, o bode expiatório para a culpa dos outros: é a vitima dos fracos, dos humilhados, dos rebaixados que procuram um meio qualquer para provar que ainda têm força. Condenar-se a si mesmo pode ser também um meio de recuperar, depois do fracasso, um sentimento de força – Inversamente a glorificação do autor é muitas vezes o resultado totalmente cego de outro instinto que exige a sua vitima – e nesse caso, o sacrifício parece mesmo agradável e sedutor para a vitima: - isso ocorre quando o sentimento de poder de um povo, de uma sociedade, é culminado por um sucesso to grande e prodigioso que sobrevém uma fadiga da vitória e abandonamos uma parte do nosso orgulho: surge então um sentimento de abnegação que procura um objeto. – Quer sejamos elogiados ou recriminados, somos geralmente somente pretextos para nossos vizinhos e muitas vezes pretextos arbitrariamente agarrados pelos cabelos, para dar livre curso às necessidades de recriminação ou de elogio acumuladas neles: nos dois casos, dispensamos-lhes um beneficio para o qual nós não temos mérito e eles não têm reconhecimento.

‘Friedrich Nietzsche’

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