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quarta-feira, 4 de junho de 2008

IN HOC SIGNO VINCES!

Qualquer que seja o Grau de progresso que tenha alcançado a Europa em toda a parte, em matéria religiosa não atingiu ainda a ingenuidade liberal dos antigos brâmames, o que prova que na Índia, há quatro mil anos, se refletia e se transmitia aos descendentes mais prazer na reflexão do que nós hoje. De fato, esses brâmames acreditavam em primeiro lugar que os sacerdotes eram mais poderosos que os deuses e, em segundo lugar, que era nos costumes que residia o poder dos sacerdotes: é por isso que seus poetas não se cansavam de celebrar os costumes (súplicas, cerimônias, sacrifícios, cantos, melopéias) que consideravam como os verdadeiros distribuidores de todos os benefícios. Seja qual for o grau de superstição e de poesia que se misturem a isso, os princípios permanecem verdadeiros! Um passo a mais e os deuses seriam jogados de lado – o que a Europa deverá igualmente fazer um dia! Ainda outro passo e se poderia também dispensar os sacerdotes e os intermediários; veio o profeta que ensinava a religião da redenção por si mesma, Buda; - como a Europa está longe ainda deste grau de cultura! Quando finalmente todos os hábitos e costumes em que se apóia o poder dos deuses, dos sacerdotes e dos salvadores forem aniquilados, quando, portanto, a moral, no sentido antigo, tiver sido morta, então virá – o que virá exatamente então? Mas não procuremos adivinhar, procuremos antes a captar o que, na Índia, no meio desse povo de pensadores, foi considerado, há alguns milhares de anos, como o mandamento do pensamento! Há hoje talvez dez a vinte milhões de homens, entre os diferentes povos da Europa, que “não acreditam mais em Deus” – será demais desejar que eles se transformem em sinal? Desde que se reconheçam assim a eles próprios, far-se-ão conhecer também – serão imediatamente uma força na Europa e felizmente uma força entre os povos! Entre todas as classes! Entre os pobres e os ricos! Entre aqueles que mandam e aqueles que obedecem! Entre os inquietos e os pacíficos, os pacificadores por excelência!

‘Friedrich Nietzsche’

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